INFECÇÃO HOSPITALAR
Por: Hugo David • 7/10/2015 • Trabalho acadêmico • 8.125 Palavras (33 Páginas) • 974 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MICROBIOLOGIA MÉDICA
INFECÇÃO HOSPITALAR
Integrantes: HugoVigo;Geraldo Coutinho;
Matheus brum; Raul Lima; Renato Bolelli;
Gustavo Macedo;Rodrigo Chuek;
Vinicius;Glauber; Americo;Luccas Santiago.
RIO DE JANEIRO
2014
INTRODUÇÃO
A infecção hospitalar (IH) é um problema sério de saúde publica no Brasil e no mundo. Conforme a Portaria no 196, de 24 de junho de 1983, do Ministério da Saúde, conceitua-se como aquela que é adquirida no hospital, ou seja, que não estava presente quando o paciente ingressou no hospital. Como regra geral se estabelece um prazo de 48 a 72 horas depois da internação hospitalar para se considerar uma IH. Esse prazo faz referência ao período de incubação das infecções hospitalares mais frequentes, mas não inclui as infecções transmissíveis pelo sangue, por exemplo, a hepatite B ou a AID. Ambas podem ser adquiridas no hospital, porém aparecem normalmente após a alta hospitalar, devendo, portanto, ser consideradas como IH. Por conseguinte, é importante conhecer o período de incubação do agente causador da infecção e reconhecer se a mesma foi adquirida no hospital ou na comunidade.
A história faz referência a diversos personagens preocupados com o alto índice de mortalidade, que buscaram conhecer a causa do óbito do paciente. Profissionais como o médico Ignaz Philipp Semmelweis, que fez suas pesquisas e constatou que o simples ato de lavar as mãos diminuía notavelmente o numero de infecções hospitalares e sua consequente morte. Entretanto, há muitos fatores que contribuem para a ocorrência de uma IH, entre os quais se destacam:
• Os que dependem do microrganismo: patogenicidade das espécies, virulência das cepas , resistência antimicrobiana;
• Os que dependem da suscetibilidade do paciente: idade, sexo, doenças anteriores, estado imunitário;
• Os relacionados ao meio ambiente: planta física, a equipe do hospital, visitação;
• Os tratamentos instituídos: imunossupressora, antimicrobiana e técnicas invasivas.
Este trabalho tem como objetivo apresentar alguns aspectos importantes sobre a infecção hospitalar, abordando sua etiologia, sinais, sintomas, fatos históricos, principais microrganismos envolvidos em sua gênese, resistência bacteriana aos antibióticos, prevenção e controle, bem como algumas ocorrências recentes.
2.- ASPECTOS HISTÓRICOS
Na Idade Média, marcada pelas inúmeras pestilências e epidemias, surgira a ideia de que alguma coisa "sólida " pudesse transmitir doenças de um indíviduo a outro. Era uma época em que a saúde era precária devido à aglomeração crescente da população, criação de animais, acúmulo de excrementos nas ruas sem pavimentação, poluição das fontes de água, ausência de esgoto sanitário e péssimas condições de higiene.
A igreja teve um papel importante na Idade Média, já que criou os primeiros hospitais destinados às pessoas mais carentes da sociedade. Preocupados com melhorias das condições sanitárias das cidades, foram elaborados e postos em prática códigos sanitários em busca de normatizar a localização de chiqueiros, matadouros, despejo de restos, recolhimento de lixo, pavimentação das ruas e canalização de dejetos para poços cobertos.
No Renascimento, com o surgimento da imprensa, a divulgação de informações e conhecimentos passou a ser mais eficaz. Assim, foi possível fazer publicações e ilustrações sobre as doenças. No ano 1546, o médico italiano, Girolamo Fracastoro, publicou sua obra "De Contagione et Contagiosis Morbis", na qual propôs a hipótese de que as doenças infecciosas eram causadas por minúsculas partículas transferíveis, ou "esporos", que poderiam transmitir as infecções por contato direto ou indireto, ou mesmo sem contatos, através de longas distâncias.
No século XVIII, com o objetivo de evitar a propagação das doenças foram criadas instituições de assistência, nas quais os doentes eram confinados por diagnósticos. Entretanto, não se obteve êxito pois houve maior disseminação de microorganismos patológicos de um paciente para outro devido às precárias condições sanitárias dos hospitais e à ausência de profissionais treinados para cuidar dos doentes. Assim, a infecção hospitalar surgiu ainda no século XVIII, quando esses hospitais foram criados, pois se tornaram fonte de diversas doenças contagiosas, sendo constatado que as pessoas assistidas nessas instituições começaram a apresentar outras doenças em função da hospitalização.
As primeiras medidas de controle de infecção hospitalar surgiram no capitalismo, pois um trabalhador doente é visto como um prejuízo para o lucro da empresa. Dessa forma, as instituições passaram a ser consideradas como um local de cura e não um local de enclausuramento do doente. Com esse objetivo, as condições de atendimento foram melhoradas, criaram-se mais instituições funcionais, em que eram internados somente aqueles com indicações médicas, a fim de se evitar aglomerados. Além disso, os doentes eram agrupados de acordo com a patologia que apresentavam e havia a diretriz de se ter cuidado com as contaminações e com o ambiente para se evitar as possíveis infecções hospitalares.
No século XIX, Young Simpson, professor de cirurgia da Universidade de Edimburgo, observou que pacientes internados após amputação apresentavam uma taxa de letalidade maior do que os amputados em suas casas. A partir de estudos subsequentes, constatou que amputações feitas em ambiente hospitalar infectavam quatro vezes mais. Assim, chamou de "hospitalismo" aos riscos decorrentes da assistência hospitalar.
Em 1843, Oliver Wendel Holmes, médico americano, descobriu que a febre puerperal era contagiosa e transmitida de uma parturiente à outra pelas mãos de médicos e parteiras, que não as higienizavam entre os partos, responsabilizando-os pela infecção puerperal.
Em 1847, Ignaz Philipp Semmelweis descreveu os achados diagnósticos mais notáveis relativos à infecção hospitalar, publicando um trabalho em que pôde confirmar a hipótese da transmissão de doença intra-hospitalar, Ao demonstrar que a incidência da infecção puerperal era maior quando havia intervenção dos médicos do que de parteiras, levantou diversas hipóteses que foram refutadas. Quando era assistente em clínica obstétrica, observou que os professores manipulavam livremente as próprias pacientes e as pessoas que haviam ido a óbito. Assim, do total de pacientes atendidos por esses profissionais, os óbitos chegavam a 9,92% dos casos. Já no caso das parteiras, 3,38%. Levantou a hipótese que isso acontecia devido ao fato de que os estudantes e professores circulavam livremente pela sala de autópsia e pela enfermaria. Além disso, Semmelweis, após analisar a morte de um amigo patologista, em decorrência de um pequeno ferimento no dedo causado por um bisturi de dissecação de um estudante, concluiu que a causa da morte era a mesma da febre puerperal, ou seja, a infecção hospitalar.
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