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Anisio Teixeira, "visão" do futuro

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Por:   •  5/6/2014  •  Seminário  •  3.784 Palavras (16 Páginas)  •  315 Visualizações

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Anísio Teixeira, uma "visão" do futuro

A HISTÓRIA DE Anísio Teixeira, e todo o seu movimento para a concretização das suas ideias, constitui um verdadeiro exemplo para a humanidade e para os educadores. Praticava a reflexão pela ação, construindo, na prática, toda uma filosofia que deixou profundas marcas e grandes contribuições para a civilização, em todos os postos ocupados na área de educação.

No centenário do seu nascimento, a importância da obra de Anísio Teixeira para o país, e para o estado da Bahia em particular, está sendo lembrada num ciclo de atitudes, eventos e comemorações que culminam com a recuperação física e estrutural de uma das obras mais significativas para a educação básica: a revitalização do Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro, que inclui a Escola Parque, uma experiência de educação para a formação integral do homem.

Quando a Secretaria de Educação do Estado da Bahia deslanchava o processo de reestruturação do Centro, a primeira visão do espaço físico retratava e refletia um forte impacto, perplexidade e até um certo desânimo. Os efeitos do tempo, da descontinuidade administrativa e da incompreensão da proposta original que concretizava os sonhos do educador Anísio Teixeira, fizeram com que a Escola Parque se descaracterizasse, quase nada restando dos seus pressupostos teóricos e princípios de atuação, dos seus mestres e dos produtos concretos dos seus trabalhos.

Ao propor os elementos fundamentais para a revitalização do Centro, revisitamos o mito de Hércules, lembrando que seria preciso transcender a uma avaliação permanentemente "mental", buscando dentro de nós, e ao nosso redor, apoios e soluções "intuitivas" para que a nossa "força" fosse renovada pela emoção, pela fé e pelo compromisso com este processo de reconstrução. Em meio ao desgaste físico, as imagens simbólicas do que foi outrora o Centro foram integrando, junto com a visualização do que o Centro poderia ser na contemporaneidade, um rico "mosaico" de representações que já começava a superar a imagem real.

Assim como Hércules, estamos fazendo ecoar os nossos "címbalos", pois apenas estes, podem vencer e afastar os "pássaros devastadores"; apenas este som pode superar o ruído ensurdecedor praticado pelos "pássaros", enriquecendo as propostas mentais e racionais com uma magia, com uma energia transfigurada pela alegria e pelo prazer do resgate do sonho sonhado por um homem que fez realidade. Não se poderia prolongar o destrato com a obra de um filho tão querido e respeitado.

O Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro foi o espaço onde Anísio Teixeira introduziu e experimentou as suas concepções de educação. A sua luta maior consistia na busca da conquista da universalização da educação pública e gratuita. Em seus trabalhos ressaltou a importância da educação escolar para integrar o país na civilização letrada. Entendia a escola pública como uma máquina para a produção da democracia almejada, considerando-a como o mais significativo instrumento de justiça social e de correção das desigualdades provenientes da posição e da riqueza. Considerava que o investimento na educação representava desenvolvimento social e pessoal, tendo como produto, resposta ou consequência a ascensão social, como acreditavam os liberais naquela época.

Para Anísio, a escola eficaz seria de tempo integral, tanto para os alunos, quanto para os professores. Quando se referia à universalização da educação básica para todos, assegurando em inúmeras situações que a educação não era privilégio de poucos, considerava a escolarização tradicional, à qual se contrapunha a proposta do Centro Popular, como apenas uma oportunidade de especialização, já que a educação era realizada no âmbito da classe e da sociedade, cabendo à escola apenas os ofícios intelectuais e sociais.

Já naquela época a universalização pretendida pelos liberais não consistia na democratização da escola existente, em sua racionalidade, rigidez e parcialidade. Os ideais da universalização passaram a se alimentar dos pressupostos da convenção francesa, apontando para a luta por uma nova concepção de sociedade, sem privilégios de classe, de dinheiro, de herança, época em que a escola única ganhou importante significado. Para os liberais, o indivíduo poderia buscar na escola, e pela escola, a sua posição na vida social. Nesta perspectiva, os "dotes" inatos, devidamente desenvolvidos, determinariam a posição social, numa sociedade considerada moderna e realmente democrática.

Anísio pretendia a universalização de uma nova escola, aquela proposta no Centro Popular, comum para todos, a chamada "escola única", onde as crianças de todas as posições sociais iriam "formar a inteligência, a vontade, o caráter, os hábitos de pensar, de agir e de conviver socialmente".

Ressalta-se no dizer de Anísio uma identidade com a nova concepção de educação para o milênio que se inicia, proposta pelo Relatório Delors-Unesco, indicando a sua estruturação a partir de quatro princípios pilares: "aprender a conhecer", "aprender a fazer", "aprender a viver juntos", "aprender a ser", que pensados na sua interação e interdependência, fundamentam-se numa concepção de totalidade dialética do sujeito.

Para Anísio, a escola tradicional era a oficina do conhecimento racional e a oficina do trabalho era a escola do conhecimento prático. Uma não conhecia a outra, eram dois mundos à parte, que poderiam se admirar e se odiar, mas não se compreender. A aproximação destes dois mundos, com a consequente transformação de ambos, se deu com o advento da ciência experimental que nasceu quando o homem do conhecimento racional resolveu utilizar os meios e processos do homem da oficina, não apenas para "fazer apetrechos", mas para elaborar o "saber" e para produzir novos conhecimentos.

Assim, a experiência prática tomou o lugar do conhecimento empírico, produzindo as tecnologias experimentais que, por sua vez, substituíram as artes empíricas. Para ele, os dois sistemas se fundiram em um método comum de pensamento e ação.

A despeito de as experiências educacionais tradicionalmente terem se constituído em elementos de manutenção e reprodução dos valores da sociedade; esta nova escola, proposta por Anísio Teixeira na década de 50, passou a ser destinada não somente a reproduzir a comunidade humana, mas a erguê-la em um nível superior ao existente no país.

O Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro foi criado como um modelo para a universalização da educação

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