Serviço Social e Saúde: Um Estudo da Atuação Profissional junto aos Portadores de HIV e AIDS
Por: rita.cassia123 • 26/11/2019 • Projeto de pesquisa • 2.392 Palavras (10 Páginas) • 228 Visualizações
1 TEMA
O profissional do Serviço Social junto aos portadores de HIV/AIDS, atendidos em unidades de saúde do município de São Luís -MA.
2 JUSTIFICATIVA
A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) talvez tenha sido o mais assustador problema de saúde pública surgido nas últimas décadas do século passado. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, até 2016, cerca de 35 milhões de pessoas tinham morrido de AIDS e 36,7 milhões de pessoas viviam com a doença em todo o mundo (OPAS, 2017).
Este componente de extremo medo associado à doença se deveu não só aos seus terríveis sintomas (multiplicidade de doenças oportunistas, vômitos, queda de cabelos, aparência cadavérica), mas, sobretudo, ao estigma que, desde o seu surgimento, esteve associado à AIDS. Como se sabe, quando de seu aparecimento, a doença chegou a ser chamada de câncer gay e acreditava-se que estava, direta e unicamente, ligada aos homossexuais ou a qualquer pessoa envolvida com prostituição (BRITO; ROSA, 2018), o que, atualmente, sabe-se que não procede. Deste modo, as ações referentes ao enfrentamento da AIDS tiveram que ser orientadas em duas frentes: a descoberta do agente transmissor e o tratamento e, por outro lado, ações informativas, visando educar contra a segregação e o preconceito.
Com a identificação do vírus HIV (HumanImmunodeficiencyVírus), quase que simultaneamente, entre os anos de 1982 e 1984, pelas equipes dos pesquisadores Luc Montagnier (na França) e Robert Gallo e Jay Levy (nos EUA) (VARELA, 2018), rapidamente aconteceram avanços no tratamento da doença. Quase que imediatamente, foi feita a descrição do vírus como sendo um retrovírus que atua com base nas enzimas transcriptase reversa, integrase e protease, que se fundem ao RNA convertendo-o em DNA viral que passe a se replicar, atacando as células de defesa, os linfócitos T auxiliares (CD4), tornando o corpo cada vez mais debilitado e exposto aos mais variados tipos de doenças (CUNICO; GOMES; VELLASCO JÚNIOR, 2016).
O primeiro grande avanço no tratamento da AIDS aconteceu com o desenvolvimento do AZT e, posteriormente, do coquetel antiaids que combinava AZT e VIDEX, até chegar-se ao atual esquema de tratamento antirretroviral que combina dois inibidores da enzima transcriptase reversa e um da protease (FIOCRUZ, 2017). No Brasil, as pessoas com AIDS têm direito ao tratamento gratuito na rede pública e, da mesma forma, ao recebimento dos medicamentos (BRASIL, 1993). No entanto, percebe-se que os governos, tanto no Brasil quanto no mundo, não têm investido suficientemente em campanhas de prevenção e que tem havido certo descuido, sobretudo das novas gerações e dos idosos na prevenção.
Deste modo, cresce de importância o papel dos profissionais que atuam no âmbito, não só do tratamento, mas, igualmente, da educação para a prevenção desta doença, caso dos Assistentes Sociais. Assim, não obstante os avanços no tratamento da AIDS, mas tendo em vista a gravidade e a ainda grande desinformação, sobretudo entre os mais jovens e os mais idosos, sobre a doença é que se optou por este tema, entendendo ser de extrema importância o papel dos profissionais do Serviço Social, no atendimento às pessoas portadoras do vírus ou que já apresentam os sintomas da doença. A nosso ver, a investigação dos instrumentos e estrutura das condições de trabalho que têm estes profissionais para prestarem, especificamente, este atendimento, nos moldes como as normas o exigem, se coloca como um tema relevante e justifica a realização desta pesquisa.
3 PROBLEMATIZAÇÃO
O último Relatório da UNAIDS, divulgado em 2017, registrou um importante avanço no enfrentamento da AIDS, em termos mundiais. O relatório informa que as mortes causadas pela doença caíram pela metade, desde 2005. Isto, sem dúvida, é uma excelente notícia. Mas, ao mesmo tempo, o relatório confirma algumas situações que já vinham sendo detectadas. O relatório diz, por exemplo, que os jovens com idades entre 15 e 24 anos estão ficando para trás em praticamente todos os aspectos que envolvem o enfrentamento da AIDS (conhecimento sobre o HIV, testagem, tratamento e prevenção). Os dados do relatório informam que “cerca de 610.000 novas infecções por HIV ocorreram entre jovens de 15 a 24 anos” (UNAIDS, 2017, p. 4).
Além disto, o mesmo relatório demonstra que, em grande parte do mundo, os homens jovens não estão sendo alcançados pelas campanhas informativas de prevenção, de tal modo que menos de 50% deles sabem como se proteger e, ainda, que menos de 50% têm acesso à terapia antirretroviral e que, na sua maioria, os homens jovens vêm tendendo a ser diagnosticados com atraso e só começam a se tratar quando apresentam os sintomas da doença (UNAIDS 2017).
Ainda segundo o Relatório da UNAIDS, outro aspecto importante, no que se refere à resposta à AIDS no mundo que está aquém do desejado, diz respeito ao fato de que os recursos destinados ao seu enfrentamento seguem estagnados. De acordo com o relatório, o mínimo desejável para uma resposta à AIDS seria de 20 bilhões de dólares até 2020, mas que o máximo de recursos que vêm sendo disponibilizados em países e baixa e média renda está na casa dos 16 bilhões de dólares (UNAIDS, 2017).
Assim, a partir do relatório, o que se parece observar é que, passados os momentos mais dramáticos da epidemia, vem crescendo o descuido com a prevenção da doença entre as camadas mais jovens da população, notadamente entre os homens. E. da mesma forma que, passada a pressão das primeiras décadas, antes do surgimento dos tratamentos, muitos governos já não têm priorizado um volume adequado de recursos para o enfrentamento da AIDS.
No caso do Brasil, sabe-se que o país se notabilizou como uma das referências mundiais no enfrentamento à epidemia de AIDS, notadamente a partir da década de 1990. Isto se deve sobretudo ao fato de que o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, desde aquela época, prevê tratamento, com recursos públicos, para todos, a partir da confirmação dos testes laboratoriais CD4/CD8 (BRASIL, 1993). Assim, no que se refere especificamente ao Brasil, não obstante as várias lacunas constantes no Relatório UNAIDS, é possível constatar, por exemplo, que entre 2005 e 2016 a taxa de infecção pelo vírus não variou significativamente, mantendo-se na casa dos 0,24 a 0,25 por 1.000 pessoas. E, muito importante, que o número de mortes relacionadas à doença não avançou e, ainda, que o número das pessoas que tem conseguido se manter vivas e em tratamento cresceu de 490.00, em 2005, para 830.000, em 2016 (UNAIDS, 2017).
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