RELATÓRIO DO FILME “GOLPE DO DESTINO”
Por: Guilherme Pereira • 21/8/2018 • Resenha • 1.009 Palavras (5 Páginas) • 2.323 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ[pic 1][pic 2]
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
COLEGIADO DE MEDICINA
RELATÓRIO DO FILME “GOLPE DO DESTINO”
GUILHERME PEREIRA RAMOS
06 de Junho de 2018
ILHÉUS- BAHIA
Introdução
No filme ‘’Um golpe do destino’’ (1991), dirigido por Randa Haines, retratou-se a história do Dr. Jack Mckee (Will Hurt), um renomado cirurgião com alto conhecimento técnico, mas que apesar de sua competência nas salas cirúrgicas, demonstrou-se ignorante no tato humanizado daqueles que recorriam a sua ajuda, desconsiderando as esferas subjetivas do ser humano tratado. Isso se explicita, por exemplo, nas piadas de humor negro sobre o sofrimento de alguns pacientes ou a simples indiferença diante do que diziam, assim como no fato de ensinar seus residentes que é preciso manter-se desapegado para julgar com clareza cada caso e que ‘’o trabalho do cirurgião é cortar! Você tem uma chance, você entra, corta e sai fora!".
Contudo, o filme propõe uma irônica inversão de papeis em que o frio e distante médico precisa submeter-se a posição de paciente, devido à descoberta de um câncer laríngeo. Nesse período, ele passa por situações frustrantes e desnecessárias, além de humilhantes em certos momentos. Essa experiência será ao mesmo tempo traumática e libertadora ao Dr. Mckee, ao passo que vai imprimir em si uma grande revolta pessoal diante daquilo que observa na pratica médica de seus colegas de profissão e em si, mas ao mesmo tempo porá em ação uma mudança profunda de valores pessoais e atitudes clínicas.
Desenvolvimento
Logo nos primeiros momentos do filme, é retratada a sala de cirurgia do Dr. Mckee como um ambiente festivo, com piadas e músicas animadas, o que até então não representa nenhum grande problema, até que os médicos começam a ridicularizar a fatalidade do rapaz na mesa, com o óbvio consentimento de Jack. Além disso, há uma cena em que uma senhora demonstra receio quanto a uma recente cicatriz torácica que perturbava sua relação conjugal, contudo Jack é incapaz de se identificar com a dor da perda em sua paciente (no caso, perda do que tinha como beleza) e acaba descartando, acidamente, seus medos. Ademais, diversos outros momentos revelam o cirurgião e seus colegas não apenas sob uma ótica de homens frios que assim são para serem mais objetivos, mas como profissionais com um complexo de semideuses que se esqueceram de que por trás dos prontuários, enfermidades e pedaços de carne, existia um ser humano em dor, não exclusivamente física, mas também emocional e psicológica.
Entretanto, após a persistência de uma tosse seca e o posterior surgimento de sangue no ato de tossir, Jack decidiu procurar orientação de outro médico, porém com certa resistência. Assim, é na consulta com a Dr. Leslie Abbot, otorrinolaringologista, que Jack começa a ter noção de sua vulnerabilidade humana, ao passo que a médica comunica a ele sobre o seu tumor maligno de forma técnica e fria, sem preocupação em preparar o seu psicológico para a notícia. Caracteriza-se este como o primeiro encontro de Mackee com o outro lado da equação de uma relação médico-paciente carente de atenção sobre o conceito de atenção humanizada a saúde.
Jack embarca, então, em uma difícil e frustrante jornada contra o câncer e experimenta frustações em seu tratamento. Percebe-se que no inicio ele teve dificuldade de aceitar sua situação frágil e se colocar na posição de paciente, o que se exemplifica na cena em que se recusou a sentar na cadeira de rodas, conforme o protocolo hospitalar. Nota-se, então que Mckee passa pelos diversos estágios de aceitação da doença: da negação- na cena em que deseja procurar uma segunda opinião e ao chegar a casa se embebeda- até a aceitação, na cena do deserto na qual ele dança com sua amiga June Ellis (Elizabeth Perkins) e consegue refletir sobre sua existência e acha em si a vontade de lutar, decidindo fazer uma arriscada cirurgia.
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