Demências na Medicina
Por: yarateles • 29/6/2017 • Trabalho acadêmico • 3.789 Palavras (16 Páginas) • 319 Visualizações
Transcrição Neuro – Aula 2 (24/02) – Francine
DEMÊNCIAS
Temos que identificar que tipo de demência o pct apresenta, pois não existe somente uma. Temos que identificar principalmente porque existem focos tratáveis de demência. A principal delas é o Alzheimer.
Hoje a aula será sobre síndromes demenciais.
Definição: “sem mente” = demente. Muitas vezes o pct vê isso com um certo preconceito e se sentem ofendido, justamente pela origem do nome.
Alguns conceitos que precisam ser mudados:
- Não é doença exclusiva de velho, é mais comum, mas jovens também podem ter;
- Não necessariamente vai ser uma doença crônica, progressiva. Alguns casos serão agudos, de aparecimento súbito;
- Não necessariamente acomete exclusivamente o córtex cerebral, temos vários exemplos de demências subcorticais;
- Não são incuráveis, intratáveis. Temos casos tratáveis da doença;
- A alteração comportamental faz parte da doença.
É importante conhecer e tratar as demências porque a população mundial está crescendo muito. Hoje uma pessoa com 40, 50 anos ainda é considerada jovem. Temos que reconhecer que a população envelheceu. Muitos com 70, 80 ou 90 anos ainda estão com uma saúde ótima! Diferente no passado que com 50 anos já era considerado velho.
Como já falamos, jovens também ficam demenciados. As causas são:
- Infecciosas;
- Tóxicas (álcool, solventes, drogas ilícitas)
- Vasculites e embolias cerebrais;
- TCE (exemplo de demência aguda, súbita).
São demências subcorticais:
- Binswanger – além do quadro demencial, esse pct evolui com aterosclerose e hipertensão arterial sistêmica mal controlada;
- Hidrocefalia de pressão normal ou intermitente – evoluem com uma tríade: apraxia da marcha (pct tem força nos membros, coordenação preservada, só que na hora da deambulação, ele apresenta marcha arrastada), demência progressiva e incontinência urinária. Se fizermos uma TC e esta mostrar uma hidrocefalia, esta não é por obstrução, nem por produção aumentada de líquor, é alguma alteração na absorção desse líquor que vai fazer com que o pct evolua com essa hidrocefalia. Na anamnese, pode ser que encontremos uma história de meningite, de TCE, hemorragia subaracnóidea, mas as vezes não encontramos nada, vemos os ventrículos aumentados, mas nada justifica essa dilatação. Às vezes essa hidrocefalia é uma evolução do próprio envelhecimento da pessoa. O que fazer? Podemos fazer a prova terapêutica: uma punção lombar seriada (tira em torno de 40ml de líquor por punção lombar), se esse pct tiver hidrocefalia, dentro de 72h ele começa a evoluir com melhora (da apraxia, da cognição, por exemplo). Dentro de 1 ou 2 dias pode fazer novamente. Se ele realmente evolui com melhora, ele pode ser candidato a fazer DVP (derivação ventrículo peritoneal), porque isso vai ser o tratamento definitivo, pois não dá para puncionar ele a vida toda. Se não fizer nada após essa punção seriada, dentro de 1 semana, o pct começa a regredir novamente. Além de ser um exemplo de demência subcortical, ela também é exemplo de demência tratável;
- Demência associada a doença de Parkinson – veremos na próxima aula.
Problemas de surgimento mais atual:
- Supervalorização dos distúrbios mnésticos;
- Mídia – novelas (ajudaram);
- Remédios.
Hoje em dia, os casos de demência são mais conhecidos, o que facilita para as pessoas buscarem ajuda. No passado era inviável o tratamento, pois era muito caro e não tínhamos muito o que oferecer. O tratamento ainda continua muito caro, mas está mais viável.
Sabemos que as demências ainda são mais comuns em idosos, mas temos que lembrar que pode acontecer nos jovens.
Quanto mais velho, maior a chance de evoluir com uma síndrome demencial. Pct com idade superior a 85 anos, a chance de evoluir para uma demência é em torno de 47%.
Classificação:
- Região anatômica ou padrão neuropsicológico cortical / subcortical.
- Corticais: Doença de Alzheimer (principal causa de demência degenerativa e principal causa de demência), demência fronto-temporal ou doença de Pick (é mais rara e o que chama mais atenção é a alteração do comportamento, da personalidade, diferente do Alzheimer que o que primeiro chama atenção é a memória);
- Subcorticais: PSP (paralisia supra nuclear progressiva), Huntington (movimentos involuntários – coréia), encefalopatia de Binswanger, infartos lacunares, hidrocefalia de pressão normal.
DEMÊNCIA CORTICAL | DEMÊNCIA SUBCORTICAL |
Afasia | Bradifrenia |
Apraxia dos movimentos | Abstração pobre |
Agnosia | Dificuldade de realizar cálculos |
Diminuição da fluência verbal | |
Diminuição da capacidade de evocação | |
Alteração da personalidade (apatia / depressão) |
*Afasia: alteração, distúrbio da fala. Tanto a expressiva quanto a receptiva.
*Apraxia: incapacidade de realizar o movimento. Ele tem força e coordenação preservada. Por exemplo, se eu pedir ao pct para fazer o sinal da cruz, ele não vai fazer. Ele tem força e tem coordenação, mas não vai fazer. Quando passar pela igreja, inconscientemente ele faz o sinal da cruz. Ou seja, muitas vezes ele consegue fazer o movimento involuntariamente, mas se pedir para ele fazer, ele não consegue.
*Agnosia: tem 3 tipos – pode ser visual, tátil ou auditiva. O pct tem que estar enxergando, sentindo e ouvindo para chamar isso de agnosia. Por exemplo: eu pego um relógio e coloco no ouvido do pct. Ele ouve o tic-tac, mas não reconhece o que é. Se eu colocar na mão dele e perguntar o que é, ele vai saber responder que é um relógio. Ou seja, ele consegue reconhecer por outras vias. Por isso que no mini mental tem que perguntar “o que é isso” mostrando alguns objetos. Muitas vezes, na evolução da demência cortical, o pct perde essa característica de nomear, reconhecer a forma ou o objeto.
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