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EFEITOS SEDATIVOSDA ANESTESIA INTRANASAL COM CETAMINA E MIDAZOLAM EMGUIGÓ-DE-COIMBRA-FILHO (CALLICEBUS COIMBRAI): RELATO DE CASO

Por:   •  15/7/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.237 Palavras (5 Páginas)  •  297 Visualizações

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EFEITOS SEDATIVOSDA ANESTESIA INTRANASAL COM CETAMINA E MIDAZOLAM EMGUIGÓ-DE-COIMBRA-FILHO (CALLICEBUS COIMBRAI): RELATO DE CASO

[SEDATIVE EFFECTS IN INTRANASAL ANESTHESIA WITH CETAMINE AND MIDAZOLAM IN COIMBRA-FILHO’S TITI MONKEY(CALLICEBUS COIMBRAI): CASE REPORT]

Augusto Cafezeiro Santos David1, Leticia Dorea Rocha Soares de Souza1,Rafaela Andréa Gonçalves Dias1Luana Costa Santos1; Eunice Santos de Andrade2; Oberdan Coutinho Nunes 2

1 Graduandos do curso de Medicina Veterinária da UNIME

2 Professores do curso de Medicina Veterinária da UNIME

E-mail: leticiadorea97@gmail.com

INTRODUÇÃO

Callicebuséum gênero de primatas conhecidos popularmente como “guigós”, “sauás” ou “zogue-zogue”, e que possui22 espécies atualmente reconhecidas para o Brasil (PAGLIA et al., 2012).Entre eles, C.coimbrai (guigó-de-coimbra-filho) foi recentemente descrito como endêmico da Mata Atlântica brasileira, por Kobayashi &Langguth (1999), e encontra-se categorizado como em perigo de extinção (Endangered) a pelas listas oficiais da Bahia (SEMA, 2017), do Brasil (MMA, 2014) e da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, 2018).

Trata-se de espécie pouco conhecida, com padrão de distribuição restrito a poucos fragmentos de mata na faixa situada a até 100 km da costa, entre os rios São Francisco e Paraguaçu, alcançando uma distribuição a oeste que coincide aproximadamente com os limites do bioma Mata Atlântica e sua zona de transição com a Caatinga (JERUSALINSKY, 2013). Os indivíduos desta espécie são típicos do grupo Personatus, com peso médio de 1.200 g e comprimento em torno de 82 cm (KOBAYASHI & LANGGUTH, 1999).

A contenção química de animais silvestres tem como o objetivo de evitar situações de agressividade, estressantes e de ansiedade (HARRISON 1986; COLES 1997), sendo fundamental para muitos procedimentos da clínica veterinária, como microchipagem, realização de procedimentos (radiografia), colheita de material para exames laboratoriais, entre outros.

Além disto, a manipulação desses animais sem prévia sedação pode estimular respostas fisiológicas à situação de estressante, que pode resultar em alterações que devem ser monitoradas, como o aumento da frequência respiratória e da temperatura (GREENACRE & LUSBY, 2004). Portanto, a contenção química permite que o médico veterinário realize uma avaliação segura, e pode  proporcionar uma intervenção terapêutica apropriada, o que tem sido considerado como melhor meio para a captura e transporte destes animais. Assim, é reconhecidamente uma prática comum no manejo de animais silvestres (PITT et al. 2006; Al- -SOBAYIL et al. 2009).

A via de administração intranasal é uma técnica de anestesia injetável não invasiva, que surge como uma alternativa em se evitar dor e ansiedade, comparada à administração intramuscular, indicada para sedação (WILTON et al., 1988; REY et al., 1991;KARL et al., 1992;KENDALL 2001, BHAKTA et al., 2007). A anestesia intranasal proporciona efeito rápido e seguro, recuperação suave e livre de complicações. Existem diversas associações descritas para esta via, sendo a associação de cetamina e midazolam indicada para promover anestesia de curta duração, levando ao miorrelaxamento e recuperação rápida nos animais (BIGHAM & MOGHADDAM, 2012).

A cetamina é um agente dissociativo de ação rápida, que pode ser usada para induzir sedação semdepressão respiratória clinicamente significativa. É antagonista dos receptores N-metil-D-aspartato, e quando administrado em baixas doses podem causar analgesia (CLARKE et al., 2014). Por sua vez, o midazolam é um benzodiazepínico, com efeito, anticonvulsivante, capaz de promover adequado miorrelaxamento, reduzindo a tonicidade muscular. No entanto, pode levar à hipotensão e bradicardia em mamíferos (BORGES et al., 2017).

Objetivou-se com o presente estudo descrever os efeitos sedativos e cardiorrespiratórios da associação de cetamina e midazolam, administrados pela via intranasal, em um guigó-de-coimbra-filho (Callicebus coimbrai), submetido à avaliação clínica geral e realização de procedimentos biométricos.

DESCRIÇÃO DO CASO

Um guigó-de-coimbra-filho, foi recebido para atendimento na clínica de animais silvestres do Hospital Veterinário da Unime – Lauro de Freitas (HOSVET), oriundo do Centro de Triagem de Animais Silvestres/IBAMA – Bahia (CETAS/SSA). O paciente não apresentava histórico clínico e foi encaminhado para avaliação de rotina, marcação individual (microchipagem), colheita de dados biométricos e realização de registros fotográficos, conforme protocolo do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB)/Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Com base na avaliação dos padrões morfológicos (tamanho corpóreo, crescimento dentário e desenvolvimento testicular), o paciente aparentava ser um filhote, apresentando peso de 522g. Foi realizada a contenção física do animal segurando a cabeça com luvas de procedimento e os membros foram contidos com ajuda de auxiliares. Para realização dos exames clínicos gerais, optou-se pela realização de contenção química do paciente, com o intuito de diminuir o estresse, agressividade, ansiedade, e facilitar a manipulação para colheita de dados biométricos e posicionamento para registros fotográficos padronizados. Para tanto, realizou-se anestesia com associação de Cetamina, na dose de (10mg/kg), e Midazolam, na dose de (0,1 mg/kg),via intranasal.

Aos cinco minutos após administração da associação anestésica, o paciente apresentava-se relaxamento muscular, midríase e movimentação lateralizada da cabeça, que são alterações comportamentais esperadas pela ação dos anestésicos administrados. Os parâmetros vitais do paciente apresentaram alterações previstas pela ação dos fármacos utiliza dose, na sua recuperação, foi utilizada uma ampola de glicose (Glicose® 10mg/ml).

DISCUSSÃO

Com base nos resultados encontrados, a anestesia intranasal demonstrou seruma boa alternativa para o uso em guigós-de-coimbra-filho, por ser segura e de fácil aplicação, além de diminuir ansiedade e agressividade. Segundo Wilton etal. (1988), é uma técnica que evita ansiedade e dor, comparada à administração intramuscular. Na medicina veterinária, esta via está sendo utilizado com a associação de diferentes fármacos, em diferentes espécies (VESAL&ESKANDARI, 2006; VESAL&ZARE, 2006; BIGHAM & MOGHADDAM, 2009; MOGHADAMETAL. 2009).

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