EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E OS SEUS EFEITOS À SAÚDE DO TRABALHADOR – UMA REVISÃO DA LITERATURA
Por: joelaraujo74 • 19/5/2017 • Monografia • 10.632 Palavras (43 Páginas) • 336 Visualizações
FACULDADE SÃO CAMILO
Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho
Luana Aquino Duarte
EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E OS SEUS EFEITOS À SAÚDE DO TRABALHADOR – UMA REVISÃO DA LITERATURA
Reflexões acerca dos desafios impostos pelas dinâmicas do trabalho no campo
Belo Horizonte
2011
Luana Aquino Duarte
EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E OS SEUS EFEITOS À SAÚDE DO TRABALHADOR – UMA REVISÃO DA LITERATURA
Reflexões acerca dos desafios impostos pelas dinâmicas do trabalho no campo
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho da Faculdade São Camilo, orientado por Ademilton Bernardes dos Santos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem do Trabalho.
Belo Horizonte
2011
RESUMO
A necessidade de maximizar a terra pode ter incentivado o uso intensivo de agrotóxicos. A sua utilização constitui um grave problema de saúde pública e ambiental e tem sido associada a uma série de efeitos, incluindo diferentes tipos de câncer (leucemia, linfoma, mieloma múltiplo, sarcomas, cérebro, colo uterino, pulmão, próstata, ovário, mama, cólon, estômago, fígado e testículos), doenças respiratórias, doenças do sistema nervoso (polineuropatia, Parkinson e demência), além do comprometimento da reprodução (esterilidade masculina, aborto espontâneo, morte fetal, parto prematuro, retardo de crescimento e malformações congênitas). A investigação epidemiológica desses problemas não é fácil por uma série de razões: a sua frequência (baixa com relação aos problemas neurológicos e câncer), detecção de infertilidade, problemas de definição (como distúrbios do sistema nervoso e problemas de comportamento), a latência, desconhecida em muitos casos, e a magnitude da associação (risco relativo). Aliadas a essas circunstâncias há uma série de outros motivos que impedem uma investigação: quem os utiliza, muitas vezes, pertence a um nível socioeducativo mais baixo e a existência do trabalho temporário, o que dificulta o acompanhamento populacional. Diante do exposto, este trabalho teve por objetivo revisar a literatura sobre a associação entre as doenças relacionadas com a exposição ambiental aos agrotóxicos e os efeitos adversos à saúde do trabalhador.
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Palavras-chave: agrotóxicos, saúde ocupacional, sinais e sintomas relacionados à exposição.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
2 JUSTIFICATIVA 8
3 OBJETIVOS 11
3.1 Objetivo geral 11
3.2 Objetivos específicos 11
4 METODOLOGIA 12
5 RESULTADOS 14
5.1 Alterações neurológicas, dérmicas e cognitivas 16
5.2 Câncer 26
5.3 Infertilidade 28
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS 32
1 INTRODUÇÃO
Os agrotóxicos constituem uma fonte de exposição e de risco para a saúde dos trabalhadores agrícolas, especialmente, em países como o Brasil, já que a agricultura é uma importante fonte de trabalho formal e informal. Entretanto, é importante ressaltar que esses compostos representam uma ferramenta essencial na agricultura mundial no controle de pragas, por isso, não é uma tarefa fácil proibir a sua utilização. A utilização desses produtos no setor da agricultura é muito comum e a aplicação das normas de segurança e consciência do risco por parte da população ativa é deficiente (AMBROSINI; WITT, 2000; FARIA, 2004).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO/WHO, 2009), considera-se um pesticida ou inseticida qualquer substância utilizada para combater pragas agrícolas durante a produção, processamento de alimentos ou qualquer substância que possa ser usada pela aplicação em animais domésticos para destruir insetos e aracnídeos, incluindo herbicidas, fungicidas, raticidas, reguladores de crescimento vegetal, não incluindo os fertilizantes.
No Brasil, o Decreto 4.074 define pesticidas[1] como “os produtos e os componentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso no setor de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento” (BRASIL, 2002).
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA (BRASIL, 1998), a classificação mais utilizada é feita de acordo com o grupo químico a que pertencem e o tipo de ação (natureza da praga controlada). Essa forma de classificação é importante, pois é útil para o diagnóstico das intoxicações e para a adoção de tratamento específico.
Sá e Crestana (2004) esclareceram que a classificação dos agrotóxicos inclui, em geral, de acordo com a sua ação específica, os inseticidas, acaricidas (compostos utilizados no combate de ácaros diversos), fungicidas, nematicidas, desinfetantes e fumigantes em geral (compostos utilizados na ação de combate a insetos e bactérias), herbicidas, reguladores de crescimento vegetal e produtos correlatos, molusquicidas (compostos utilizados na ação de combate a moluscos, basicamente, contra o caramujo da esquistossomose), raticidas (compostos utilizados no combate de roedores), específicos para pós-colheita e sementes, os protetores de madeira, fibras e derivados, vários pesticidas específicos.
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