O Levantamento de Repteis
Por: Marjota21 • 14/9/2021 • Artigo • 4.120 Palavras (17 Páginas) • 166 Visualizações
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS [pic 1]
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS
DIRETORIA DE PROTEÇÃO À FAUNA
GERÊNCIA DE USO E MANEJO DE FAUNA SILVESTRE
ANEXO XVIII
Métodos de Levantamento de Répteis
Informações Gerais
Os répteis são animais que possuem em comum a ectotermia (capacidade de utilizar fontes externas de calor para regular a temperatura corporal) e a pele recoberta por escamas. Esse grupo inclui (lagartos, serpentes, anfisbenas, quelônios e jacarés).
Existem cerca de 744 espécies de répteis no Brasil: 702 Squamata (386 serpentes, 248 lagartos, 68 anfisbenídeos), 6 crocodilianos e 36 quelônios (Bérnils; Costa, 2012). O Cerrado e Mata Atlântica têm mais de 60 espécies de lagartos e anfisbenídeos, a diversidade de serpentes também é alta, 117 espécies no Cerrado e 134 na Mata Atlântica e chegam a quase 60 as espécies de lagartos endêmicas desses biomas (RODRIGUES, 2005).
Apesar da alta diversidade de espécies no Brasil, as informações sobre répteis ainda são preliminares. Os dados sobre a fauna reptiliana em Minas Gerais são pontuais e revelam carência de informações sobre esse grupo, principalmente em regiões de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado (SOUSA et al., 2010).
Devido à diversidade de habitats ocupados pelos répteis, as diferentes fitofisionomias devem ser amostradas utilizando-se variados métodos de captura. O esforço de captura deve ser proporcional ao estágio de regeneração da área e a riqueza do bioma amostrado.
Metodologias
Devido à variação sazonal das atividades de répteis, idealmente, as coletas devem ser feitas em diversas estações do ano. Na área a ser amostrada poderão ser mensuradas as seguintes variáveis ambientais: umidade do ar, temperatura (ar, solo e água), precipitação pluviométrica, tipo de solo e abertura do dossel. A eficiência das técnicas de captura depende da composição da fauna a ser amostrada, do período de coleta e dos recursos financeiros.
Os répteis geralmente são fixados em formol 10% e preservados em álcool 70%. A extração de alíquotas de tecidos para análises moleculares é feita, em geral, através da retirada de escamas ou de partes do músculo femoral, no caso de lagartos. As amostras devem ser preservadas em álcool absoluto (100%) e mantidas em freezer.
Captura e contenção física
A captura pode ser manual, com auxílio de equipamentos ou por meio de armadilhas, seguindo as particularidades das espécies ou comunidades alvos do estudo, devendo ser posicionadas em locais e horários de acordo com a biologia da espécie ou comunidade. Lembrando-se que sua revisão deve ser efetuada no menor tempo possível, considerando a temperatura e insolação local, buscando reduzir o estresse e sofrimento do animal, devendo-se observar os tempos para revisão das armadilhas (PORTARIA CFBIO 148/2012).
Os equipamentos utilizados para a contenção física de répteis dependem da idade, peso e forma física dos animais manejados. A seguir alguns dos equipamentos mais utilizados:
- Gancho: Para contenção de serpentes. É um cabo de madeira ou ferro e em uma de suas extremidades possui uma haste de ferro na forma de “L” ou de “C”.
- Pinças: Também utilizadas no manejo de serpentes. É uma haste com uma pinça articulada na ponta acionada por gatilho para a contenção das mesmas.
- Laço de Lutz: Formado por um cabo de madeira com uma tira de couro ou tecido resistente que pode ser movimentado para a contenção física de serpentes na região da cabeça das mesmas;
- Bastão bifurcado: Bastão que possui em uma de suas extremidades uma bifurcação tipo forquilha, para conter a cabeça dos répteis e em seguida manuseá-los com as mãos;
- Luvas de raspas de couro: Para a proteção das mãos do manipulador, na contenção direta de um animal em associação a outro equipamento de contenção física. Lembrando-se que o uso de luvas diminui a sensibilidade das mãos ao manipular o animal, devendo ter-se cuidado para não sufocar o animal e não deixá-lo fugir;
- Tubos de PVC: Utilizados de diferentes diâmetros para a contenção de serpentes. O diâmetro do tubo deve ser de acordo com o tamanho da serpente para evitar que ela vire a cabeça ou volte o corpo para trás;
- Puçás: É um cabo de madeira ou de ferro que possui em uma de suas extremidades um aro de metal, que sustenta uma rede de corda ou saco de pano fechado, onde o animal ficará contido;
- Cambões: Utilizado para a contenção de lagartos e jacarés de pequeno e médio porte. Constitui-se em um cabo que tem em sua extremidade um laço para conter o animal, que pode ser afrouxado ou apertado. Deve ser utilizado por pessoas experientes, para evitar traumatismos nos animais.
Na contenção das serpentes peçonhentas deve-se manuseá-las com bastante cautela. A contenção física com o laço de Lutz oferece maior segurança ao técnico permitindo a realização de pequenos procedimentos. Fraturas e luxações podem ocorrer se a contenção física não for feita de maneira correta. Nunca se deve sustentar o peso do corpo do animal apenas pela cabeça.
Para a contenção de lagartos, pode-se lançar sobre o animal uma toalha molhada, esperar que ele se acalme e em seguida, capturá-lo pela base do pescoço e cintura pélvica, deixando os membros posteriores para trás. Nunca segurar um lagarto pela cauda, pois ela pode desprender-se como mecanismo de defesa.
Já cágados e jabutis, não apresentam grande dificuldade de captura e manuseio, contudo algumas espécies podem infligir mordidas graves. Quando um jabuti recolhe seus membros, o manipulador deve ter o cuidado de não deixar seus dedos presos entre o membro locomotor e a carapaça. Em geral estes animais possuem bico córneo forte que podem provocar lesões durante a manipulação. A contenção de animais jovens pode ser feita segurando-se os membros anteriores junto ao casco. Isso evita a movimentação do animal e mantém as mãos do manipulador a uma distância segura do bico. As tartarugas não devem ser erguidas pelas nadadeiras para evitar luxação e fratura.
O método de captura de crocodilianos é feito aplicando o cambão ao redor do pescoço (região torácica e axilar de um dos membros anteriores), mantendo-o sempre tracionado. Em um segundo momento, deve ser colocado um pano molhado nos olhos do animal, fazendo com que fique mais. Percorre-se uma das mãos sobre as costas do animal, chegando até a cabeça. Esta deve ser pressionada contra o chão para que a boca fique fechada. A imobilização deve ser então realizada por forte pressão manual no focinho, sentando-se sobre o animal. A partir desse momento, com o auxílio de tiras circulares de borracha ou fita isolante (que é preferível pelos pesquisadores), a boca é mantida imobilizada com segurança. Os crocodilianos perdem calor pela mucosa oral, e dessa forma, é importante deixar algo como um cabo de vassoura atravessado na boca, para evitar hipertemia em manejos demorados ou em dias muito quentes.
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