A Erliquiose Monocítica Canina
Por: AmdJus • 12/1/2019 • Artigo • 2.081 Palavras (9 Páginas) • 357 Visualizações
ERLIQUIOSE MONOCÍTICA CANINA: RELATO DE CASO
Amanda Benfica Vilhoni¹, Amanda Carolini de Paula Faria¹, Amanda Justino dos Santos¹, Amandha da Silva¹, Silvia Maria Caldeira Franco Andrade².
Universidade do Oeste Paulista- UNOESTE, Curso de Medicina Veterinária, Presidente Prudente, SP. E-mail: silviafranco@unoeste.br
RESUMO
O presente trabalho, tem como objetivo relatar um caso de Erliquiose monocítica canina em um cão da raça Lhasa Apso, atendido no Hospital Veterinário da UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista). A Erliquiose monocítica canina é uma doença de caráter zoonótico; seu agente etiológico é a Ehrlichia canis, uma bactéria intracelular obrigatória. Ela pode se manifestar de três formas: aguda, subaguda e crônica. A transmissão da bactéria acontece a partir do repasto sanguíneo realizado pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus (carrapato marrom do cão), portanto, a presença deste vetor torna-se um fator de risco para ocorrência da doença. Alguns dos sinais clínicos da Erliquiose são: letargia, anorexia, depressão, pirexia, linfoadenomegalia, esplenomegalia, e até mesmo lesões oftálmicas, a presença de alterações hematológicas (anemia, trombocitopenia e leucopenia) com leve aumento ALT e FA relacionadas a função hepática, na fase aguda. A fase subclínica, é definida pela inexistência de sinais clínicos, acontece semanas após a fase aguda. Já na fase crônica, os sinais clínicos variam de discretos a severos dependendo do animal, é determinada pela alta taxa de letalidade decorrente da imunossupressão levando a suscetibilidade do cão as infecções secundárias. Outros sinais relatados são: sangramento em mucosas e conjuntivas, fraqueza e mucosas hipocoradas. Palavras-chave: Ehrlichia canis; bactéria; Rhipicephalus sanguineus.
CANINE MONOCYTIC EHRLICHIOSIS: CASE REPORT
ABSTRACT
The present work aims to report a case of canine monocytic Ehrlichiosis in a Lhasa Apso dog, treated at the Veterinary Hospital of UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista). In the present study, Ehrlichia canis is an obligate intracellular bacterium. It is a zoonotic disease. It can manifest itself in three ways: acute, subacute and chronic. The presence of this vector becomes a risk factor for the occurrence of the disease. Some of the clinical signs: erythemia, lethargy, anorexia, depression, pyrexia, lymphoadenomegaly, splenomegaly, and even ophthalmic lesions, hematological abnormalities (anemia, thrombocytopenia and leukopenia) with a slight increase in ALT and AF related to liver function in the acute phase. The subclinical phase is defined by the absence of clinical signs, occurring weeks after the acute phase. In the chronic phase, the clinical signs vary from discrete to severe depending of the dog’s health condition, it is determined by the high lethality rate due to immunosuppression leading to the dog's susceptibility to secondary infections. Other signs reported are: mucosal and conjunctival bleeding, weakness and hypocorous mucous membranes.
Keywords: Ehrlichia canis; bactéria, Rhipicephalus sanguineus.
INTRODUÇÃO
A Erliquiose monocítica canina é uma doença zoonótica (GUEDES et al., 2015) causada pelo agente etiológico Ehrlichia canis, uma bactéria intracelular obrigatória (MENESES et al.,2009). Possui tropismo por células de defesa mononucleares, principalmente monócitos e macrófagos de hospedeiros vertebrados e invertebrados (SOUZA et al., 2010).
A transmissão da bactéria pode ocorrer a partir do repasto sanguíneo realizado pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus (carrapato- marrom- do- cão), logo, a presença do vetor se torna um fator de risco para ocorrência da doença (MENESES et al., 2009). O cão também pode se infectar a partir da transfusão sanguínea entre um animal infectado para outro susceptível. Estudos mostram que cães jovens da raça Pastor-Alemão são os mais acometidos. Há relatos da doença no mundo inteiro, principalmente em regiões tropicais, exceto na Austrália (MC VEY et al., 2016).
O período de incubação varia de 8 a 20 dias após o repasto sanguíneo, havendo presença de sinais clínicos nas duas primeiras semanas (SOUZA et al., 2010). A Erliquiose pode se manifestar de três formas: aguda, subaguda e crônica (MC VEY et al.,2016).
A fase aguda se caracteriza pela bacteremia e presença de sinais clínicos sistêmicos como: letargia, anorexia, depressão, pirexia, linfoadenomegalia, esplenomegalia, lesões oftálmicas também são frequentes nesse estágio (SOUZA et al., 2010), a presença de alterações hematológicas (anemia, trombocitopenia e leucopenia) com leve aumento ALT e FA relacionadas a função hepática (MENESES et al.,2009).
Na fase subaguda também chamada de subclínica, é caracterizada pela ausência de sinais clínicos, ocorre semanas após a fase aguda, nesse período é possível avaliar alterações laboratoriais hematológicas e bioquímicas persistentes que podem durar por meses até anos (GALANT, 2010). Observa-se resposta imune-humoral exacerbada pelo elevado título de anticorpos, porém, sem sintomatologia (UENO et al., 2009).
Os sinais clínicos da fase crônica variam de discretos a severos dependendo do animal, é caracterizada pela alta taxa de letalidade provocada a partir da imunossupressão levando a suscetibilidade do cão as infecções secundárias. Outros sinais relatados são: sangramento em mucosas e conjuntivas, fraqueza, mucosas hipocoradas (GALANT, 2010).
O diagnóstico laboratorial é realizado a partir do esfregaço sanguíneo de papa leucocitária ou sangue total, corado com Giemsa que permite avaliar a presença de inclusões intracelulares denominada mórula, porém, as inclusões são mais prováveis apenas na forma aguda da doença (MC VEY et al.,2016). Outros métodos indiretos de diagnóstico podem ser utilizados como: Imunofluorescência indireta, ELISA, PCR, que tem como objetivo detectar anticorpos contra proteínas expressas na membrana externa do microorganismo (MENESES et al., 2009).
A droga de eleição para o tratamento da Erliquiose é a Doxiciclina, um antibiótico do grupo das tetraciclinas, na dosagem de 5 a 10 mg /Kg durante 28 dias (GALANT, 2010). Contudo, uma vez infectado um cão pode portar a bactéria por toda a vida visto que está se beneficia de artifícios que burlam o sistema de defesa do animal (MC VEY et al., 2016).
Além da antibioticoterapia, deve ser realizada a terapia suporte com fluido e transfusão sanguínea quando necessário. Corticoides também são utilizados nos casos de trombocitopenia grave com objetivo de reversão a diminuição de plaquetas, para isso administra-se Prednisona oral na dose 0,25 a 1mg/Kg uma vez ao dia por 14 dias (GALANT, 2010).
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