A Patologia Pulmonar
Por: luizfcordeiro • 6/5/2015 • Resenha • 3.374 Palavras (14 Páginas) • 570 Visualizações
Pulmão
Resumo – Patologia dos sistemas de órgãos
Robbins
Patologia
A importância da doença pulmonar na perspectiva global na patologia e na medicina clínica não pode ser subestimada. A infecção respiratória primária, como bronquite ou pneumonia, é frequente na prática clínica e patológica. Nesses dias de tabagismo, poluição do ar e presença de outros inalantes ambientais, a bronquite crônica e o enfisema têm-se exacerbado. Em homens, a malignidade nos pulmões cresceu de forma mantida, mas agora atingiu um platô e no futuro espera-e um declínio. Infelizmente, como cada vez mais mulheres estão fumando, a malignidade pulmonar na mulher tem-se tornado mais comum, superada apenas pelo câncer de mama. Tanto em homens como em mulheres, essa é a malignidade visceral letal mais comum. Além disso, os pulmões são secundariamente envolvidos em quase todas as formas de doença terminal, de modo que um certo grau de edema pulmonar, atelectasia ou bronco-pneumonia está presente virtualmente em todo paciente terminal. Nesse capítulo sobre os pulmões, serão enfatizadas as doenças primárias que afetam esse importante órgão.
Anomalias congênitas
Os defeitos no desenvolvimento dos pulmões incluem:
- Agenesia ou hipo-plasia de ambos os pulmões, um pulmão ou simples lobos.
- Anomalias traqueais ou brônquicas (atresia, estenose, fístula tráqueo-esofágica).
- Anomalias vasculares.
- Hiper-insuflação lobar congênita (enfisema).
- Cistos do intestino anterior.
- Mal-formação congênita das vias aéreas pulmonares.
- Sequestrações pulmonares.
Apenas as anomalias mais comuns serão discutidas. Hipo-plasia pulmonar é o desenvolvimento defeituoso de ambos os pulmões (um pode ser mais afetado que outro), resultando em diminuição de peso, volume e ácinos em comparação com o peso corpora e a idade gestacional. É uma anomalia comum, observada em 10% das autópsias neonatais, e é mais frequentemente secundária a lesões em massa que ocupam espaço físico no útero, oligoidramnio ou movimentos respiratórios fetais deficientes, como há hérnia diafragmática congênita, doença renal cística, agenesia renal, ruptura prematura prolongada das membranas fetais e anencefalia.
Cistos do intestino anterior representam um desprendimento do intestino anterior primitivo frequentemente localizado no hilo e mediastino médio. Dependendo da estrutura da parede, esses ceistos são classificados como broncogênicos (mais comuns), esofagianos ou cistos entéricos. Um cisto broncogênico raramente está conectado á árvore tráqueo-brônquica. É encontrado em crianças e adultos jovens como um achado acidental ou com sintomas relacionados com efeito de massa ou infecção secundária. Seu tamanho varia de 1 a 4cm de diâmetro, mas pode ser maior em pacientes mais velhos. Microscopicamente, o cisto é revestido por epitélio colunar pseudo-estratificado, ocorrendo metaplasia escamosa nas áreas de inflamação. A parede contém glândulas brônquicas, cartilagem e músculo liso. A ressecção cirúrgica é curativa.
A mal-formação congênita da via aérea pulmonar (CPAM) é uma lesão hamartosa do pulmão, com incidência de aproximadamente 1 em cada 5000 nascidos vivos. Com base nas características clínicas e patológicas, as mal-formações podem ser divididas em cinco tipos. CPAM tipo 1 é a mais comum com cistos grandes e bom prognóstico. CPAM tipo 2, com cistos de tamanho médio, muitas vezes têm um prognóstico ruim devido a sua frequente associação a outras anomalias significativas. Os outros tipos são raros.
A sequestração pulmonar se refere á presença de nítida massa de tecido pulmonar sem qualquer conexão normal com o sistema de vias aéreas. O suplemento sanguíneo para as áreas sequestradas não se origina das artérias pulmonares, mas da aorta e dos seus ramos. As sequestrações extra-lobulares se localizam fora do pulmão e podem ser encontradas em qualquer local do tórax ou mediastino. Estão presentes com maior frequência em lactentes, na forma de lesões maciças anormais, poendo estar associados a outras anomalias congênitas. As sequestrações intra-lobulares são encontradas dentro da substância pulmonar e usualmente estão associados á infecção localizada ou bronquiectasias. Apesar de ser óbvio que uma pequena porcentagem desses é de origem congênita, é provável que a vasta maioria seja adquirida por lesões formadas de episódios repetidos de pneumonia.
Atelectasia (colapso)
A atelectasia se refere tanto á expansão incompleta dos pulmões (atelectasia neonatal) ou ao colapso de um pulmão previamente insuflado, produzindo áreas de ausência de ar no parênquima pulmonar. Atelectasia adquirida, encontrada principalmente em adultos, pode ser dividida em atelectasia por re-absorção (ou obstrução), compressão e atelectasia por contração.
A atelectasia de reabsorção é a consequência da obstrução completa das vias aéreas, a qual com o tempo conduz para a reabsorção do oxigênio aprisionado no alvéolo dependente, sem dano ao fluxo sanguíneo através das paredes alveolares afetadas. Quando o volume pulmonar está diminuído, o mediastino desloca-s em direção ao pulmão atelectasiado. A atelectasia por reabsorção é causada principalmente por excesso de secreção (e.g., rolha mucosa) ou exsudato dentro do brônquio menor e por isso mais frequentemente é encontrada na asma brônquica, nas bronquiectasias, nos estados pós-operatórios e na aspiração de corpo estranho. Apesar de as neoplasias brônquicas poderem causar atelectasia, na maioria das vezes causam obstrução sub-total e produzem enfisema localizado.
A atelectasia compressiva ocorre quando a cavidade pleural é parcial ou completamente preenchida com exsudato, tumor, sangue ou ar (o último mencionado constitui o pneumo-tórax, ou pneumo-tórax hiper-tensivo, quando a pressão do ar encontrado ameaça a função do pulmão e mediastino, especialmente em grandes vasos). A atelectasia compressiva é mais frequentemente encontrada em pacientes com insuficiência cardíaca que desenvolvem derrames pleurais e pacientes com derrames neoplásicos dentro das cavidades pleurais. Similarmente, a elevação anormal do diafragma, como a que se segue em decorrência de peritonites ou abscessos sub-diafragmáticos ou que ocorre em pacientes seriamente enfermos em pós-operatórios, induzindo á atelectasia basal. Com atelectasia compressiva, o mediastino desloca-se para longe do pulmão afetado. Atelectasia por contração ocorre quando fibrose local ou generalizada impede o pulmão ou pleura de total expansão.
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