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A GESTÃO AMBIENTAL

Por:   •  10/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.023 Palavras (13 Páginas)  •  288 Visualizações

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Introdução

s inovações tecnológicas, que despontam no mundo globalizado da mídia eletrônica, estão implicando em conformações diferenciadas da vida social contemporânea e levando a ressignificações de conceitos, tais como o de infância, juventude, velhice, família, inclusão ou exclusão social e muitos outros, pois remodelam sociedades e identidades em todo o mundo. Nos casos da infância e da juventude, Postman (2005) afirma o desaparecimento da infância em decorrência do fato de que, com a televisão, as informações são tão publicizadas que se tornam diluídas as linhas fronteiriças entre as crianças e os adultos. Na sociedade balizada na difusão irrestrita e avassaladora de informações, o processo de alfabetização perderia sua característica de metáfora do desenvolvimento humano, pois as crianças, precocemente expostas à torrente de informações, não seriam capazes de elaborá-las, o que causaria uma espécie de descompasso entre a assimilação de tais informações e os estágios do desenvolvimento psicocognitivo infantil. Assim, o acesso praticamente irrestrito às informações engendraria tanto o desaparecimento da concepção moderna de infância – posto que não haveria mais segredos capazes de impulsionar as crianças a terem certas aptidões que as habilitariam, na fase adulta, a dominá-los –, quanto o surgimento do chamado adulto-criança, um ser híbrido situado entre os recém-nascidos e os senis, cujas destrezas que o identificariam como adulto estariam em franco declínio, tais como uma “refinada capacidade de pensar conceitualmente e em sequência a tolerância para com o adiamento da satisfação e uma preocupação com a continuidade histórica” (Postman, 2005, p. 113). Já Castells (2007) chega a afirmar que as vidas das pessoas estão sendo moldadas pelas forças das sociedades em rede, sob o impacto da globalização nas identidades, quando as interconexões Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 961-980, jul.-set. 2010 963 Disponíveis em Antonio A. S. Zuin entre a tecnologia, a economia e a cultura estão desafiando, combatendo e impactando umas às outras em escala mundial. Nesse novo contexto, ocorrem processos sociais profundos, gerando outros tipos de desigualdades, que vêm se agregar às existentes, de modo que mais diferenças sociais e econômicas são deixadas a descoberto, de forma contrastante, e iluminam novas formas de poder e controle social em uma sociedade de classes fortemente marcada pela marginalização das pessoas. Uma das contradições marcantes é a de que, ao mesmo tempo em que as forças impactantes caminham no sentido do reforço do poder e controle social, elas podem permitir dimensões democráticas, na medida em que as novas tecnologias de mídia, distribuída com acesso livre e diversificada, permitem mais fluidez e maior participação social. Evidentemente, as políticas educacionais desenvolvidas em nosso país não podem ser apartadas, ou mesmo se apartarem, do enfrentamento de tal contradição, ou seja, o uso das chamadas novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) pode enveredar tanto para o recrudescimento do poder e controle social, quanto para o reforço de práticas democráticas. De todo modo, diante de tantas transformações presentes nas esferas privada e pública envolvidas na utilização das TIC, os indiví- duos precisam pensar criticamente o presente, colocando-lhe questões e procurando caminhos possíveis de apreensões, interpretações e entendimentos, enfim, maior compreensão, no sentido de se construir trajetórias progressistas face às transformações em curso. Partindo do reconhecimento da necessidade e da importância desse exercício crí- tico de pensamento, os autores desse artigo têm como objetivo refletir sobre o modo como as TIC foram consideradas no Documento Final da Conferência Nacional de Educação (CONAE), cujas considerações servirão de base para a elaboração das diretrizes e estratégias de ação do novo Plano Nacional da Educação (PNE) 2011-2020

É interessante observar que tais objetivos do SNE, quanto à rela- ção entre tecnologia, informação e comunicação, se refiram aos aspectos técnicos, pois há certa ausência no Documento-Referência da CONAE a respeito das ressignificações que as inovações tecnológicas determinam na infância, na inclusão e exclusão social e nos processos educacional/ formativo. Não se pode asseverar que há uma ausência total de considerações sobre as TIC naquele documento. Como exemplo, a polêmica sobre a educação a distância é mencionada e será analisada nesse artigo, mas não há como se tornar indiferente ao modo como as influências das TIC são superficialmente mencionadas e refletidas no texto daquele documento, principalmente se compararmos tal superficialidade com as várias páginas, cujos conteúdos objetivam pertinentes reflexões sobre temáticas tais como qualidade da educação, financiamento da educação, e a relação entre a educação e processos de inclusão, diversidade e igualdade. Nesse momento, surgem as questões: 1) Quais seriam as razões da temática das novas tecnologias de informação e comunicação ser tratada de forma periférica, sobretudo num documento de tal importância, uma vez que se propõe a subsidiar a elaboração das diretrizes de ação do PNE 2011-2020 e do SNE?; 2) Se as inovações tecnológicas acarretam tantas ressignificações em nossas vidas e, particularmente, na construção de nossas identidades como educadores, por que tal preocupação não adquiriu a condição de eixo temático no Documento-Referência da CONAE? Talvez, as respostas para essas questões se refiram ao fato de que tais transformações proporcionadas pelo desenvolvimento das forças produtivas, notadamente as de âmbito tecnológico, ocorrem numa tal velocidade que dificultam a composição de reflexões mais elaboradas sobre tal processo. Provavelmente, diante da rapidez do desenvolvimento dessas tecnologias, a expressão, tão comumente usada, de que estamos dentro do “olho do furacão”, não represente apenas uma figura de linguagem. Se, na época do incipiente capitalismo monopolista, era verossímil a ponderação materialista-histórica de Walter Benjamin (1985) de que a superestrutura se modifica mais lentamente do que suas bases econômicas, então, talvez até mesmo Benjamin se assombrasse diante da Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 961-980, jul.-set. 2010 965 Disponível em Antonio A. S. Zuin velocidade que as atuais relações de produção impingem à esfera da superestrutura, as quais precisam acompanhar o ritmo cada vez mais acelerado de tais mudanças. Se, por exemplo, na sociedade atual, alguém não se apresenta por meio de uma identidade eletrônica, é como se essa pessoa não existisse fisicamente; como se a sua existência concreta necessitasse ser virtualmente confirmada, pois, caso contrário, não seria percebida pelos outros. É nessa atual sociedade que o computador há muito deixou de ser um aparelho caracterizado como uma máquina de escrever aperfeiçoada, pois essa máquina.

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