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Fator abiótico – Temperatura X Seleção de conchas de gastrópodes por ermitões.

Por:   •  19/1/2016  •  Projeto de pesquisa  •  1.888 Palavras (8 Páginas)  •  451 Visualizações

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Fator abiótico – Temperatura X Seleção de conchas de gastrópodes por ermitões.

Alexandra Mello Bastos da Costa

Introdução:

Este trabalho visa conhecer um pouco mais da relação entre os anomuros  e conchas de moluscos. Os ermitões são classificados como crustáceos, estes, invertebrados marinhos mais diversificados e dispersos entre todos os oceanos do mundo (BRUSCA & BRUSCA, 1990). Os crustáceos possuem importância ecológica no ambiente, fazem a junção entre os produtores dos oceanos (fitoplâncton) e os consumidores. Há indivíduos, estes quando planctônicos, remineralizadores do sedimento, carnívoros e detritívoros quando bentônicos. Ocupando papel fundamental nas cadeias alimentares marinhas.

Existem mais de 67.000 espécies de crustáceos descritas atualmente, contudo acredita-se que um número de espécies 5 a 10 vezes maior ainda aguarda o descobrimento (BRUSCA & BRUSCA, 2003). Muitos destes animais estão presentes em ambiente marinhos, mas existem também muitas espécies encontradas em águas doce e alguns semi-terrestres ou terrestres.

Dentro deste Subfilo distingue-se a Classe Malacostraca, um grupo expressivo e bem-sucedido, que representa cerca de metade dos crustáceos conhecidos (RUPPERT et al., 2005), onde encontra-se a Ordem Stomatopoda e a Ordem Decapoda.

A Ordem Decapoda conta com aproximadamente 13.000 espécies descritas. Dentro deste grupo estão os camarões (Dendrobranchiata, Caridea, Stenopodidea), lagostas (Palinura), paguros (Anomura) e siris e caranguejos (Brachyura). Segundo Ruppert et al. (2005), em decorrência de seu grande tamanho, abundância, importância ecológica e econômica, os decápodos são os crustáceos que foram estudados mais detalhadamente.

Dentre os crustáceos, a infraordem Anomura, possui mais de 1400 espécies, sendo mais de 800 dessas representadas pelos ermitões (HAZLETT, 1981).  Os anomuros são muito semelhantes a caranguejos, porém esses apresentam, diferentemente, o 5º par de periópodos reduzidos, em alguns casos localizados sob a carapaça ou dirigidos para o dorso (MELLO, 1999). São reconhecidas quatro superfamílias para Anomuros: Galatheoidea, Lomoidea, Hippoidea e Paguroidea (McLAUGHLIN, 1983). Esta última dividida em seis famílias bem distintas uma das outras.

Os ermitões conhecidos como caranguejos-da-concha, são crustáceos que se adaptaram a ocupação de conchas vazias de moluscos gastrópodes, condição esta adquirida devido à falta de calcificação do exoesqueleto abdominal.

Habitam desde os mares polares até os tropicais e as regiões supratidares até as abissais (McLAUGHLIN, 1983), sendo encontrdos em estuários, baías e enseadas. As espécies de ermitões registradas mundialmente (HAZLETT, 1981) encontra-se distribuída em 6 gêneros e seis famílias, sendo 12 espécies semi-terrestres e o restante marinha. No Brasil existem 46 espécies de ermitões registradas. 

Sabemos que a associação entre os ermitões e as conchas é bastante específica. Na maioria das espécies, a metamorfose do estágio larval ao adulto envolve alterações na simetria do indivíduo, relacionadas à ocupação de conchas (Gandolfi, 1996; Sant’Anna et al., 2006). Os ermitões conseguem carregar suas conchas devido à torção de seu abdômen, que associada à presença de urópodos modificados, possibilita ao animal prender-se à columela das conchas (Narchi, 1973).

As conchas são um recurso essencial para a sobrevivência dos ermitões, sua seleção pode ser determinada pela disponibilidade no ambiente e por características estruturais, como tamanho, peso, forma da abertura, ornamentações externas e arquitetura, que potencializam a proteção contra predação (e também dessecação, no caso de espécies que utilizam o mesolitoral) e minimizem os custos energéticos de transporte para os ermitões (Vance, 1972; Bertness e Cunnigham, 1981; Osorno et al., 1998; Oba et al., 2008).

Conhecer a funcionalidade da concha é importante para entender os por quês da escolha por tais microambientes. Porém além desses fatores biológicos há ainda fatores como a resposta comportamental dos ermitões e a disponibilidade de conchas, pois a coexistência de espécies de ermitão pode expô-los a interações competitivas, resultando assim em um uso diferencial tanto de microambientes, como de conchas (Turra e Denadai, 2002; Mantelatto et al., 2004; Sant’Anna et al., 2006; Oba et al., 2008).

Acreditasse que os fatores biológicos influenciem em demasia a escolha da concha, porém sabemos que o animal vive em um ambiente que sofre alterações. Para isso é fundamental que o mesmo esteja adaptado. Na natureza o ambiente varia, por diversas razões, como por exemplo, as mudanças das estações do ano. Os ermitões, como outros seres vivos, sofrem com essas alterações. Seria viável afirmar que a seleção de conchas também sofre com essas mudanças, ou até mesmo, estas mudanças naturais, pode em determinadas épocas, influenciar de maneira absurdamente superior, a ponto de serem as determinantes na escolha da concha?

O principal foco deste trabalho é avaliar a importância do fator abiótico, temperatura, na escolha da concha de moluscos pelos ermitões, em. Visto que já se sabe que a morfologia do anomuro é de suma importância para a eventual escolha do microambiente.

Ermitões terrestres, que vivem na região entremarés, enfrentam condições extremas de exposição ao ar e sol. Para se proteger, retraem-se na concha e mantêm um microclima úmido que possibilita a manutenção da temperatura corporal e o controle das taxas de evaporação e dessecação (Reese, 1969). As conchas constituem um recurso limitante e necessário para a sobrevivência dos ermitões, que por sua vez vivem em constante competição e busca por conchas mais adequadas (Vance, 1972 a,b).

De fato a temperatura interfere na vida destes pequenos crustáceos, assim, percebemos que a concha é utilizada não apenas para proteção, mas também para melhorar a vida no ambiente. Assim sendo, esta pesquisa tem como hipótese que, sim, a temperatura ambiental pode de alguma forma influenciar na escolha, ou até mesmo na troca, da concha pelos ermitões.

Justificativa:

Sabe-se que os caranguejos-concha apresentam forte relação ecológica com seu habitat, hoje vemos as conseqüências do aumento da temperatura em várias partes do mundo.

Ter consciência que a temperatura pode influências na vida desses animais é não só importante para confirmar real dependência do meio ambiente para sua sobrevivência, mas também confirmar a forte influência dos fatores abióticos no modo de vida dos ermitões. Como estes animais vivem sobre os costões rochosos e estes sofrem aumento de temperatura, devido a forte incidência dos raios solares, acaba ocorrendo por conseqüência o aumento da temperatura dessas águas.

Entendendo essa relação, podemos confirmar ou não se a ação antrópica esta intervindo na ecologia desses caranguejos-concha.

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