Intervenções Motoras em Indivíduos Autistas
Por: Luiz Mario Moutinho • 18/6/2019 • Artigo • 6.964 Palavras (28 Páginas) • 230 Visualizações
Intervenções motora em indivíduos com TEA. Revisão de Literatura
Análise de publicações sobre os efeitos de intervenções motora em indivíduos com Transtorno do Espectro do Autismo.
Analysis of publications on the effects of motor intervention on Individual with Autism Spectrum Disorder.
Luiz Mário Barros MOUTINHO¹
RESUMO: A presente pesquisa trata-se de análise sistemática cujo objetivo é entender qual a importância dos programas de intervenção de atividade física realizados por professores de educação física, enquanto profissionais da saúde, para o individuo autista. Para tanto foi realizada uma investigação através de livros e periódicos sobre o tema autismo, identificando os principais estudos que foram feitos nos últimos anos em torno das atividades físicas na promoção de qualidade de vida do individuo com esse transtorno, elucidando as conclusões desses trabalhos. Foram reunidos 15 estudos, que totalizaram a investigação em 146 crianças e adultos diagnosticados com o transtorno do espectro do autismo e diferentes variantes e que participaram em atividades individualmente ou em coletivo. As intervenções pretenderam estudar a influência das atividades em vários aspectos comuns do autismo desde o comportamento agressivo e estereotipado, comportamento social, qualidade de vida e stress e aptidão física. Os programas de intervenção demonstraram melhoras significativas, mostrando a importância do exercício em indivíduos diagnosticados com TEA.
PALAVRAS-CHAVE: educação física, autismo, saúde, atividade física.
ABSTRACT: The present research is a systematic analysis whose objective is to understand the importance of the motor intervention programs carried out by physical educators, as health professionals, for the upright individual. For that, an investigation was carried out through books and periodicals on the subject of autism, identifying the main studies that have been done in recent years on physical activities to promote the quality of life of the individual with this disorder, elucidating the conclusions of these studies.
KEYWORDS: physical education, autism, heath, motor interventions.
1 INTRODUÇÃO
Segundo a ONU cerca de 1% da população mundial vive com autismo, isso é cerca de 70 milhões de pessoas, e nos últimos anos o autismo não só vem se destacando em meios midiáticos, mas também se torna cada vez mais tema de pesquisa em áreas médicas e educacionais. Porém apesar do aumento dos números “as pesquisas acerca do tema não despertam interesses na sociedade e ainda está em fase de descoberta pela falta de pesquisa direcionada a área no Brasil” (SALES, 2011).
Existe o conhecimento de que crianças e jovens acometidos pelo TEA podem apresentam dificuldade de relacionar-se com outras pessoas, consequentemente demonstram também complicações na articulação de palavras e nas expressões de personalidade (SOUZA; FACHADA, 2012; MATIKO OKUDA et al, 2010). Outro ponto a ser observado é que as os indivíduos com TEA apresentam características peculiares como: a existência de comportamento hiperativo (TREVARTHEN; DANIEL, 2005), apego inadequado a objetos e rotinas (ORRÚ, 2002), além de uma série de alterações nos domínios comportamentais, perceptivo-motores e cognitivos (LECAVALLIER, 2006).
Analisando o aspecto da motricidade dos autistas, há evidências que apontam alterações negativas em aspectos inerentes ao desenvolvimento motor. Orrú (2002) afirma em seus estudos que crianças com TEA podem manifestar atrasos no desenvolvimento de atividades naturais como a marcha. Vários autores também apontam para a existência de déficits em outras habilidades psicomotoras como o equilíbrio, a propriocepção e, a organização espacial e temporal (LARSON et al, 2008; LOURENÇO et al, 2016; RICHLER et al., 2007; FONTES, 2013), além de dificuldades em movimentos de controle motor fino (ESPOSITO; PASCA, 2013; JASMIN et al., 2008).
Tomé (2007) em seu estudo fala sobre a implantação da Educação Física nos programas de ensino para autistas, viabilizando um melhor desenvolvimento de suas habilidades sociais e melhoria na qualidade de vida e também que a atividade física, possui uma influência direta e positiva sobre a saúde e o bem-estar, desde que praticada de forma adequada, prevenido várias doenças crônicas (doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertensão, obesidade, diabetes, osteoporose, etc.) (WARBURTO; NICOL; BREDIN, 2006; KLAVESTRAND; VINGARD, 2009). Concordando com o autor Wrotniak et al. (2006), constata que, independentemente dos tipos de intervenção, a utilização da prática de atividades físicas regulares e ou lúdicas podem proporcionar melhoria da proficiência motora. No entanto diante da pluralidade dos tipos de intervenções motoras existentes, não podemos avaliar como cada tipo de atividade pode contribuir para o desenvolvimento motor, psicológico ou social do individuo autista.
O interesse em abordar este assunto nesta monografia de conclusão do curso de Graduação em Bacharelado em Educação Física surgiu pelo fato do autor sentir uma carência no tema autismo na sua formação de nível superior, e consequentemente entender como sua possível atuação possibilitando intervenções motoras para esse grupo específico pode contribuir para a qualidade de vida do mesmo.
Para tanto o presente trabalho apresenta um resgate histórico nos livros, periódicos e legislação a respeito do autismo bem como uma pesquisa em artigos recentes sobre a intervenção do profissional de educação física em indivíduos com o transtorno objetivando analisando como cada tipo de intervenção motora contribui para o desenvolvimento do autista.
2 O AUTISMO
O termo autismo foi utilizado pela primeira vez, segundo SALLES (2011), por Bleuer em 1911, tratando de crianças com perda de contato com a realidade, porém ainda relacionava esse comportamento a esquizofrenia e psicose infantil. Mais tarde Kanner trouxe observações sobre o autismo que contribuem com pesquisas até os dias de hoje. Ainda segundo Salles (2011) Leo Kanner apresentou relatos de crianças que negligenciavam tudo que vinha do meio externo e também uma perturbação muito grande com aquilo que podia modificar seu meio externo e interno.
...