Histórico do desenvolvimento do Magnetismo e da Biologia
Trabalho acadêmico: Histórico do desenvolvimento do Magnetismo e da Biologia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: salomaovsl • 30/9/2013 • Trabalho acadêmico • 6.700 Palavras (27 Páginas) • 590 Visualizações
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ÍNDICE
1. HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DO MAGNETISMO
E DA BIOLOGIA 2
2. O ANTIGO MAGNETISMO ANIMAL 7
3. O MODERNO MAGNETISMO ANIMAL 12
3.1. BACTÉRIAS E MICROORGANISMOS 13
3.2. FORMIGAS 16
3.3. ABELHAS 20
3.4. PEIXES 24
3.5. PÁSSAROS 28
4. CONCLUSÃO 30
5. GLOSSÁRIO 30
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O Magnetismo Animal e seus Aspectos ao longo do
Desenvolvimento da Biologia e do Magnetismo
Rafael Monteiro Fernandes e Sergio d’Almeida Sanchez
Instituto de Física “Gleb Wataghin”, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, SP, Brasil
Janeiro de 2001
Neste trabalho, apresentamos como o conceito de Magnetismo Animal evoluiu e
influenciou o homem desde os primórdios do Magnetismo até os dias de hoje.
Enfocamos especialmente os caminhos e resultados da pesquisa recente neste
campo, realizada principalmente através de estudos dos efeitos do campo
magnético na orientação de bactérias, formigas, abelhas, peixes e pássaros.
1. Histórico do desenvolvimento do Magnetismo e da Biologia
Vamos iniciar nossa discussão sobre o Magnetismo Animal apresentando
como o Magnetismo e a Biologia se desenvolveram ao longo da História e em que
momentos (e sob que aspectos) estas duas Ciências interagiram entre si. Maiores
detalhes sobre o assunto podem ser encontrados no artigo “Barros, H. G. P. L e
Esquivel, D. M. S. Interação do Campo Magnético da Terra com os seres vivos:
História da sua Descoberta, Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 22,
setembro de 2000”, no qual nos baseamos para fazer esta parte do trabalho.
Acredita-se que os fenômenos magnéticos foram observados pela primeira
vez há cerca de 3000 anos, através de interessantes propriedades de certas
rochas da Magnésia, província grega da Ásia Menor. Estas rochas, denominadas
magnetitas, tinham a capacidade de atrair um outro mineral, o ferro, à distância,
capacidade esta que se conservava mesmo após inúmeros contatos entre a
magnetita e os minérios de ferro. Foi a primeira vez que o homem pôde observar a
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ação macroscópica e efetiva de uma força à distância, já que as outras forças que
atuam sem contato, como a gravitacional e a elétrica, não ocorrem, para o
observador macroscópico, em qualquer situação (por exemplo, não se observam
os efeitos da atração gravitacional entre duas pedras pequenas, no dia a dia).
De início, pouco ou quase nada foi feito para se tentar compreender os
fenômenos magnéticos; pelo contrário, a força magnética foi demasiadamente
mistificada e tratada de modo ingênuo e emocional. Platão (427-347 a.C.)
descrevia a inspiração dos artistas fazendo analogias com o campo produzido
pela magnetita: assim como o poeta recebe de sua Musa inspiração e a Musa não
perde sua capacidade de inspirá-lo novamente, o ímã (ou magneto, como assim
são chamados os materiais que apresentam propriedades magnéticas) é capaz de
induzir seu magnetismo sobre o ferro, à distância, sem por isso perder seu próprio
magnetismo.
Aristóteles (384-322 a.C.) mencionou as forças magnéticas, no seu
“Tratado sobre a Alma”, para fazer uma analogia entre a ação da Alma, que
geraria o movimento dos animais, e a ação do ímã, que gera o movimento de um
pedaço de ferro.
Lucrécio (98-55 a.C.), um dos primeiros a defender a idéia filosófica de
átomo, tentou explicar a forma de atuação da força à distância da magnetita sobre
o ferro, no livro VI de seu Tratado-Poema “Da Natureza”. Para ele, os átomos do
material magnético, por alguma propriedade especial, expulsariam o ar presente
entre eles e o ferro de modo que este seria empurrado, pelo ar atrás dele, em
direção à magnetita.
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Estas idéias de caráter místico e sobrenatural ao redor do magnetismo logo
fez surgirem especulações, principalmente na Idade Média, a respeito de
possíveis curas provenientes de “usos medicinais” da magnetita e outros ímãs. O
principal representante desta primeira e tímida aproximação entre o Magnetismo e
a Biologia foi Paracelso (1493-1541). Suas contribuições estão mais bem descritas
na seção O Antigo Magnetismo Animal.
Um estudo mais científico e menos místico dos fenômenos magnéticos só
foi realizado em 1600, com a publicação de “De Magnete”, do inglês William
Gilbert (1544-1603). Nesta obra, Gilbert abandona o realismo ingênuo das idéias
sugeridas
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