Como a Cultura Interfere na Percepção do Processo Saúde-doença
Por: Bea Bertrand • 9/1/2023 • Trabalho acadêmico • 821 Palavras (4 Páginas) • 336 Visualizações
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Universidade de Brasília (UNB)
Faculdade de Ceilândia (FCE)
Saúde e Sociedade 1
Professor Dr. Breitner Tavares
Nome: Beatriz Bertrand Alves Andrade.
Matrícula: 211046827
Curso: Terapia Ocupacional (2021.2)
Turma: 5
Como a cultura interfere na percepção do processo saúde e doença?
O conceito de cultura é bastante elitizado pela perspectiva popular. Em contraste, a antropologia busca estudar os comportamentos humanos, considerando cada cultura em diferentes contextos com suas individualidades e particularidades (localizações geográficas, classes sociais, religiões, grupos étnicos, entre outros aspectos). Esses diferentes contextos socioculturais devem ser levados em consideração quando observadas as questões em saúde e doença, os quais serão necessários nos momentos de intervenções em saúde, levando em conta o relativismo cultural e os direitos humanos. É importante entender o modo em que a cultura interfere na percepção do processo saúde-doença.
O uso de máscaras na cultura japonesa pode ser considerado um hábito cultural, sendo utilizada até mesmo em casos de um simples resfriado, como sinal de respeito ao próximo. Esse hábito pode trazer a diminuição de casos de surtos virais, além de se proteger da poluição ambiental. A questão cultural interfere diretamente nas atividades humanas e em conceitos em geral, assim como nos conceitos de saúde e doença. As práticas em saúde, ações e entendimentos são seguidas de acordo com aspectos históricos e culturais de uma sociedade. A medicina no Oriente, por exemplo, entra em contraste com a do Ocidente, trazendo saberes e práticas diferentes. De mesmo modo, há práticas de saúde distintas no contexto Europeu comparado ao contexto Latino-Americano, assim como os conceitos de doença, visados pela necessidade de cada espaço e sua cultura.
A cultura, no entanto, pode afetar de maneira maléfica os conceitos de saúde e doença. O poder da fala, quando utilizado por pessoas maldosas, pode estabelecer um preconceito popular, espalhado até fomentar uma cultura carregada de ódio, que pode afetar a saúde de todos os indivíduos. Um exemplo é que apenas em maio de 1990, foi retirada a homossexualidade da lista de doenças pela OMS. A LGBTfobia, pôde afetar inclusive no estigma da Aids, pela ideia popular de uma doença presente apenas na comunidade LGBTQIA, afetando também quem não é da comunidade. Até os dias atuais, a doação de sangue por pessoas LGBTQIA+ sofre sucateamento. A infeliz decisão de hospitais que preferem sofrer com baixas quantidades de bolsas de sangue em estoque do que aceitar doações de pessoas LGBTQIA+, com uma lógica infundada. Acontece que pessoas poderiam ser salvas por essas doações, mas não são por pura negligência e individualismo, deixando a sua crença infundada – a qual ignora a totalmente a antropologia – afetar a saúde dos indivíduos e os conceitos de doença. A desinformação precisa ser combatida, assim como preconceitos populares que afetam diretamente os conceitos de saúde e doenças.
Um grande exemplo da interferência da cultura nos conceitos saúde-doença é a religião. A OMS traz o conceito de saúde como "o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade". A espiritualidade pode entrar nos contextos e conceitos mentais e sociais, visto que a interação e nesses meios pode trazer bem-estar para o indivíduo, trazendo muitas vezes um sentido para sua vida. Há religiões que enxergam um mal-estar físico como consequência também de uma má conexão espiritual, como por exemplo a Umbanda. Tem em mente que não tem como tratar uma questão espiritual utilizando métodos biomédicos, mas seria possível tratar uma questão biomédica utilizando métodos espirituais. Ainda assim, é viável estabelecer uma união entre ambas: a ciência e a religião andando de mãos dadas.
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