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Possibilidades Pedagógicas para o Ensino do Tchoukball na Escola

Por:   •  28/3/2019  •  Artigo  •  1.727 Palavras (7 Páginas)  •  742 Visualizações

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Possibilidades pedagógicas para o ensino do tchoukball na escola

Márcio Florentino de Oliveira

Felipe Heitor Guimarães Reis

Fazendo uma breve análise das aulas de Educação Física nas escolas que tivemos acesso em nossa graduação, percebe-se uma tendência a priorizar o esporte visando o rendimento e a técnica, sendo os alunos obrigados a entender as regras e técnicas como obrigatórias (Neves,2006), tornando as aulas para a minoria habilidosa, fazendo com que sejam excluídos, uma grande parte dos alunos que não conseguem se adaptar a essas imposições por parte de professores que possuem um modelo esportivo adquiridos na formação acadêmica visando a formação de atletas (Daolio, 1995).

A maioria dos cursos de formação de professores de Educação Física mais antigos preparava os alunos para o ensino do esporte. Nas décadas de 1980 e 1990 a Educação Física passou por transformações (Andrade,2006; Betti,1995), sendo que o discurso acadêmico foi intensificado, renovando a prática pedagógica sob outras perspectivas.

O esporte não deve ser banido das aulas de Educação Física, mas deve ser entendido como uma manifestação cultural (Oliveira,2006). O aluno tem o direito de conhecer todas as possibilidades que a Educação Física oferece.

Embora o professor tenha conhecimento desse papel da Educação Física que é o de não excluir os alunos, mas sim, “proporcionar oportunidades a todos os alunos de praticarem atividades físicas de acordo com seus interesses e compreendendo o seu significado”. (Daolio, 2006, p.76: Neves,2006). As estratégias escolhidas pelo professor deve favorecer a inclusão, sendo discutidos, perpetrando uma reflexão dos alunos, fazendo com que compreendem a prática pedagógica do professor (Darido,2005).

Depois de termos contextualizado os problemas que abarcam as aulas de educação física nas escolas que estivemos presentes, decidimos implantar um novo tipo de esporte pouco conhecido aqui no Brasil: o tchoukball. Essa nova proposta traçada no 1° semestre de 2010 em conjunto com meus colegas de estágio, onde obtivemos uma ótima aceitação por parte dos alunos de uma escola pública de São João del-Rei,  fez com que enxergássemos várias possibilidades de juntos com os alunos, mudar o senso comum sobre olhar deles para com a educação física e as suas aulas.

O tchoukball surgiu das reflexões e pesquisas do doutor Hermann Brandt, um médico suíço nascido em Genebra. Pois, no início da década de 1960 este médico cuidou de muitos atletas que se lesionavam na prática de esporte e essas lesões eram, em sua maioria, provenientes de agressões dos adversários. Segundo Brandt, os esportes não devem produzir campeões, mas contribuir para a construção de uma sociedade humana digna. Para isso, ele criou esse esporte, que seria uma mistura de pelota basca (esporte popular no País Basco, Espanha, mas praticamente desconhecido no Brasil), handebol e voleibol.

O nome desta modalidade faz alusão ao som produzido pelo contato da bola com o quadro de remissão. Este quadro é parecido com uma cama elástica virada para a quadra. Pela ausência do contato físico entre os participantes, essa modalidade é conhecida como o “esporte da paz”.  Brandt quebrou alguns paradigmas, como não permitir o contato físico entre os jogadores, não estabelece divisão do território de ataque e defesa, não é permitido roubar ou interceptar a bola do adversário, sendo que a defesa sempre consiste em tentar recuperar a bola após um arremesso da equipe adversária e para que um ponto seja concretizado é preciso que após um arremesso, a bola toque no quadro de remissão que funciona como um meio para conseguir os pontos, ou seja, o alvo passa a ser a quadra toda, pois se pode arremessar em qualquer um dos dois quadros disponíveis.

Em cada aula que observamos em nosso estágio, aconteciam momentos de discussão com os alunos, a fim de propor alterações nas regras que promovessem o esporte, construindo e entendendo assim as regras do esporte de forma coletiva e reflexiva (Neves,2006). Com isso, após eles jogarem respeitando as regras oficiais, fizemos em conjunto com os alunos uma modificação que tornou o jogo muito mais dinâmico, que foi a possibilidade de interceptação do passe sem que tocasse no adversário. Este momento de discussão a respeito do jogo, também ocorria quando sem querer havia contato entre os jogadores, a fim de não descaracterizar por completo o jogo.

O que dificulta a presença desta modalidade na escola são os materiais, bem como a falta de criatividade do professor em adaptar suas aulas, pois eles são considerados não convencionais por não serem materiais de fácil acesso, Moreira (2006) concorda com essa afirmação quando diz que “o professor deve utilizar de todos os meios possíveis e imagináveis para conduzir sua aula”. Acreditamos que quanto mais instrumentos (equipamentos), mais se retêm a atenção do aluno para a aula, cabendo também ao professor realizar algumas adaptações de materiais, quando estes não estão dispostos na escola. O tchoukball pode ser adaptado na tabela de basquete, como também cavaletes de madeira, sendo materiais alternativos de baixo custo.

