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Nicolelis

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Por:   •  8/1/2014  •  Tese  •  7.698 Palavras (31 Páginas)  •  361 Visualizações

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Introdução

Um dos mais renomados cientistas da neurociência (área que estuda o sistema nervoso, desde seu comportamento, funcionamento, desenvolvimento e até seus problemas), o Doutor Miguel Nicolelis, que desenvolve trabalhos na área de neuropróteses e interação cérebro-máquina, está procurando maneiras de superar as limitações causadas por deficiências físicas ou por doenças degenerativas. Seu maior e mais ousado projeto, “Walk Again” (Andar de Novo), tem sua base conceitual fundada em várias pesquisas que tinham como principal objetivo dar aos animais em teste, novas habilidades, através da interface cérebro-máquina controlaria um membro não natural sem a interferência do corpo. Ou seja, somente com o pensamento. O objetivo da experiência de Nicolelis foi alcançado.

Assim, o objetivo do projeto “Walk Again” é fazer, através de um exoesqueleto conectado ao cérebro, com que portadores de paralisia esquelética possam se movimentar naturalmente, e que tenham sensibilidade tátil. A intenção é fazer a primeira exibição pública do funcionamento do exoesqueleto na Copa do Mundo de 2014.

Este e outros projetos envolvendo a neurociência têm sido importantes para o avanço da medicina e da ciência, e seus limites ainda são desconhecidos, como o próprio Doutor diz: “devemos pensar que o impossível é possível”.

Suas pesquisas - em particular o “Walk Again” - se dão a partir do processo de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), além de relacionar aspectos de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação), pois envolvem mudanças científico-tecnológicas e analisam consequências sociais e ambientais. Para que essas pesquisas tenham andamento, é necessária uma parceria entre os setores de apoio à pesquisa. Sabe-se porém que essas parcerias nem sempre acontecem e muitas vezes é preciso ir para o exterior (drenagem de cérebros) para se dar continuidade ou até mesmo iniciar uma pesquisa. Isso ocorre à exemplo de Miguel Nicolelis no início de sua carreira profissional, caracterizando um dos problemas que cercam e limitam o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em diversos países.

tecnologia do projeto “Walk Again” também será discutida nos âmbitos da democracia e da ética. Considerando fatores tanto do aparelho em si, quanto de seus aspectos socioeconômicos, de acordo com a temática CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e seus conceitos envolvidos. Considerações estas que tentam responder a pergunta seguinte: Nicolelis e sua pesquisa estão de acordo com as necessidades do novo século?

Contextualização teórica

Miguel Angelo Laporta Nicolelis, médico e Ph.D. em neurociência, brasileiro e um dos maiores e mais influentes cientistas do mundo na atualidade segundo a revista Scientific American [1] foi considerado pela Revista Época como um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. É autor de mais de 160 manuscritos, já editou vários livros e volumes especiais de revistas científicas, e atualmente tem três patentes nos Estados Unidos. [1] É o dono da cadeira Anne W. Deane, professor de neurociência da Universidade de Duke, fundador do centro de Neuroengenharia de Duke. Também fundou e é diretor do “Instituto Internacional de Neurociência Edmound e Lily Safra em Natal” [1]. É o grande responsável por uma das maiores pesquisas no mundo da ciência recente que pode ser a esperança para aqueles que possuem deficiências físicas ou doenças degenerativas.

Esse importante e influente cientista brasileiro, cresceu próximo à grande cidade de São Paulo, teve uma infância simples, se formou em medicina na Universidade de São Paulo (USP), e em 1984 recebeu seu doutorado na mesma universidade. Cinco anos depois, completou seu doutorado em psicologia. Em 1989, aceitou uma vaga de pós-doutorado nos Estados Unidos, em uma universidade em Hahnemann, Philadelphia. A mercê de completar seu pós-doutorado, o hoje renomado Doutor teve de tomar uma decisão: Ou voltar ao Brasil onde as oportunidades e recursos para pesquisa e desenvolvimento eram muito limitados, ou continuar nos Estados Unidos, uma potência no que se refere a P&D. Ele então mais tarde aceitou uma vaga facultativa na Universidade de Duke, ‘palco’ de sua pesquisa neurocientífica.

Neurociência é uma ciência interdisciplinar, é a ciência do sistema nervoso, “é todo o tipo de investigação sobre o sistema nervoso. Como ele se desenvolve, como ele funciona, como ele é parecido e diferente entre indivíduos e espécies.” [3]. A neurociência também nos revela como o cérebro produz nosso comportamento [2]. Essa área do conhecimento inclui três áreas fundamentais - neurofisiologia (investiga tarefas que cabem ao sistema nervoso), neuroanatomia (investiga a face estrutural do sistema nervoso) e neuropsicológica (investiga a interação entre o trabalho dos nervos e as funções psíquicas) [2]. As pesquisas nesse ramo da ciência estão crescendo a cada dia, e abordam diferentes aspectos.

Temos pesquisas que estudam as funções nervosas e suas alterações, como é o caso da pesquisa da professora da UFABC, Doutora Karin di Monteiro Pereira, que estuda a relação da consolidação dos diferentes tipos de memórias com o sono, em especial o sono REM [4]. E pode chegar à pesquisas que fazem o ser humano enxergar de novo através de outros modos, objetivo similar ao do projeto Walk Again. A pesquisa desenvolvida por neurocientistas em Middleton, Wisconsin (Wicab, Inc) já deu resultados e trouxe ao mercado o BrainPort, uma espécie de óculos que coleta informação visual por uma pequena câmera digital, que é transmitida para uma pequena unidade, que converte o sinal digital em pulsos elétricos, que são sentidos pela língua e transmitem a informação para o cérebro, simulando uma espécie de visão, sem a necessidade da retina [5].

Existe outra pesquisa realizada pelo Doutor Nicolelis e sua equipe que quebrou paradigmas da neurociência e exemplifica como o sistema neural pode assimilar funções não naturais, ou seja, como o cérebro pode aprender controlar membros não naturais (um terceiro braço, por exemplo) ou até a percepção de ondas eletromagnéticas que não seriam percebidas naturalmente. No conteúdo desta, um rato ganhou um ‘sexto sentido’ artificial, conseguiu ‘enxergar’ raios infravermelhos, que não são captáveis pelos olhos do animal. Neste estudo, não foram usados implantes cerebrais que visam restaurar funções perdidas, como recuperar o movimento de membros perdidos, mas sim que visam aumentar e percepção

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