A Saúde e seus indices
Por: Renata Silva • 4/6/2018 • Trabalho acadêmico • 1.441 Palavras (6 Páginas) • 274 Visualizações
A Saúde e seus Índices
BUSS, Paulo Marchiori; FILHO, Alberto Pellegrini. A Saúde e seus Determinantes Sociais
PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):77-93, 2007
Paulo Marchiori Buss, coordenador da Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde e Alberto Pellegrini Filho, coordenador da Secretaria Técnica da CNDSS, em seu texto “A Saúde e seus Determinantes Sociais” procura explorar as relações entre saúde e determinantes sociais, além de buscar possibilidades de intervenções para o combate às injustiças de saúde geradas pelos DSS.
Existem várias concepções do que são Determinantes Sociais da Saúde. Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde, os DSS englobam os fatores econômicos, culturais, étnicos/raciais e psicosociais que influenciam nos fatores de risco da população. Para a OMS, são apenas as condições sociais nas quais as pessoas trabalham e vivem. Porém, Tarlov apresenta, finalmente, um conceito bastante resumido, em que define os DSS como “as características sociais dentro das quais a vida transcorre”.
O consenso da importância dos DSS na situação da saúde foi sendo criado ao longo da história e entre os vários paradigmas explicativos para os problemas de saúde, em meados do século XIX, prevalecia a teoria miasmática. Essa teoria respondia às essenciais mudanças sociais e práticas de saúde vistas no âmbito da urbanização e industrialização daquele momento.
Através de bacteriologistas como Koch e Pasteur, no final do século XIX é afirmado outro paradigma para explicar o processo saúde-doença. A criação da Universidade Johns Hopkins nos Estados Unidos, primeira escola de saúde pública, é um um exemplo desse processo de hegemonia do chamado “paradigma bacteriológico”. Com a criação da Hopkins, o conceito de saúde pública focada ao controle de doenças específicas e fundamentado na bacteriologia predominou.
Em relação às iniquidades em saúde, o autor cita Nancy Adler, a qual identifica três gerações de estudos sobre elas. A primeira geração relata as relações entre saúde e pobreza; a segunda, os gradientes de saúde segundo alguns critérios de estratificação social e econômica; a terceira dedica-se a responder uma pergunta: “como a estratificação econômico-social consegue “entrar” no corpo humano?”.
O principal desafio desses estudos é formar uma hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais e as intervenções desses fatores na situação de saúde grupais e pessoais, uma vez que a relação de causa-efeito não é determinante.
Existem também, várias abordagens sobre os mecanismos por trás dos DSS que geram iniquidades de saúde. A primeira, privilegia “aspectos físicos-materiais” na formação da doença e da saúde, acreditando que as diferenças de renda, por exemplo, influenciam a saúde por as pessoas haverem poucos recursos. O segundo está relacionado com os “fatores psicossociais”, ligando com a situação de saúde através do conceito de que as experiências de pessoas em sociedades desiguais provocam estresse. Já os enfoques “ecossociais” e “multiníveis” integram as abordagens individuais/grupais, sociais/biológicas em uma visão histórica, ecológica e dinâmica. Por último, há também os enfoques que analisam as relações entre a saúde das populações, as condições desiguais de vida e os vínculos entre indivíduos e grupos.
Existem vários modelos que buscam esquematizar as relações entre os diversos fatores estudados com esses enfoques. Um dos modelos é o de Dahlgren e Whitehead, que coloca os DSS em diferentes camadas, de camadas mais próximas dos determinantes individuais a uma camada mais distal perto dos macrodeterminantes. Porém, esse modelo não busca explicar detalhadamente as relações e mediações dos diversos níveis e a origem das iniquidades.
Diderichsen, Evans e Whiteheas adaptaram o modelo de Diderichsen e Hallqvist para mostrar a estratificação social causada pelo contexto sociais, e conclui que posições sociais diferentes geram também diferenças de saúde. Os diversos mecanismos sociais determinam a posição social do indivíduo na sociedade, essas diferenças sociais também determinam o risco que podem causar danos a saúde, a vulnerabilidade a doenças, as decorrências sociais e físicas após contraída a doença. Assim pode-se entender por “consequências sociais” o impacto que a doença causa em determinada situação socioeconômica.
As intervenções sobre os determinantes sociais da saúde
O modelo de Dahlgren e Whiteherad e o de Diderichsen possibilita intervenções politicas para mudar o quadro de diferenças de DSS. O modelo de Dahlgren e Whitehead fala no primeiro nível que o estilo de vida e o comportamento do individuo são influenciados pelos DSS pois e difícil modificar o comportamento sem afetar a cultura dos indivíduos, para que isso seja feito é necessário programas educativos, comunicação social, acosse a alimentos saudáveis, pratica de esportes, proibição de propagandas do tabaco e álcool entre outros.
No segundo nível fala sobre as comunicações e relações sociais. Como já comprovado é necessário laços sociais, confiança e solidariedade para uma boa promoção da saúde. Aqui são necessárias politicas que formem redes de apoio e fortalecimento das relações entre indivíduos em uma comunidade e grupos vulneráveis.
No terceiro nível fala sobre a atuação política sobre os assuntos materiais e psicossociais procurando melhor acesso a água tratada, esgoto, habilitação, alimentos e serviços de saúde e educação.
No quarto nível fala sobre a atuação sobre os microdeterminantes, ajustando economicamente o mercado e proteção ambiental, cultura e paz, buscando um desenvolvimento sustentável diminuindo assim as desigualdades sociais e econômicas, violência, degradação ambiental, entre outros.
Já no modelo proposto por Diderichsen mostra também pontos em que a política atua em relação a estratificação social.
A intervenção sobre os mecanismos de estratificação social é muito importante para combates iniquidades de saúde, com políticas que diminuam as diferenças sociais e também políticas econômicas e sociais para diminuir seus efeitos sobre a estratificação social.
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