As regras:

O tchoukball é composto por doze regras:

  1. O campo de jogo: o jogo é disputado em uma área de 40x20m com duas áreas próximas às linhas de fundo, com formato semi-circular de 3m de raio, nas quais é proibido pisar. Ou também pode haver uma adaptação de acordo com a disponibilidade de espaço.
  2. O quadro: os tamanhos do quadro e da rede e a inclinação destes em relação ao solo devem respeitar as medidas da FITB. A rede deve estar totalmente esticada e o quadro, preso ao chão.
  3. A bola: deve ser redonda, com uma bexiga de borracha e coberta com couro (bola de handebol).
  4. Os jogadores: cada equipe deve ter no máximo 12 jogadores, sendo nove titulares e três reservas. Substituições devem ocorrer em frente ao marcador, e só são permitidas se um ponto for marcado. Os jogadores devem estar uniformizados e numerados (os números devem ser de 5 a 20).
  5. Os árbitros: três árbitros e um marcador administram a partida.
  6. A duração das partidas: cada partida é disputada em três períodos de quinze minutos (doze para feminino e juvenil). Após o apito final, todas as ações se invalidam (ainda que a bola esteja em movimento pelo ar).
  7. Faltas: tocar a bola com a perna, bater mais de três vezes na bola, segurar a bola por mais de três segundos, obstruir o movimento do adversário e entrar na área proibida com a bola são algumas das ações que acarretam marcação de faltas.
  8. Marcação de pontos: uma equipe marca um ponto se a bola batida ao quadro volta e bate na perna de um adversário, no chão ou num adversário que perde o controle dela. Uma equipe concede um ponto à adversária se, entre outros, o jogador mira o quadro e erra, a bola bate no quadro e volta dentro da área proibida, fora da área de jogo ou no corpo do próprio jogador ou o jogador entra na área proibida para pegar a bola.
  9. Início e reinício do jogo: o time que inicia a partida é definido por sorteio. No segundo período, a outra equipe inicia. No terceiro, quem inicia é a equipe que estiver perdendo ou, em caso de empate, a mesma que iniciou o primeiro período. A cada ponto, a equipe que o sofreu reinicia o jogo, atrás da linha de fundo e ao lado do quadro em que o ponto foi marcado (ambos os quadros podem ser usados pelas duas equipes).
  10. Retorno faltoso: um retorno faltoso ocorre se a bola bate na armação de metal do quadro ou quando a bola não respeita o movimento esperado, de acordo com a forma com que o lançamento foi feito. Se a equipe adversária consegue segurar um retorno faltoso, o jogo continua. Caso contrário, o jogo para e a equipe defensora cobra um tiro livre direto no local onde a bola caiu.
  11. Comportamento perante os adversários, os árbitros e o público: os jogadores devem respeitar a Cartilha do Tchoukball. Em caso de violação, recebe um cartão amarelo do árbitro, que pode expulsar o jogador.

A Federação Internacional de Tchoukball criou uma cartilha com a conduta que deve ser seguida por todos os jogadores. É baseada em três pontos:

  1. O jogo exclui qualquer esforço por prestígio, seja pessoal ou coletivo.
  2. O jogo requer dedicação total.
  3. O jogo é antes um exercício social que uma atividade física.

Soluções para falta de espaços,quantidade de jogadores e duração dos jogos:

 

Tamanho do Terreno 

Numero de jogadores 

Duração de jogo

1a. Solução 

40 x 20 m 

9 jogadores/equipe 

Homens: 3 x 15 minutos  

Mulher/Mistos: 3 x 12 minutos

2a. Solução 

20 x 12 m

7jogadores/equipe 

Um jogador dá o ponto para equipe adversa se:

  1. Ele errar o quadro no momento do arremesso;
  2. Ele faz a bola cair fora do terreno de jogo após a finalização;
  3. Ele finaliza e a bola no seu retorno do quadro de remissão, rebate sobre ele mesmo;
  4. Ele ao finalizar erradamente faz com que a bola caia dentro da zona proibida (área), antes ou depois do arremesso.

As Faltas:


Um jogador comete falta quando:

  1. Ele deloca-se driblando com a bola no chão ou no ar;
  2. Ele efetua mais de 03 (três), passes com a posse bola;
  3. Ele joga com os membros inferiores, isto é, abaixo do nível da cintura;
  4. Ele faz o quarto passe em favor de sua equipe;
  5. Ele entra em contato com o solo fora do limites do terreno de jogo ou da zona proíbida (área), de posse da bola;
  6. Ele deixa a bola cair no ato de um passe ou recepção;
  7. Ele intercepta volutáriamente ( ou não), um passe da outra equipe;
  8. Ele pega a bola depois da finalização de um companheiro de equipe;
  9. Ele obstrui o deslocamento do adversário ou a livre trajetória da bola quando esta está sobre a posse do adversário.

As faltas deverão ser cobradas no local onde aconteceram ou onde a bola caiu. Sendo que deverá ser concretizado um passe antes da finalização ou dos demais passes permitidos pela regra do jogo.

Quando a bola toca na borda do quadro de remissão e sua trajetória natural é modificada. O ponto não é contado, tratando-se de uma falta e o jogo é retomado no local onde a bola caiu. A mesma passa para a posse da equipe que defendia no memento da ação litigiosa.

Em um jogo bipolar "02 (dois), quadros de remissão", não é permitido mais de 03 (três), consecutivos sobre o mesmo quadro.

A reposição da bola não é contada como passe e é feita atrás da linha de fundo, ao lado do quadro onde foi marcado o ponto. Sendo efetuada pela equipe que sofreu o ponto.

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