Sindrome de Burnout

 SÍNDROME DE BURNOUT: ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DE ENFERMEIROS – REVISÃO DE LITERATURA

Viviane Pereira Fernandes^[1]

RESUMO

A denominação Síndrome de Burnout indica uma doença caracterizada pelo estresse psicológico e físico gerado no ambiente de trabalho. O presente estudo objetivou analisar a diferença entre Síndrome de Burnout e estresse, destacando de que formas a doença pode afetar os profissionais da área da saúde, mais precisamente os enfermeiros. Para isso, realizamos revisão de literatura, ressaltando as análises encontradas em pesquisas que enfocaram suas principais características, sintomas e métodos de prevenção.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout; estresse; esgotamento profissional.

ABSTRACT

The burnout syndrome designation indicates a disease characterized by psychological and physical stress generated in the workplace. This study aimed to analyze the difference between burnout syndrome and stress, pointing out how the disease can affect the health professionals, specifically nurses. For this, we conducted a literature review, highlighting the analysis found in research that focused on its main characteristics, symptoms and prevention methods.

Keywords: Burnout syndrome; stress; burnout

INTRODUÇÃO

O trabalho deve ser um lugar de realização, de valorização e de reconhecimento profissional e pessoal, sendo a busca do prazer uma constante para todos os trabalhadores na direção de manter o seu equilíbrio (WISNER, 2001. p.14). No entanto, situações nas quais os profissionais são submetidos às grandes pressões ou que envolvam, por exemplo, medo e rancor exacerbados colaboram para o aparecimento de outros sentimentos como a angústia, o desânimo e a insegurança, evoluindo assim para quadros depressivos ou de estresse, que podem causar um grande desconforto e desgaste no âmbito do trabalho (MASLACH & LEITER,1999).

Além de influenciar o estado psicológico, esses sentimentos podem levar a manifestações físicas como: fadiga crônica, dores de cabeça frequentes, insônia, hipertensão arterial, desordens cardíacas e gastrintestinais, queda intensa de cabelo, alteração de ciclo menstrual, ganho ou perda de peso, respiração acelerada e fora do comum, vertigem, leve tontura, palpitação, falta de ar, entre outras (CURIEL-GARCÍA, 2006 p. 223).

Analisar as possíveis associações entre essas manifestações de estresse ocupacional e comportamento dos profissionais da saúde, especificamente dos enfermeiros, permitirá estabelecer relações com questões determinantes nos casos de insatisfação, erros, acidentes de trabalho, entre outros problemas que prejudicam o atendimento ao paciente e o convívio com os demais profissionais da área. Ainda que inicialmente mediante um levantamento de revisão bibliográfica.

1. SÍNDROME DE BURNOUT E OS ENFERMEIROS

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o estresse pode ser considerado uma epidemia global, de tal modo que a preocupação com suas causas e efeitos no ambiente de trabalho não reflete apenas as condições de vulnerabilidade dos profissionais brasileiros, mas dimensiona uma problemática mundial. O estresse possui definições distintas, que abrem a possibilidade de diferentes interpretações. Consideramos que o estresse caracteriza-se por modificações físicas e mentais do indivíduo, sendo um processo temporário de adaptação podendo ser de forma positiva ou negativa (JACQUE, 2002). Já o burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse sempre de forma negativa e ocorre quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes (JACQUE, 2002).

Burnout é um termo bastante antigo. É uma metáfora para significar aquilo ou aquele, que chegou ao seu limite e, por falta de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental (BENEVIDES-PEREIRA, 2002 p. 21).

A Síndrome de Burnout deu origem após estudos sobre o estresse, ou seja, burnout é a resposta de fatores crônicos de estresse ligados diretamente ao emocional e a relação interpessoal e multiprofissional no ambiente de trabalho (BORGES, et al.,2002).

Existe uma grande incidência da Síndrome de Burnout em profissionais da área da saúde, principalmente entre os enfermeiros, pois estes profissionais ficam em contato direto com os pacientes, ajudando em todas suas necessidades, tanto físicas, mentais e emocionais, o que aumenta as chances de exaustão do profissional (BENEVIDES-PEREIRA, 2002).

As principais características da síndrome de burnout, segundo Benevides-Pereira (2002) são:

a) Exaustão Emocional: Ocorre quando o indivíduo percebe não ter mais força e energia que o seu trabalho requer.

b) Despersonalização: Apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da carga emocional derivada do contato direto com o outro. O profissional age com cinismo, rigidez ou até mesmo ignora outra pessoa.

c) Reduzida Realização Profissional: Ocorre na sensação de insatisfação que a pessoa passa a ter com ela própria e com a execução de seus trabalhos, derivando daí, sentimentos de incompetência e baixa autoestima.

Os sintomas dessa síndrome podem ser divididos em quatro categorias:

a) Físicos: Sensação de fadiga constante e progressiva; distúrbios do sono; dores musculares; no pescoço; ombro e dorso; perturbações gastrointestinais; baixa resistência imunológica; astenia; cansaço intenso; cefaléias; transtornos cardiovasculares.

b) Psíquicos: diminuição da memória; falta de atenção e concentração; diminuição da capacidade de tomar decisões; fixações de idéias e obsessão por determinados problemas; idéias fantasiosas ou delírios de perseguição; sentimento de alienação e impotência; labilidade emocional; impaciência.

c) Emocionais: desânimo; perda de entusiasmo e alegria; ansiedade; depressão; irritação; pessimismo; baixa alta estima.

d) Comportamentais: isolamento; perda de interesse pelo trabalho ou lazer; comportamento menos flexível; perda de iniciativa; lentidão no desempenho das funções; absenteísmo; aumento do consumo de bebidas alcoólicas; fumo e até mesmo drogas; incremento da agressividade (MASLACH & LEITER,1999).

É possível prevenir o Burnout, mas apenas o conhecimento não é suficiente para resolver o problema. Segundo Maslach e Leiter (1999), o Burnout precisa de programas de ações preventivas, de preferência pensados de forma individual, uma vez que cada profissional que apresenta a síndrome possui características diferentes. Ainda, os programas apresentam três níveis diferentes podendo ser: