Artigo de Revisão de Bioquímica II: Aminoácidos, Carboidratos e Hormônios
Por: victorhs • 5/5/2015 • Artigo • 5.142 Palavras (21 Páginas) • 806 Visualizações
DISTÚRBIOS METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS
Erros inatos do metabolismo (EIM): grupo de doenças geneticamente determinadas, decorrente de deficiência de alguma via metabólica que está envolvida na síntese (anabolismo), transporte ou na degradação (catabolismo) de uma substância.
- Relacionados à genética;
- Alcaptonúria: primeira doença, aumento da excreção do ácido homogentísico;
- Deficiência de enzimas/cofator: bloqueio via metabólica;
- Deficiência de proteína transportadora: distúrbio função metabólica;
- Podem se manifestar em qualquer idade;
- Manifestações clínicas: acúmulo de substrato (A), falha da produção da reação (B) ou acúmulo de substâncias originadas pela via alternativa (C).
Aminoácidopatias (+100): desordens hereditárias raras do metabolismo dos aminoácidos
1. FENILCETONÚRIA
- Autossômica recessiva, 1:10.000;
- Deficiência enzima fenilalanina hidroxilase clássica tipo I (fenilalanina-4-mono-oxidase) catalisadora da fenilalanina (aa essencial) em tirosina (aa não essenciais).
- Acúmulo de fenilalanina: importante em cadeias proteicas.
- Via alternativa: acúmulo de metabólitos – ácido fenilpirúvico, fenilático, fenilacético – presentes no sangue, urina (odor de bolor). Meio do organismo de excretar a fenilalanina. Acúmulo do sangue: acidose metabólica e toxidade de órgão.
Sintomas
- Crianças: dificuldade de alimentação (leite materno é rico em fenilalanina), retardo mental, vômitos; deterioração do cérebro devido ao fenilpiruvato e seus metabólitos.
- Mãe com Fenilcetonúria: prole microencefálica com retardo mental.
- Pacientes com hipopigmentação: fenilalanina é inibidor da tirosinase (via de produção da melanina e catecolaminas).
- Níveis elevador de fenilalanina (>10mg/dl): reduzem teores de noradrenalina, melanina e serotonina.
Hiperfenilalaninemia neonatal transiente
- Retardo na maturação hepática do sistema enzimático da fenilalanina;
- Aumento fenilalanina (4-10mg/dl).
- Retornam aos valores normais.
Triagem laboratorial
- Diagnóstico pré-natal e detecção de risco familiar.
- Diagnóstico pode ser feito pelo estudo de células do líquido amniótico ou da vilosidade corial.
- Análises de DNA para biologia molecular.
- Múltiplas mutações no locus do gene da fenilalanina hidroxilase (polimorfismos gênicos).
Exames laboratoriais
- Ensaio de inibição da bactéria guthrie.
- Microfluorométrico (dosagem direta de fenilalanina no sangue coletado com discos de papel) – teste do pezinho.
- Amostras positivas → método de referência → HPLC;
- Teste colorimétrico em urinas: ácido fenilpirúvico -> acompanhamento do tratamento eletrolítico.
- Através da análise das concentrações da fenilalanina e da tirosina e da relação entre elas (f/t) é possível fazer o diagnóstico diferencial entre as diversas causas da Hiperfenilalaninemia.
- Apenas os pacientes com Fenilcetonúria clássica e deficiência de BH4 apresentam uma relação f/t elevada, orienta indicação terapêutica.
Tipos de PKU
- Atividade residual da enzima e da taxa de fenilalanina no sangue;
- PKU típica ou clássica (atividade <1%), taxa >20mg/dl.
- PKU atípica ou moderada (atividade 1-5%), taxa entre 10-20mg/dl.
- Hiperfenilalanina (atividade >5%), taxa <10mg/dl → importante informar a família, não envolve mudanças muito severas na alimentação.
Tratamento (durante a vida toda): dieta com baixo teor de fenilalanina e com reposição de tirosina.
2. TIROSINEMIA
- Desordens metabólicas familiares.
- Defeitos enzimáticos no catabolismo da tirosina.
- Excreção da tirosina e seus metabólitos na urina (tirosina e acidúria fenólica).
Tipo I
- Redução da atividade do ácido femoril acetacetatohidroxilase (FAH) como também na HPPD e PBG sintase (consequências da FAH).
- Caracterizado pelo aumento da excreção de ácido hidrofifenilpirúvico (dieta normal) e excreção de hidroxifenilacético (dieta com excesso de tirosinas).
- AUMENTA tirosina no sangue e na urina, AUMENTA metionina no sangue (inibe metionina adenosil transferase).
- Dano hepático → Insuficiencia aguda → Cirrose → Morte (10 anos).
- Problemas na síntese de hemoglobina e outras proteínas.
Sintomas: logo nos primeiros meses de vida se não detectada e tratada precocemente
- Déficit de crescimento.
- Diarréia, vômitos, sangramentos espontâneos (deficiência fator de coagulação).
- Hepatoesplenomegalia.
- Urina com odor característico semelhante ao repolho cozido.
- Icterícia evoluindo para insuficiência hepática, renal (lesão tubular).
- Osteomalácia.
Achados laboratoriais
- AUMENTO concentração de succinilacetona no sangue e urina.
- AUMENTO concentração de tirosina, metionina e fenilalanina no sangue.
- AUMENTO concentração de ácido delta-amino leulânico na urina e alfafetoproteína.
- Teste genético do gene FAH para investigar as mutações mais comuns.
Tipo II
- Deficiência da enzima hepática → tirosina aminotransferase (TAT);
- Lesões oculares, na pele, nas palmas das mãos e solas dos pés;
- Ocasionalmente retardo mental.
- AUMENTO tirosina no sangue e urina, AUMENTO ácido fenólico tironina na urina PORÉM a metionina continua normal (diferença da tipo I).
- Sedimento urinário com cristais em forma de agulha.
- Tirosinemia neonatal transiente: imaturidade hepática, volta ao normal.
Tratamento
- Inicialmente baseado em dieta com restrição de proteínas fontes de tirosina (animais e vegetais).
- Medicamento especial tipo I: orfadin (NTBC-nitisinase) – inibe HPPD.
- Medidas de suporte para insuficiência de órgãos e possibilidade de transplante hepático.
3. ALCAPTONÚRIA (acidúria homogentística)
- Deficiência da enzima homogentisato dioxigenase (HDO) → catalisa a transformação do ácido homogenístico em ácido mercil acetoacético.
- Crianças (caracterizada): escurecimento da urina após exposição ao sol, ar ou pela adição de álcalis.
- Persiste durante toda a vida, sem gravidade.
- Acúmulo de polímeros do ácido homogentísico nas células causam pigmentação escura nas cartilagens e no tecido conjuntivo além das alterações artríticas.
4. ALBINISMO
- Ausência da enzima tirosinase → converte tirosina em melanina.
- 2 tipos (deficiência autossômicas recessivas): depende quantidade melanina
Tipo I (1:10.000): nenhuma melanina produzida; olhos, cabelo e pele afetados, visão bastante comprometida.
Tipo II (1:60.000): pequena quantidade de melanina produzida, visão não é tão afetada.
5. CISTINÚRIA
- Defeito no transporte de cistina pelas células dos túbulos renais e intestino (aminoacidúria secundária).
- Manifestação clínica: formação de cálculos urinários.
- Inicia quando cistina >30mg/dl na urina: ocorre desde infância com incidência máxima depois dos 30 anos.
- Cálculos de cistina são branco amarelados e muitas vezes moles.
- Detecção de cristais de cistina (hexagonais) no sedimento urinário pode ser indicativo de formação de cálculo de cistina.
6. SÍNDROME DE HARTNUP
- Aminoacidúria secundária por defeito no transporte dos túbulos renais.
- Triptofano é probemente reabsorvido nesses pacientes.
- Ocorre deficiência de nicotinamida, pois o triptofano é convertido em nicotinamida em humanos.
- A nicotinamida forma a enzima NAD (síntese ATP).
- Torna-se manifesta nos pacientes pelo exantema da pelagra.
- Doença dos 3D: diarréia, dermatite e demência.
- Podem ocorrer manifestações neurológicas, dor de cabeça, déficit de concentração, fraqueza membros e ataxia.
TESTE DO PÉZINHO
- 3º ao 5º dia de vida do RN.
- Deixar sangue sair naturalmente.
- Não deve ser feito massagem.
- Aumento do fluxo sanguíneo: água quente 3 minutos antes.
- Preencher papel do filtro até vazar sangue.
- Deixar secar em temperatura ambiente.
- PNTN: Fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme e outras hemoblobinopatias, fibrose cística.
HORMÔNIOS
Sistema de Cascata Hormonal
- Estímulo → Pulso elétrico/sinal químico → Sistema límbico → Hipotálamo → Glândula alvo.
- Cascata hormonal → Liberação aumentada de hormônios com suas meias vidas mais longas, maior estabilidade.
- Sistema de cascata hormonal envolvente → Hormônios liberadores e inibidores; hormônios tróficos da pituitária anterior e hormônios finais.
Regulação Secreção Hormonal
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