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O TDAH E O CONSUMO DO METILFENIDATO – A ATIVIDADE FÍSICA COMO TRATAMENTO ALTERNATIVO EM CRIANÇAS

Por:   •  7/12/2017  •  Projeto de pesquisa  •  2.938 Palavras (12 Páginas)  •  564 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

MARIANA SANTOS SINGER

O TDAH E O CONSUMO DO METILFENIDATO – A ATIVIDADE FÍSICA COMO TRATAMENTO ALTERNATIVO EM CRIANÇAS

ILHÉUS - BAHIA

2016

MARIANA SANTOS SINGER

O TDAH E O CONSUMO DO METILFENIDATO – A ATIVIDADE FÍSICA COMO TRATAMENTO ALTERNATIVO EM CRIANÇAS

Pré-Projeto de Pesquisa apresentado para obtenção do último crédito final da disciplina Iniciação à Pesquisa II, do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Santa Cruz.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Paulino Ribeiro

ILHÉUS - BAHIA

2016

INTRODUÇÃO

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um “transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade” (American Psychiatric Association, 2014). É o atual rótulo diagnóstico usado para denominar os significativos problemas apresentados por crianças quanto à atenção, tipicamente com impulsividade e atividade excessiva. Representa uma das razões mais comuns para o encaminhamento de crianças a clínicas de saúde mental devido a problemas comportamentais e é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns na infância (BARKLEY e MURPHY, 2006). Antony e Ribeiro (2004) apud Silva et al. (2012), afirmam que ele caracteriza-se por distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais, expressando dificuldades globais do desenvolvimento infantil.

Segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V), publicado pela A. P. A. em 2014, para se diagnosticar devem estar presentes no mínimo 6 de uma lista de 9 sintomas de desatenção e/ou no mínimo 6 de uma lista de 9 sintomas de hiperatividade e impulsividade, em pelo menos dois locais de avaliação distintos. Em sua forma mais severa, causa grandes prejuízos, afetando o ajustamento social, familiar e escolar. É possível que haja uma prevalência superior de transtornos do aprendizado, transtorno de desafio e oposição, transtorno do espectro autista, transtorno de conduta, tiques, transtorno ansioso, transtornos do humor, abuso de drogas e alcoolismo em crianças com TDAH.

O TDAH possui uma forte predisposição hereditária, com fator de hereditariedade que pode alcançar 0,80. Sua prevalência varia entre 5 e 15% das crianças em idade escolar, e sua incidência é três vezes maior no sexo masculino (GOODMAN e STEVENSON, 1989; FARAONE et al., 1998; CUNNINGHAN e BARKLEY, 1978; POLANCZIK et al., 2007).

Newcorn et al. (1998) afirma que existem três hipóteses acerca do papel dos receptores alfa-adrenérgicos na fisiopatologia do TDAH. A primeira fala sobre os receptores alfa-adrenérgicos localizados no locus cerúleo e são responsáveis pela modulação da resposta dessa estrutura aos distratores internos e externos. A segunda hipótese se refere ao estímulo das fibras noradrenérgicas procedentes do locus cerúleo, que manteria o córtex parietal posterior pronto a responder a novos estímulos. Já uma terceira hipótese afirma que os neurônios noradrenérgicos localizados no córtex pré-frontal estimulariam esta região a processar estímulos relevantes, inibir estímulos irrelevantes e restringir o comportamento hiperativo. Nessas hipóteses, a disfunção desse sistema traria dificuldades de atenção.

A teoria científica atual defende que existe uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica na área frontal (pré-frontal, frontal motora, giro cíngulo); regiões subcorticais (estriado, tálamo médiodorsal) e a região límbica cerebral (núcleo accumbens, amígdala e hipocampo). Alguns trabalhos indicam uma evidente alteração destas regiões cerebrais resultando na impulsividade da pessoa (RUBIA et al., 2001). Além disso, pesquisas recentes apontam que também ocorre a participação de sistemas noradrenérgicos nos indivíduos com TDAH (HAN e GU, 2006).

O TDAH é um “produto” interessante para a indústria farmacêutica, uma vez que o Cloridato de Metilfenidato, mais conhecido como Ritalina® e é uma das drogas mais vendidas no mundo (BARBARINI, 2013). No Brasil, de 2000 a 2008, as vendas passaram de 71 mil caixas anuais para 1,2 milhão e o consumo mundial aumentou 66% entre 2006 e 2011, devido à banalização diagnóstica e hipermedicalização do TDAH (LEITE e COLLUCCI, 2010; ITABORAHY, 2009; CALIMAN, 2006; ANVISA, 2009/2010; JIFE, 2014). O mecanismo de ação do Cloridrato de Metilfenidato é o estímulo de receptores alfa e beta-adrenérgicos diretamente, ou a liberação de dopamina e noradrenalina dos terminais sinápticos, indiretamente (BENNETT et al., 1999).

Estudos sobre o uso do metilfenidato em crianças com transtorno ressaltam que entre os efeitos adversos mais comumente relatados estão a insônia, crises nervosas, hipertensão, dores de cabeça, alterações de apetite e taquicardia (BARKLEY, 1990; EFRON, 1997). Em estudos pré-clínicos, Martins et al. (2006), levando em conta trabalhos anteriores que demonstram que “a exposição repetida a drogas estimulantes podem levar a resistentes neuroadaptações que contribuem para o desenvolvimento de outras desordens psiquiátricas”, encontrou efeitos de lesão oxidativa em cérebros de ratos jovens expostos cronicamente ao metilfenidato.

Tratamentos unicamente medicamentosos servem para reduzir a agitação de crianças com TDAH durante as aulas, porém não trazem ganhos ao desenvolvimento escolar. Estudos demonstram que intervenções não medicamentosas, no contexto psicossocial, escolar e psicoterápico são capazes de auxiliar na diminuição dos sintomas do transtorno (SAFREN et al., 2004). Atividades físicas, igualmente tratamentos combinados (fármacos + terapias), têm proporcionado grandes melhoras nas funções executivas das crianças como, resoluções de problemas, planejamento e execução de tarefas e potencialização da memória (HUANG et al., 2014; HALPERIN & HEALEY, 2011; MAHON, ANTHONY, STEPHENS, 2008).

Em um estudo com crianças com TDAH que tomavam estimulantes, Harvey e Reid (1997) constataram que o desempenho delas em aptidão física e habilidades motoras grossas estavam abaixo da média, comparando com crianças com idade e sexo correspondentes. Para Freire (1997), a ação física e a ação mental estão de tal forma associadas, que avaliar um desses aspectos isoladamente causaria grandes prejuízos, não só para a aprendizagem escolar, mas para o desenvolvimento da criança. A atividade física é uma intervenção importante, pois auxilia na diminuição do estresse, concentrar a atenção, propicia uma “válvula de escape” para a energia dessas crianças e potencializa as funções executivas dos processos cognitivos (PCN, 1997; CRAFT, 2004).

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