A DENSIDADE POPULACIONAL

[pic 1]

Fabiana Soares Gibrail Tannús

R.A.8059529

Projeto de Prática

DENSIDADE POPULACIONAL

Disciplina: Ecologia Trófica e Populacional

Professora/Tutora:  Solange Aparecida Bispo Dos Santos

Rio Claro – SP

2020

No artigo estudado os autores tiveram como objetivo calcular a densidade e o tamanho populacional de primatas em um fragmento de Mata Atlântica Semidecídua em um complexo montanhoso denominado Serra de Santo Antônio em Pouso Alegre, MG.

O texto diz que a Mata Atlântica é uma das regiões biologicamente mais ricas e mais ameaçadas do Planeta. Assim estima-se que restam apenas 11,4% a 16% de cobertura vegetal de sua área original. Ela também apresenta diferentes características de sua vegetação em determinadas regiões, sendo que a Floresta Estacional Semidecidual é a segunda mais devastada, estando no ano de elaboração desse artigo constituída apenas por fragmentos com pequenos tamanhos e com alto grau de isolamento.

O município de Pouso Alegre, local onde foi desenvolvido esse estudo fica localizado no sul do Estado de Minas Gerais e abrigava somente 3% do restante de Floresta Semidecidual em seu território que antes se estendia por todo o município.

A região onde foi realizado o estudo é formada por aproximadamente 350 ha de Floresta Estacional Semidecidual Montana e abrange o Parque Natural Municipal de Pouso Alegre (PNMPA) com aproximadamente 178 ha, a Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata dos Sabiás e a Reserva Florestal do 14º Grupo de Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro.

Assim com a degradação, diminuição e fragmentação dos habitats florestais, os primatas neotropicais que tem hábitos essencialmente arborícolas foram muito afetados.

Existiam 24 espécies de primatas que tinham como seu habitat a Mata Atlântica, e 15 dessas espécies encontravam-se enquadradas em alguma categoria de ameaça de acordo com a lista oficial do Ministério do Meio Ambiente.

Na região do estudo encontram-se 4 espécies de primatas, sendo que Callithrix aurita, o sagui-da-serra-escuro é considerado ameaçado de extinção. Já o Alouatta clamitans, o bugio-ruivo, Callicebus nigrifrons, o sauá e Cebus nigritus, o macaco-prego-preto são consideradas espécies "quase ameaçadas", tornando de suma importância estudos que permitam analisar o estado de conservação e a viabilidade das populações desses primatas nesta região.

Para realizar o levantamento populacional de primatas nesta região, foi utilizado o método de amostragem de distâncias em transecções lineares (Distance Sampling).

As amostragens, foram feitas em quatro transecções com 1.014 m, 1.086 m, 1.170 m e 765 m de comprimento no interior do Parque e foram dispostas paralelamente, no sentido norte/sul, com aproximadamente 300 m de distância entre elas.

Como método foram percorridas as 4 áreas de amostragem 2 vezes por semana no mesmo horário, entre os meses de abril e agosto do ano de 2008, sendo que diariamente as 4 transecções eram percorridas apenas 1 vez, exceto em dias chuvosos, pois não havia coleta de dados.

Esses dados eram anotados conforme os primatas eram vistos, e eram contabilizados o número de indivíduos do grupo, a distância entre o observador e o primeiro primata visto e o ângulo de avistamento. Essa distância do observador até o animal avistado e o ângulo era feita através de aparelhos específicos como o telêmetro/hipsômetro e a bússola magnética. E para os cálculos da densidade e tamanho populacional foi utilizado o programa Distance 5.0. A escolha dos modelos contidos no programa foram encaminhadas considerando os menores valores de AIC (Akaike Information Criterion) e de CV% (Coeficientes de Variação).

Em 41 dias de amostragem, foram percorridos 164 km e avistados 85 primatas, sendo 4 de Alouatta clamitans, com uma variação de 2 a 6 (3,25 ± 1,89). Esta espécie foi a menos encontrada na área de estudo, assim não foram realizadas a estimativa de densidade e tamanho populacional, pois estimativas de densidade geradas a partir de avistamentos reduzidos fornecem resultados pouco confiáveis e com altos valores de coeficientes de variação. O texto aponta que é provável que os 4 avistamentos foram de um mesmo grupo, assim acreditam na existência de só um grupo de A. clamitans no Parque, e sua densidade populacional estimada é de 3,37 ind./km².

 Foram 30 de C. nigrifrons, com uma variação de 1 a 5 (2,3 ± 1,02), a largura efetiva do transecto (m) foi de 8,82 ± 19,56, a densidade dos grupos/km² foi de 10,36 ± 4,16, a densidade dos indivíduos/km² de 23,83 ± 9,78 e o tamanho estimado da população (individual) foi de 83,0 ± 34,0, sendo que foi a espécie que apresentou a maior densidade populacional na área de estudo.

A C. aurita, foram avistados e registrados 28, com variação de 1 a 8 (3,25 ± 1,85), a largura efetiva do transecto (m) foi de 13,01 ± 23,74, a densidade dos grupos/km² foi de 4,86 ± 1,88, a densidade dos indivíduos/km² de 14,76 ± 5,92, e foi considerada alta se comparada às estimativas de densidade das espécies disponíveis na literatura. O tamanho estimado da população (individual) foi de 52,0 ± 20,8.

Já os da espécie C. nigritus foram 23 de com uma variação de 1 a 11 (4,82 ± 3,31),  a largura efetiva do transecto (m) foi de 35,00 ± 0,00, a densidade dos grupos/km² foi de 1,60 ± 0,37, a densidade dos indivíduos/km² de 7,71 ± 2,13, considerada baixa, porém este valor está dentro das variações de densidades registradas em diferentes localidades da Mata Atlântica que fica entre 0,9 e 66,2 ind./km². O tamanho estimado da população (individual) foi de 27,0 ± 7,4.

Ainda de acordo com o artigo vários fatores podem influenciar a densidade populacional das  espécies, como por exemplo, a disponibilidade de recursos, a dieta e a flexibilidade ecológica da espécie, a competição por recursos, a pressão predatória, a caça ilegal e a fragmentação de habitats. Sendo assim, não é possível definir exatamente os motivos para as baixas densidades de A. clamitans e C. nigritus e as altas densidades de C. nigrifrons e C. aurita para a área de estudo. Para definir seriam necessários mais estudos.