O Perfil sintomatológico em indivíduos com HIV/AIDS em um setor de fisioterapia
Por: Jhenifferoli • 7/3/2018 • Resenha • 905 Palavras (4 Páginas) • 402 Visualizações
Perfil sintomatológico em indivíduos com HIV/AIDS em um setor de fisioterapia
Os avanços na terapia e o aumento da expectativa de vida fazem necessárias novas formas de abordagens para prevenção e assistência dessa população. As manifestações clínicas do HIV tem relação com o estado físico e emocional do paciente, são infecções oportunistas, malignidades secundárias, manifestações cardiovasculares e neurológicas (especialmente degeneração do sistema nervoso central), além dos distúrbios clínicos ou funcionais, dislipidemia, lipodistrofia, diabetes mellitus tipo II, acidose láctica, depressão, atrofia muscular e incapacidade; essas são as chamadas imunopatogêneses da AIDS.
A fisioterapia é fundamental para manutenção da capacidade física e funcional desses pacientes, no entanto a atuação desse profissional na promoção de saúde dos infectados ainda é pouco reconhecida. Este estudo teve como objetivo identificar o perfil clínico desses pacientes e o tratamento usado do Departamento de Fisioterapia em um Centro de Referência Especializado.
Foi feito um estudo descritivo com abordagem quantitativa, com138 indivíduos registrados no departamento de fisioterapia de 2009 a 2013. A coleta dos dados foi feita através de um banco de dados e o tratamento foi o tratamento padrão oferecido. As variáveis extraídas foram: gênero, grupo etário, situação de trabalho, característica clínica e tratamento da doença, TAR utilizada, tempo de diagnóstico médico, tipo de comorbidade, gravides, nível de CD4, carga viral, queixa principal, tônus muscular, paresia, dor, presença de deformidades, órteses usadas, distúrbios respiratórios, participou de sessões de fisioterapia antes e quantas sessões foram feitas.
Com base nessas variáveis os resultados encontrados foram: maioria mulheres, os homens só procuravam o serviço ao apresentarem sintomas fortes, ou seja, apenas procuravam as práticas de cura e não uma terapia preventiva, diferente das mulheres que consideraram a prevenção e o tratamento imediato obrigatórios. A idade média de 35 anos, 34% empregados e 30% desempregados e mais de 90% não alegaram não praticar atividade física. Com relação a terapia anti-retroviral, quase 80% fizeram uso, mais da metade tiveram seu diagnóstico fechado de 4 a 10 anos quando procuraram o serviço de fisioterapia, mais de 80% apresentou comorbidades sendo a mais comum entre elas a toxoplasmose cerebral. Sobre o estado imunológico cerca de 60% apresentou nível de CD4 > 350 e carga viral < 50, menos de 5% estavam grávidas.
Os sintomas físicos também foram investigados, foi encontrada uma prevalência de hemiparesia, as alterações de tônus foram identificadas em 26% dos usuários, sendo a maioria hipertônica. Poucos alegaram presença de deformidades, menos de 20% relataram já ter participado de uma sessão de fisioterapia antes e também nesta mesma porcentagem estavam os que apresentaram uso de dispositivo auxiliar de marcha na primeira avaliação. A maioria negou ter apresentado distúrbios respiratórios. A quantidade de sessões foi maior em pacientes que apresentaram sequelas de toxoplasmose cerebral e a menor adesão ao tratamento foi encontrada nos pacientes com sífilis, os pacientes com diabetes também tiveram um valor baixo.
O uso do TAR trouxe melhoria nos resultados clínicos, controle da progressão da doença, redução da taxa de mortalidade, além de reduzir o risco de transmissão do vírus devido a melhora no sistema imunológico. Esse aumento na expectativa desse indivíduo, no entanto não diminui as diferenças metabólicas e funcionais que tem um efeito sobre esses indivíduos.
Os pacientes podem sofrer com os efeitos colaterais da terapia, que no entanto podem ter relação com fatores ambientais e genéticos, estes efeitos colaterais são: dislipidemia, resistência à insulina, aumento do risco cardiovascular, aumento da gordura intra-abdominal, perda de gordura periférica, doenças neurológicas. Além da fadiga, náuseas, vômitos, diarréia e lipodistrofia. Estes sintomas levam o paciente a abandonar o tratamento o que resulta em aumento da carga viral no sangue e diminuição no CD4, o que os torna mais suscetíveis a comorbidades. Isso também é um risco para o surgimento de novas cepas do vírus resistentes ao tratamento, o que leva a necessidade de combinação de medicações que podem levar a maiores comprometimentos e menos adesão dos indivíduos, levando a um ciclo vicioso.
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