A Educação Ambiental
Por: marisabbag • 18/5/2019 • Seminário • 2.871 Palavras (12 Páginas) • 204 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental é um processo que procura propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, a fim de aclarar valores e desenvolver atitudes de uma postura consciente e ativa a respeito da conservação e utilização adequadas dos recursos naturais para melhoria da qualidade de vida, diminuição da situação de pobreza extrema e do consumismo desenfreado. (MININI, 2000).
A evolução da Educação Ambiental acompanhou o histórico das concepções de meio ambiente e do modo como este era percebido. Desde o inicio da década de 50, o fenômeno dos “Smog”, na Inglaterra, foi o marco inicial, onde oito mil pessoas vieram a óbito devido ao mesmo. Outros desastres também foram relatados em vários lugares do planeta, como a poluição da baía de Minamata, no Japão, e a questão do DDT (dicloro difenil tricloetano, um inseticida muito usado nesse período) (MARQUES, 2005).
Segundo GAYFORD & DORION (1994), o termo “Educação Ambiental” foi cunhado em 1965, pela Royal Society of London, onde se remetia a uma definição mais relacionada com a preservação dos sistemas de vida. Igualmente, em 1970, a União Internacional de Conservação à Natureza (IUCN) fez a primeira definição internacional, limitando a Educação Ambiental para a compreensão e apreciação das inter-relações entre o homem, sua cultura e seu meio biofísico (SATO, 1994-b).
Após 1970, a Educação Ambiental foi sendo percebida de forma mais abrangente e, em 1972, a Conferência de Estocolmo marcou uma etapa muito importante na ecopolítica internacional, destacando o ser humano como o principal protagonista na conservação do planeta Terra, visto que a ação antrópica gera séria degradação ambiental, criando severos riscos para o bem estar e sobrevivência da humanidade (RIBEIRO, 2010).
Na ebulição das discussões sobre a interdisciplinaridade, a Conferência de Belgrado (1975) entendeu como absolutamente vital que os cidadãos de todo o mundo insistissem a favor de medidas que dessem suporte ao tipo de crescimento econômico sem repercussões prejudiciais às pessoas e que não diminuam de nenhuma maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente, declarando também o caráter interdisciplinar do tema e sugere a criação de um programa mundial em Educação Ambiental. (PEDRINI, 1997).
Finalmente, em 1977, a I Conferência Intergovernamental de Tbilisi (Geórgia) definiu as primeiras recomendações sobre a Educação Ambiental. Internacionalmente e nacionalmente, diversos eventos foram realizados e a recente Agenda 21 (SATO & SANTOS, 1996) destaca a importância da Educação Ambiental, não somente em seu capítulo 36, mas virtualmente nos seus 40 capítulos de ações e estratégias para o desenvolvimento da humanidade.
Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, alicerçado na industrialização, com sua forma de produção e organização de trabalho, a mecanização da agricultura, o uso intenso de agrotóxicos e a alta concentração populacional nas cidades. As relações político-econômicas que permitem a continuidade dessa formação econômica e sua expansão resultam na exploração desenfreada de recursos naturais, especialmente pelas populações carentes de países em desenvolvimento como o Brasil (PCN, 1996).
Este modelo de desenvolvimento desigual, excludente e esgotante dos recursos naturais, baseado num modelo econômico que propicia a concentração da renda, potencializa o aumento da miséria e da fome. Conforme tal modelo de desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, surgiram manifestações e movimentos que refletiam a consciência de parcelas da população sobre o perigo que a humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente (PCN, 1996).
Na década de 80, as escolas começaram a trabalhar a temática ambiental, porém, de maneira tímida, fragmentada, e, em geral, pouco crítica. As questões sobre as quais mais se falava, por exemplo, eram de cunho exclusivamente biológico e preservacionista, dissociadas de seu contexto social, histórico, cultural, político e econômico (KRASILCHIK, 1986; CARVALHO, 1989; OLIVEIRA, 2004).
Em 1999 cria-se a Política Nacional de Educação Ambiental, através da LEI No 9.795 de 27 de abril de 1999. Abaixo está destacado o Art. 5º, que se refere aos Objetivos da Educação Ambiental:
I. O desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II. A garantia de democratização das informações ambientais;
III. O estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV. O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V. O estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI. O fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII. O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
Atualmente, nas escolas, o tema educação ambiental tem sido trabalhado com mais ênfase. As editoras agora passaram também a colocar no mercado livros didáticos intitulados “Educação Ambiental”. Porém, nota-se nesses livros que a temática ambiental é analisada apenas pelo seu enfoque ecológico; pouca ou quase nenhuma ênfase é dada na forma como essas questões repercutem no cotidiano das pessoas (CARVALHO, 1996; OLIVEIRA, 2004).
Para TORRES (1996), a Educação Ambiental deve ser trabalhada de forma a contribuir na formulação de respostas à sociedade em seu conjunto. Não se trata, simplesmente, de conservar a natureza como um objetivo do desenvolvimento sustentável, mas sim de construir novas realidades e novos estilos de desenvolvimento que permitam as manifestações da diversidade natural e cultural, do desenvolvimento de potencialidades individuais e coletivas para a transformação de um projeto educativo.
Uma alternativa para a abordagem do tema ambiental nas escolas seria através dos temas transversais. Os temas transversais, segundo o Ministério da Educação (MEC), “são temas que estão voltados para a compreensão e para a construção da realidade social e dos direitos e responsabilidades relacionados com a vida pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação política”.
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