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BASES BIOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA IDADE E CRESCIMENTO

Por:   •  31/8/2017  •  Projeto de pesquisa  •  6.439 Palavras (26 Páginas)  •  341 Visualizações

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BASES BIOLÓGICAS

PARA O ESTUDO DA

IDADE E CRESCIMENTO

1. Introdução

        O desenvolvimento consiste num processo de mudanças irreversíveis que ocorrem desde o momento em que se forma o óvulo até a morte do indivíduo, o qual existe por metabolismo, isto é, tomando elementos do meio ambiente em que vive, e nele descarregando seus produtos. O crescimento é a expressão quantitativa do desenvolvimento.

        As espécies aquáticas têm, teoricamente, capacidade de crescer continuamente, dependendo da abundância do suprimento alimentar, embora com restrições biológicas ao longo do ciclo vital. Num sentido mais amplo, o crescimento é um processo interminável, continuando de geração a geração; em termos do individuo, seu começo é a fertilização do óvulo, o alcance da maturidade sexual fornece a continuidade e o fim do desenvolvimento é a morte.

        As espécies exploradas apresentam grandes variações na taxa de crescimento durante as fases larval e jovem, quando estão submetidas à elevada mortalidade, com reflexos, de modo que o padrão de crescimento da população deve ser reavaliado periodicamente, tendo em vista sua dependência a variações temporais na densidade, causadas principalmente pela intensidade do esforço de pesca.

        Embora a determinação da idade e, portanto, do crescimento seja possível, geralmente, apenas para a faixa de comprimento com que os indivíduos se tornam vulneráveis ao aparelho de pesca, é importante estabelecer todas as fases do ciclo vital da população e estimar sua abundancia e biomassa, para que se possa verificar as múltiplas formas de dependência entre as mesmas.

Em termos de populações naturais, o aspecto mais importante é determinar a variação do comprimento e pesos individuais em função da idade (curva de crescimento), por onde se pode avaliar se o estoque, num determinado período, apresenta saldo positivo ou negativo de biomassa em funções dos ganhos por crescimento e perdas por mortalidade. Em se tratando de populações confinadas (cultivo), procura-se determinar a taxa de crescimento sob diferentes condições ambientais e de alimentação (qualitativa e quantitativa), tendo em vista a maximização do ganho de peso com menor custo.

A composição de uma população pode ser representada pelo número e pesos totais dos indivíduos em cada grupo de comprimento e idade, levando-se também em consideração a proporção sexual nesses estratos. Sua importância no contexto da dinâmica populacional consiste em que esta é uma característica da espécie e, eventualmente, das populações componentes, estando, portanto, sujeita a constantes modificações dentro de certos limites devido à própria variabilidade dos fatores bióticos e abióticos do ecossistema a que pertencem.

Desta forma, a idade corresponde à descrição quantitativa do tempo de vida de um organismo enquanto que o crescimento mede a variação do corpo ou de parte do corpo, em comprimento ou em peso, entre dois momentos temporais. Taxa de crescimento é a medida de variação do tamanho em função do tempo daí o crescimento pode ser bem avaliado através de taxas de crescimento.

Sendo a idade desconhecida, como é normalmente o caso de espécies que vivem no seu ambiente natural, a determinação da idade assume um papel determinante nos estudos de crescimento. Tanto a idade como o crescimento, podem ser medidos ao longo de intervalos que podem variar desde horas, dias ou anos. Embora a idade e o crescimento descrevam aspectos diferentes, eles estão intimamente, relacionados.

2. Estágios de desenvolvimento

A definição de estágios de desenvolvimento torna-se um tanto quanto confusa, pois varia de acordo com a espécie, mas para os propósitos do estudo da dinâmica populacional, quatro estágios podem ser estabelecidos: ovo, larva, jovem e adulto, com taxas específicas de crescimento e mortalidade.

        Fase de ovo. O processo embrionário se inicia com a fecundação do óvulo, formando a membrana dentro da qual o embrião cresce às custa do vitelo, reserva alimentar fornecida pelo organismo materno, e que é também utilizada para a nutrição da larva por algum tempo após sua eclosão. O período de incubação dos ovos pode variar de algumas horas a mais de um ano, em proporção inversa com a temperatura, dentro de uma faixa de tolerância. Por exemplo, antes de amadurecer, os ovos de teleósteos marinhos se tornam flutuantes, com a adição de fluidos que são mais leves que a água do mar. Ovos não flutuantes geralmente são do tipo adesivo, para evitar as enormes perdas com dispersão, e as larvas eclodem nas proximidades dos locais de desova. De modo geral, espécies de água doce produzem ovos maiores do que as espécies marinhas, mas em número bem menor, fato que determina geneticamente o tamanho inicial, que devem ter maior potencial de crescimento, fato que perdura durante todo o ciclo vital.

        Fase de larva. Esta fase compreende indivíduos entre os instantes da eclosão e da metamorfose, e sua forma, tempo de vida e taxa de crescimento variam bastante, principalmente ao se considerar os grandes grupos filogenéticos. No caso dos peixes teleósteos, o período crítico ocorre com transformação da pós-larva em larva propriamente dita, quando se verifica a passagem da alimentação pelo vitelo para a alimentação externa ou ambiental; quando se trata de elasmobrânquios, cujos embriões já são liberados em sua forma definitiva (alevino), a metamorfose é interna. O momento da eclosão é o inicio de um período crítico na vida de um organismo aquático, com profundas modificações fisiológicas e comportamentais: o minúsculo animal deve mudar seu sistema respiratório e excretor, de um intercâmbio através dos fluidos do ovo e da membrana, para um intercâmbio diretamente com a água através de estruturas corporais (guelras, rins, pele); deve manter seu equilíbrio osmótico sem ajuda da membrana do ovo; torna-se um objeto natante, assim mais provável de atrair a atenção de predadores; e deve capturar e digerir seu próprio alimento, logo que suas reservas de vitelo forem utilizadas.

        Fase Juvenil. Começa com a metamorfose da larva para a forma definitiva, semelhante à do adulto, e termina quando o indivíduo atinge a maturidade sexual. Como nessa fase ocorre apenas desenvolvimento somático, a espécie atinge sua taxa de crescimento mais elevada.

        Fase adulta. O indivíduo atinge capacidade reprodutiva, que se processa em ciclos periódicos, ou não, de acordo com a freqüência de desova. Nesta fase, o crescimento em tamanho (somático) passa a receber a competição do crescimento genético, pois as gônadas exigem energia para seu desenvolvimento. A taxa de crescimento diminui gradualmente até a senilidade, enquanto aumenta a utilização de material nutriente para a formação dos produtos sexuais, de modo que o crescimento genético torna-se proporcionalmente maior do que o desenvolvimento somático. Isto explica porque as fêmeas de espécies marinhas apresentam menor taxa de crescimento, mas atingem maior tamanho do que os machos, como por exemplo, a cavala e a serra. Em água doce, o tamanho maior parece estar associado com o sexo que protege a prole ou constrói o ninho. Segundo estudioso, o principal motivo porque peixes maiores convertem menor fração do seu alimento em novos tecidos se deve a uma redução na área superficial das guelras, de modo que a quantidade de oxigênio absorvido para a síntese de substancia corporal é suficiente apenas para a manutenção do organismo.

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