Resenha - Macunaíma Contra a Rainha Vermelha
Por: Eduardo Borges Khabalah • 14/7/2016 • Resenha • 562 Palavras (3 Páginas) • 863 Visualizações
Rios,Ricardo Iglesias -O funcionamento dos ecossistemas: a natureza é macunaímica
Neste texto o autor reporta a experiência vivida pelo mesmo, onde este envia o artigo: Macunaíma contra a Rainha Vermelha, que compara o mundo dos livros Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho, de Lewis Carroll, com o mundo do livro Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade, para uma revista brasileira de divulgação científica afim de ser avaliado por cientistas, sendo posteriormente considerado inadequado para a publicação. O autor faz uma crítica a questão de que a atividade científica tem um componente social citando que sansões são feitas pela comunidade de cientistas para analisar trabalhos científicos antes de serem publicados como dito por Thomas Kuhn, argumentando que essa fórmula tem um custo: a não-publicação de alguns trabalhos de boa qualidade que tenham inovações que esbarram em algum paradigma estabelecido. Após o episódio por ter gostado muito da obra aceita publicá-la, com algumas pequenas mudanças em relação ao texto original, que diz não alterar os defeitos apontados pelos juízes e nos apresenta sua obra MACUNAÍMA, O HERÓI SEM NENHUM CARÁTER, CONTRA A RAINHA VERMELHA (a volta).
Através de uma linguagem bastante acessível o texto começa fazendo uma breve introdução a antiga visão de neutralidade da ciência, argumenta que a visão indutivista está muito presente e não é imune à influência da cultura que cada homem carrega consigo, a considera ingênua e afirma que teoria precede à observação.
Utiliza questão formulada pelo filósofo chinês Chuang Tzu para discutir a influência cultural transcrevendo uma de suas histórias. Após esta chega a parte que discute a origem do texto explicando um pouco sobre Macunaíma argumentando que o personagem está muito próximo do homem ideal de Chuang Tzu apresentado na história transcrita.
Põe de frente os 2 mundos apresentados nas obras que ele relaciona observando que são dois mundos diferentes, discutindo diversos aspectos de cada um deles desde a riqueza na diversidade de espécies retratadas em cada uma das obras até diferença entre o clima das regiões das duas histórias e da carga cultural de cada uma delas.
Por fim ele afirma que ‘’a competição não parece ser um grande protagonista, não parece ser o ator principal no teatro ecológico da vida’’ afirmando estar supervalorizado quanto a sua importância , nos apresentando uma visão revolucionária onde diz que é o momento de pensar em uma mudança de paradigmas e afirma a sua defesa a ideia de que os ecossistemas naturais funcionam o mais devagar que podem onde ecossistemas naturais possuem mecanismos que evitam o funcionamento acelerado afirmando que ‘’natureza é macunaímica’’ , e as interações positivas dentro dos ecossistemas como a simbiose, a cooperação e o mutualismo não podem ser ignoradas pela teoria ecológica.
É um ótimo artigo que nos faz pensar questões que muitas vezes deixamos passar despercebidas, desperta a fome por conhecimento para poder opinar e apresentar e rebater as teorias, o que afinal, tem que ser possível em toda teoria científica, a possibilidade de serem testadas e falseadas, paradigmas pode e devem sim, serem mudados, por que métodos e visões diferentes podem vir pra melhorar e aprimorar a ciência.
A dinâmica tão extensa da natureza com certeza tem espaço para mais interações nos ecossistemas do que a competição, e devia ser repensada abrangendo mais delas como a simbiose, a cooperação e o mutualismo.
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