CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS NOS PACIENTES DIABÉTICOS SUBMETIDOS Á CIRURGIA DE AMPUTAÇÃO EM MEMBRO INFERIOR
Por: Uyara Larice • 30/3/2016 • Artigo • 4.919 Palavras (20 Páginas) • 848 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS-UNILESTE
Curso de Fisioterapia
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS NOS PACIENTES DIABÉTICOS SUBMETIDOS Á CIRURGIA DE AMPUTAÇÃO EM MEMBRO INFERIOR
UYARA LARICE BARBOSA
IPATINGA – MG
2°/2014
INTRODUÇÃO
Atualmente, o Diabetes mellitus (DM), tem se tornado um grande problema de saúde mundial, por ser uma doença crônica, e ainda por apresentar diversas complicações, caso não seja controlado, como por exemplo, a neuropatia e consequentemente o pé diabético, que são as principais causas de hospitalizações prolongadas nesses pacientes e por ser responsável por uma fração importante de amputações de membros inferiores. (SOUZA, 2008., MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006., OLIVEIRA, et al., 2008).
Segundo Paiva (2004), a probabilidade que um diabético tem para ser submetido a alguma intervenção cirúrgica durante a sua vida é muito superior à da restante população, particularmente se considerarmos os fatores cardiovasculares e predisponentes para amputação. As grandes dificuldades dos pacientes diabéticos são a perda de sensibilidade, dor e dormência em membros inferiores, caracterizando a neuropatia, que acomete os nervos sensitivos, motores e autônomos, provocando desequilíbrio e atrofia muscular, fazendo com que haja deformidades nos pés, aumentando os riscos de se desenvolverem úlceras, tendendo á uma má cicatrização e á infecção (CARVALHO, COLTRO e FERREIRA, 2010).
Segundo Andrade et al (2013), os pacientes diabéticos apresentam altos índices de mortalidade e morbidades, não em decorrência do aparecimento de lesões crônicas, mas ao fato de serem susceptíveis a infecções. De acordo com os estudos de Isaac et al (2010), todo o processo de cicatrização haverá um controle bioquímico, mediado pelos polipeptídeos, chamados fatores de crescimento, que serão liberados em cada fase de reparo. Em indivíduos portadores de diabetes essas fases podem sofrer alterações, sendo necessárias outras intervenções para o auxílio do processo de cicatrização que pode estar comprometido, devido a processos infecciosos na lesão, ou alterações metabólicas relacionadas à diabetes.
O paciente diabético deve ser acompanhado com maior atenção e cuidados, uma vez que a cicatrização tecidual progride lentamente, devido á uma série de eventos, como por exemplo o estreitamento das artérias e arteríolas, a redução da distribuição de oxido nítrico, a produção excessiva de espécies reativas e oxidantes no organismo, bem como a diminuição de queratinócitos e fibroblastos na camada basal durante um processo reparador.( LIMA e ARAÚJO, 2013., CARVALHO, 2010., CARVALHO, COLTRO E FERREIRA, 2010., ANDRADE et al. 2013).
DEFINIÇÃO, INCIDÊNCIA E COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS
Define-se DM, segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2014, p.5), como:
Não uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum à hiperglicemia, a qual é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas.
De acordo com a caracterização dos distúrbios metabólicos, o DM é subdividido em classes: tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM2), gestacional e outros tipos específicos de diabetes. O DM1 é determinado por autoimunidade ou por razão idiopática, onde ocorre a destruição das células betapancreáticas, produtoras de insulina, com consequente deficiência completa deste hormônio. No DM2 existe a produção de insulina, porém instalam-se defeitos na ação ou na secreção de insulina, forma presente em cerca de 90% dos casos, nos quais se acredita ser resultado da interação de diversos fatores causais, sendo mais comum após os 40 anos. Os outros tipos específicos de DM são os defeitos identificáveis causadores da doença, que incluem infecções, alterações e síndromes genéticas, doenças do pâncreas, indução por uso de medicamentos. Já o DM gestacional ocorre entre 1 a 14% das gestações, gerando uma intolerância à glicose, ou glicemia alterada, com início durante a gestação. Sendo que esta hiperglicemia complica cerca de 7% das gestações no Brasil (DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014).
Na atualidade, o DM é um grande problema mundial no âmbito da saúde, por ser uma doença crônica não transmissível com elevada morbidade e mortalidade (SOUZA, 2008). No mundo, estima-se que existem cerca de 246 milhões de pessoas que convivem com diabetes, segundo o International Diabetes Federetion (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2011).
Um quadro de diabetes mal controlado, associado ao próprio decorrer da doença, aumenta a probabilidade da ocorrência de complicações, dentre elas, a neuropatia periférica, alterações vasculares, retinopatia e desenvolvimento de úlceras nos pés (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Apesar de não ser a principal complicação do DM, a neuropatia e consequentemente o pé diabético, merecem destaque por estar relacionado à maior causa de hospitalizações prolongadas nesses pacientes e por ser responsável por uma fração importante de amputações de membros inferiores, resultando em considerável número de incapacidades, invalidez, aposentadoria precoce e mortes evitáveis. É considerada a principal complicação as doenças cardiovasculares, pois é a mais importante causa de mortalidade nesse grupo (OLIVEIRA et al., 2008).
AMPUTAÇÕES NO INDIVÍDUO DIABÉTICO
O impacto epidemiológico que DM produz é expresso nas crescentes taxas de morbidade e mortalidade e nas consequentes sequelas de incapacidade, como a cegueira, a retinopatia diabética, a insuficiência renal terminal e as amputações de extremidades inferiores (GAMBA et al., 2004). Matheus e Pinho (2006) destacam a relevância do diabetes no cenário mundial por ser responsável pela metade das amputações classificadas como não traumáticas.
Os problemas circulatórios são uma complicação comum, que representam risco adicional de aparecimento de úlceras nos pés, considerada a causa de 85% de todas as amputações de membros não traumáticas (Consenso Internacional Sobre Pé Diabético, 2001). Os doentes diabéticos têm um risco 15 vezes maior de serem submetidos a amputações de membros inferiores do que os que não têm tal distúrbio metabólico (NUNES et al., 2006).
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