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Trabalho, ser social e ideologia: a partir da ontologia de Gyorgy Lukács

Por:   •  1/7/2021  •  Artigo  •  1.142 Palavras (5 Páginas)  •  262 Visualizações

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Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP [pic 1]

Instituto de Ciências Sociais Aplicadas – ICSA

Serviço Social – 3º período 20.1

Teoria social III e Serviço Social

Daniela Aparecida Caldeira – Matrícula: 19.1.3121

Trabalho, ser social e ideologia: a partir da ontologia de Gyorgy Lukács

INTRODUÇÃO

        O presente estudo visa apresentar uma análise teórica sobre os complexos de trabalho, ser social e ideologia a partir de uma abordagem ontológica seguindo o pensamento lukácsiano, principalmente nos estudos localizados em sua obra “Para uma ontologia do ser social” (2013), buscando traçar como se dão as constituições ideológicas, fundamentada pelo trabalho e argumentando que as contribuições lukácsianas são indispensáveis para o debate do ser. Lukács se inspira na teoria de Karl Marx, na qual diz que as categorias são formas do ser, o que remete o reconhecimento das categorias da realidade, a sua materialidade e os seus movimentos. Vai identificar três grandes estruturas que serão abordadas: o ser orgânico, o ser inorgânico e o ser social.

TRABALHO E SER SOCIAL

Segundo Lukács, a categoria do trabalho é a protoforma (a forma originária) do agir humano, compreende-se que o processo do trabalho se dá pela prévia concepção da capacidade do ser projetar a sua própria existência, entendida como faculdade teleológica.  Após essa ação é aplicada a força de trabalho em uma matéria prima, partindo-se do uso de instrumentos para a modificação do objeto, e por fim, diferencia-se então dos animais e da natureza, pois, por exemplo, os animais não projetam antes de realizar determinado trabalho, simplesmente o fazem dentro de sua própria necessidade.

A partir disso inaugura-se um novo tipo de existência na natureza, o ser social. Deste modo, o ser social se torna o terceiro tipo perceptível na natureza, de maior complexidade que o ser orgânico e o ser inorgânico, mas que mesmo assim não deixa de ser dependente destes.  Assim, o argumento para tal aproximação da realidade se reside no fato que “(…) o trabalho é então tomado como “protoforma” deste ser social, por ser o complexo que contém já em suas primeiras formas de existência, todas as determinações de caráter irrevogável. E, que, como pressupostos deste tipo de ser, o diferenciam dos seres orgânicos e inorgânicos.” (Lukács, 2013, p.62)

Lukács diz em sua obra que o que institui e destaca o humano das formas do orgânico e do ser inorgânico é essa categoria do trabalho, a forma especifica dessa atividade, na qual é uma atividade sensível, que é um metabolismo com a natureza, onde os animais também estão em interação metabólica com a natureza, e esse metabolismo é o que especifica a atividade como conscientemente orientada ou teleologicamente orientada a um fim.

A proposta nesta obra é analisar o complexo do trabalho, e o que é exatamente o trabalho? Lukács explica que em um primeiro momento onde o planejamento antecede e dirige a ação, denomina-se prévia-ideação. A prévia-ideação seria projetada na consciência, onde seria vista a consequência de tal ato antes de constituído na prática. Este momento da prévia-ideação é abstrato, mas tal fato, não impede que exerça um papel fundamental na determinação material da práxis social. Contudo, só é prévia-ideação se for objetivada, ou seja, se for feita na prática.

Para Lukács o trabalho é considerado o modelo de todas as práxis sociais, pois sua estrutura é fundante da forma do ser e se estende para todas as práxis e atividades humanas. A estrutura geral do trabalho se dá pelo pôr teleológico com base no conhecimento de um segmento da realidade com o propósito de modificá-la. Afirma Lukács (2013, p. 37):

Desse modo é enunciada a categoria ontológica central do trabalho: através dele realiza-se, no âmbito do ser material, um pôr teleológico enquanto surgimento de uma nova objetividade. Assim, o trabalho se torna o modelo de toda práxis social, na qual, com efeito – mesmo que através de mediações às vezes muito complexas –, sempre se realizam pores teleológicos, em ultima análise, de ordem material.

IDEOLOGIA DE LUKÁCS

Na ontologia de Lukács, há uma investigação sobre o complexo ideológico, onde se objetiva entender sua relação com a práxis humana, que leva os homens ao enfrentamento dos conflitos sociais presentes na vida cotidiana. São expressos por exemplo, na luta de classes, onde a classe trabalhadora luta pela apropriação do seu trabalho, pela melhoria das condições de trabalho, por condições dignas e redução da jornada, dentre outras. Ou seja, pela divisão social do trabalho, no qual os conflitos motivados pelas contradições da produção, a ideologia produz formas através das quais os homens se tornam conscientes a partir desses conflitos e neles se inserem mediante a luta. Marx tangencia esse problema em suas anotações para A ideologia alemã (Lukács, 2013, p. 132):

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