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Analise Psicossocial e Ética da Exclusão Categoria Analítica

Por:   •  9/5/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.827 Palavras (8 Páginas)  •  382 Visualizações

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Analise Psicossocial e Ética da Exclusão Categoria Analítica

A Psicologia Social, no que se refere à exclusão, tente compreender de que maneira

pessoas ou grupos são objetos de uma distinção, são constituídos como uma categoria aparte. Um dos modos pelo qual ela tenta dar conta das relações sociais é através das dimensões ideais e simbólicas e dos processos psicológicos e cognitivos que articulam os fundamentos materiais destas.

Os modelos psicodinâmicos apresentados ressaltam dois mediadores importantes no processo de exclusão: os estereótipos e os preconceitos. Ambos são processos me- tais pelos quais se operam a descrição e o julgamento das pessoas ou de grupos que são caracterizados por pertencer a uma categoria social ou pelo fato de apresentar um ou mais atributos próprios desta categoria.

Nos grupos dominantes haveria uma aceitação das particularidades e uma diferenciação das identidades enquanto que os grupos dominados manifestariam uma tendência à homogeneização à definição da identidade social fundando-se em características atribuídas ao grupo. Pesquisas apontam que um status marginalizado, privado de poder, interioriza imagens negativas veiculadas na sociedade e seus membros demostram sentimentos de insegurança e inferioridade. Os preconceitos e os estereótipos alimentam-se do discurso social para servir às forças de poder na regulação das relações entre que se confrontam em situações sociais e politica concretas. Os estereótipos de deslegitimação visam excluir moralmente um grupo do campo de normas e de valores aceitáveis, por uma desumanização que autoriza a expressão do desprezo e do medo e justiça as violências e penas que infligimos. A exclusão, se instaura e se mantém graças a uma construção da alteridade que se faz baseadas nas representações sociais que a comunicação social e mediática contribui para difundir.

O enfraquecimento e ruptura dos vínculos sociais

A pobreza reveste-se de um status social desvalorizado e estigmatizado. Consequentemente há uma tendência ao isolamento destes sujeitos, pois há uma tentativa de dissimilar a inferioridade. Além disso, o sentimento de humilhação impede a construção de um sentimento de pertinência a uma classe social.

A categoria é também muito heterogênea, o que oculta a origem e os efeitos a longo prazo das dificuldades dos indivíduos e de suas famílias.

 A relação entre a população designada como pobre e o resto da sociedade, através do conceito de desqualificação social, pode ser definida por cinco elementos:

Estigmatização dos assistidos: o apelo permanente à assistência social condena a massa de pobres para carreiras específicas, alterando sua identidade, transformando sua identidade e transformando suas relações com os outros num estigma. ∙ Uma vez que a assistência é uma forma de regular o sistema social, há um modo específico de integração desta camada na sociedade, o que não pode ser chamada de exclusão pois ela é parte do sistema. A situação das populações que o conceito de desqualificação social permite analisar sociologicamente resulta não apenas em uma forma de exclusão relativa, mas, sobretudo de relações de interdependência entre as partes constitutivas do conjunto da estrutura social. ∙ Há possibilidade de resistência coletiva, ou individual, por parte dos pobres, quando reagrupados em bairros socialmente desqualificados contra a desaprovação social tentando preservar ou resgatar sua legitimidade cultural e sua inclusão no grupo. ∙ Os modos de resistência ao estigma e de adaptação à assistência variam conforme a fase do processo de desqualificação, o que indica que os pobres não constituem um extrato homogêneo da população. ∙ Três fatores explicam o crescente recurso à assistência: degradação do mercado de trabalho; fragilidade dos vínculos sociais; modos de intervenção do estado junto às populações desfavorecidas.

A esta fase segue-se outra caracterizada pela ruptura dos vínculos sociais: elas saem das malhas da proteção social, por terem acumulado fracassos demais, e deparam-se com situações de alto grau de marginalidade, onde a miséria é sinônimo da dessocialização, e buscam o álcool e drogas. Isolam-se da família, que muitas vezes também adota uma postura de separação deste elemento. Após interiorizarem sua condição marginal procuram satisfazer suas necessidades imediatas.

A Doença como Projeto

A noção de exclusão social à medida que se generaliza torna-se banalizada e oculta as especificidades de cada situação. Esta definição não dá conta do processo de surgimento das situações. A autora adota então a noção de desfiliação social (R. Castel) que visa analisar as situações colocando em evidência seu caráter dinâmico e dialético.

A autora retomará a noção de projeto em Sartre e Freud para enfocar esta ideia. Em Sartre, o projeto é o momento no qual a transcendência se reafirma. É o momento de integração entre subjetividade, objetivação e dimensão temporal. É direcionado constantemente para o futuro, é a afirmação do homem pela ação e ao mesmo tempo inclui lembranças da infância e escolhas amadurecidas, sendo simultaneamente “uma bruma de irracionalidade”. A liberdade do projeto se apresenta como a resposta própria de cada sujeito (ação) às interpelações de sua existência. É um dos organizadores desta do qual o ser humano não pode escapar (Sartre,1943:235)

Na perspectiva psicanalista, o projeto se coloca como sintoma de normalidade, ou seja, para viver-se de um modo normal é necessário fazer-se projetos e para tal é necessário negar a morte (a normalidade necessita de uma negação e da instalação da clivagem do ego) E, porque a morte é imprevisível, é uma ameaça real, o projeto deve assegurar uma satisfação que, fora dele, é inacessível e inalcançável.

O estado, como organismo principal de criação e regulação de mecanismos que visam a integração social, faz com que a participação concreta dos indivíduos na vida coletiva se realize, basicamente, pelo trabalho e pela proteção social. No Brasil há uma articulação muito forte entre estas duas dimensões, pois a maioria dos direitos sociais vincula-se à condição de trabalhador. Quanto mais os sujeitos se distanciam destes eixos mais há a tendência de viver formas de desfiliação social. As pessoas que vivem em meios sociais desfavorecidos permanecem à margem das grandes dimensões institucionais ou se beneficiam muito pouco delas. Há uma projeção para a esfera da subjetividade da inutilidade, que gera sofrimento psíquico e que, por ter raiz social, deve ser considerado sofrimento social. Ele pode ser resultado de três diferentes processos:

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