História da evolução tática do Futebol Brasileiro
Por: Pedro Enrique França • 5/1/2017 • Artigo • 1.457 Palavras (6 Páginas) • 381 Visualizações
História da evolução Tática do Futebol Brasileiro
May 18th, 2006
O Brasil estabeleceu uma verdadeira supremacia nas copas do Mundo de 1958 e 1962, em função da individualidade técnica acompanhada de muita criatividade, o que deixava oculta qualquer forma de organização tática. Em 1966 presenciaríamos a primeira variação tática dos tempos modernos para o futebol. Alguns países Europeus tais como Alemanha e Inglaterra, resolveram neutralizar a habilidade técnica brasileira estabelecendo a marcação individual (homem a homem) e taticamente aplicando o futebol direto – bolas longas em contra-ataque, se valendo da força física e velocidade de seus atacantes.
1970, seria o ano em que o Brasil além de contar com a habilidade individual de seus jogadores, implementaria um dos mais bem sucedidos esquemas táticos que se seguiu até os dias de hoje. Zagallo sempre jogou como ponta esquerda no tradicional 4-3-3, mas sempre voltando para ajudar na organização do meio de campo. Para a Copa do México, como técnico, ele estabeleceria o falso ponta esquerda. Rivelino faria esta função, voltando ao meio, levando consigo o lateral e abrindo espaço para a penetração de Tostão naquele setor, forçando um dos centrais a acompanhá-lo deixando a zona central, apenas com um defensor. Aquele espaço seria utilizado por Pelé e Jairzinho que vinham de trás com velocidade e em situação de 2v2, tornando-se os artilheiros da competição. O Brasil atacaria pela esquerda com passes curtos e precisos e pela direita usariam a velocidade de Pelé e Jairzinho, com Gerson fazendo a inversão rápida de lado com passes longos. Zagallo estava criando a primeira variação do sistema de 4-3-3 para 4-4-2 com o falso ponta esquerda. O Brasil ganhou a Copa do mundo de 1970 jogando um futebol ofensivo e com uma organização tática eficiente, aliado à qualidade técnica e condicionamento físico.
O Brasil não teve uma participação muito eficiente na copa de 1974, pois foi surpreendido pela alta pressão do carrossel holandês.
Apenas antes da Copa do Mundo na Argentina, em 1978, que Claudio Coutinho tornou-se técnico do time brasileiro. Coutinho havia vivenciado uma grande experiência com Zagallo em 1970. Ele acreditava que poderia corrigir o problema encontrado em 1974. Introduziu o meio-campo vindo de trás e também à passagem mais constante dos laterais para o ataque. Coutinho aplicou o mesmo sistema tático que Zagallo utilizou em 1970, com Eder voltando ao meio-campo pela esquerda, abrindo espaço para Reinaldo penetrar no espaço ou com a inversão de lado para Roberto Dinamite penetrar pela direita.
Coutinho estaria introduzindo o 4-4-2, mantendo os dois atacantes mais fechados para a livre passagem dos laterais. Com este meio-campo extra ele poderia equilibrar o controle do meios-campos contra os holandeses.
O Brasil deixou a Copa em 3º lugar sem perder um jogo, mostrando uma movimentação eficiente com e sem a bola. Coutinho foi criticado pela imprensa brasileira que dizia que ele estava se concentrando demais nas táticas, deste modo restringindo a criatividade e eficácia dos melhores jogadores do mundo. Ele mudou totalmente a mentalidade do país e criou uma filosofia de jogo muito eficaz. Coutinho faleceu em 1979. O país e o mundo perderam um dos melhores estrategistas táticos de todos os tempos.
O 4-4-2 com a passagem dos laterais para o ataque se tornaria um dos esquemas táticos exclusivos e mais utilizados do futebol brasileiro.
Em 1982, Tele Santana assumiu o cargo de técnico brasileiro e fez um grande trabalho jogando o 4-4-2. A maior variação do sistema de 1978 era a definição de dois meias (direita e esquerda) e dois volantes em linha (Chamado de 4-4-2 em quadrado).
Os dois volantes (Falcão e Toninho Cerezzo) jogavam em linha com a mesma função ofensiva e defensiva, com um apoiando ofensivamente e o outro ficando para cobrir a saída dos meias ou a passagem dos laterais. O meio de campo Brasileiro era extremamente técnico, inteligente e ofensivo. O Brasil jogou um futebol muito empolgante e agressivo, porém como disse Tele Santana: “O time jogou para marcar gols, infelizmente acidentes acontecem e nós perdemos, mas a comunidade do futebol mundial sabe que o Brasil foi o melhor time na competição”. Infelizmente, foi eliminado pela a Itália na semifinal, onde a mesma consagrou-se campeã do mundo. Esse sistema tornou-se um dos mais aplicados em todo o mundo e ainda é muito utilizado no Brasil pela maioria dos clubes profissionais e a seleção nacional.
Foi na Copa do mundo de 1994 que o sistema 4-4-2 com a penetração constante dos laterais tornou-se um estilo atraente ao resto do mundo. Carlos Alberto Parreira, que tinha trabalhado como preparador físico e assistente técnico de muitas seleções nacionais brasileiras em outras Copas do Mundo, utilizaria o mesmo sistema 4-4-2, mas com Dunga livre para apoiar e Mauro Silva fazendo o papel de volante defensivo, cobrindo a passagem dos laterais. O esquema tático foi jogar mais organizado defensivamente, procurando os espaços abertos para rápidos contra-ataques. O Brasil precisava vencer uma Copa do Mundo, pois não o fazia desde 1970. Muitos países empregaram o mesmo sistema 4-4-2 durante a competição. O Brasil explorava o espaço criado pela utilização de apenas dois atacantes – Romário teria a função de receber a bola no ataque e segurá-la de costas para o gol adversário, dando tempo para que o meio campo e a defesa se aproximassem do ataque, aumentando o número de jogadores no setor ofensivo. Bebeto penetraria pelas laterais recebendo a bola em diagonal ofensiva para finalização. Romário receberia a bola girando o corpo quando estivesse em situação de 1v1. O Brasil não aplicou um esquema tático tão ofensivo, mas jogou organizado taticamente para garantir a 4ª Copa do mundo.
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