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Ações Sobre o Meio Ambiente Centro de Vigilância Sanitária

Por:   •  30/3/2023  •  Artigo  •  1.478 Palavras (6 Páginas)  •  102 Visualizações

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QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊ; UMA APROXIMAÇÃO ATRAVÉS DAS INTERNAÇÕES HOSPITALARES POR DOENÇAS RELACIONADAS ÀS CONDIÇÕES SANITÁRIAS E AMBIENTAIS

[pic 1]

Luís Sérgio O. Valentim Luíz Antônio D. Quitério

Divisão de Ações Sobre o Meio Ambiente Centro de Vigilância Sanitária - SP

  1. INTRODUÇÃO

[pic 2]

Uma das formas de avaliar a qualidade de vida de uma população é através da análise dos dados de saúde, aqui entendidos como os registros de morbi- mortalidade.

Algumas doenças têm relação mais estreita com as condições sanitárias e ambientais. Portanto, a qualidade e quantidade da água consumida, a forma de disposição dos resíduos sólidos, entre outros fatores, têm influência direta na saúde da população.

Podemos dizer que toda doença acarreta um custo econômico e social. Ao Sistema Único de Saúde (SUS) ela pode demandar procedimentos médicos, gastos com medicamentos, internações hospitalares etc. À população, ela muitas vezes ocasiona a interrupção ou redução no ritmo de suas atividades produtivas e sociais, ou, em casos mais extremos, seqüelas graves ou mesmo a morte.

Assim, é possível, através da avaliação dos dados de saúde, quantificar os impactos que as condições de salubridade do ambiente acarretam à sociedade.

Os dados utilizados neste trabalho abrangem os municípios da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e são provenientes do site do DATASUS na Internet (www.datasus.gov.br), que apresenta, de forma concisa, informações referentes ao SUS.

As doenças consideradas em avaliações desse tipo são aquelas incluídas no Capítulo I da Classificação Internacional de Doenças (CID), que refere-se a doenças infecciosas e parasitárias (Quadro I).

Tradicionalmente associadas a deficiências sanitárias decorrentes de processos de urbanização sem planejamento ou a áreas rurais desprovidas de serviços de assistência à saúde, a ocorrência dessas doenças reflete o sofrimento humano, passível de prevenção, a que se expõem contingentes significativos da população brasileira.

Quadro 1

Principais doenças relacionadas a deficiências sanitárias e outros aspectos ambientais

CÓD. CID

NOME

001

Cólera

002

Febre tifóide

004

Shiguelose

005

Intoxicações alimentares (bacterianas)

006

Amebíase

008

Infecções Intestinais dev. A outros microorganismos

009

Infecções intestinais mal definidas

070.0/070.1

Hepatite por vírus tipo A

076

Tracoma

100

Leptospirose

120

Esquistossomose

FONTE: CID 9

É importante frisar que os dados apresentados a seguir referem-se apenas às doenças que, por diferentes motivos, demandaram internação hospitalar, trata-se, desta forma, de uma análise sobre parte do problema, já que:

  • Nem toda doença gera demanda ao SUS, pois muitos casos são tratados através da automedicação ou outras formas alternativas.
  • Grande parte das doenças não apresenta gravidade suficiente que justifique internação, demandando apenas atendimento ambulatorial.
  • Muitos casos são atendidos fora do SUS (internações através de convênios particulares, por exemplo). Desta forma estão fora das estatísticas aqui utilizadas.

Cabe destacar ainda que os dados de morbidade são dependentes da precisão no diagnóstico das doenças e de sua correta codificação para efeitos estatísticos. Estas condições nem sempre são adequadamente atendidas pelo sistema.

Os dados referentes às internações e suas variáveis abrangem os últimos cinco anos, ou seja, de 1992 a 1997. Nas tabelas que envolvem aspectos financeiros, o período abordado foi de três anos, de 1995 a 1997, anos em que a moeda considerada já era exclusivamente o real.

Por fim, o trabalho se limitou à abordagem das internações na bacia, sem maior aprofundamento na distribuição das doenças por municípios e suas respectivas incidências. Isto se deve às características da fonte consultada, que considera o local das internações, não o local de residência do paciente. Este aspecto é importante, pois em doenças que envolvem aspectos sanitários e ambientais, o local de moradia do doente fornece informações importantes para determinação das prováveis fontes de infecção e contágio. Pesquisas em outros fontes do DATASUS possibilitam esse detalhamento.

  1. IMPACTO FINANCEIRO AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

DEVIDO AO GRUPO DE DOENÇAS ANALISADO        

No período considerado, o SUS realizou 73.292 internações motivadas por doenças que têm estreita relação com as condições sanitárias e ambientais nos 39 municípios das bacias Hidrográficas do Alto Tietê, conforme Tabela 01.

Observa-se que mais de 90% das internações foram devido a infecções intestinais mal definidas, ou seja, as que, por falta de maior precisão no diagnóstico, não puderam ter seus agentes infecciosos identificados.

Tabela 1

Doenças e número de internações hospitalares realizadas pelo SUS na área da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê ( 1992 a 1997 )

DOENÇAS

NÚMERO

Infecções intestinais mal definidas

67.614

Leptospirose

2.131

Hepatite por vírus – tipo A

1.675

Esquistossomose

837

Intoxicação alimentar

649

Febre tifóide

128

Infecções intestinais devido a outros microorganismo

124

Shiguelose

83

Amebíase

21

Cólera

18

Tracoma

12

Total

73.292

Fonte: DATASUS

As doenças apresentam características diversas e, portanto, exigem cuidados médicos diferenciados. Algumas necessitam de maior tempo de internação e procedimentos mais especializados. À medida que aumenta o período de internação, aumentam os custos hospitalares e, muitas vezes, o risco de adquirir infecções oportunistas (infecção hospitalar).

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