Teorias e modelos da aprendizagem motora e do controle motor

Unidade 2

Teorias e modelos da aprendizagem motora

e do controle motor

Síntese

        Nesta unidade estudaremos as teorias e os modelos da aprendizagem e do controle motor abordando os conceitos, as teorias clássicas de aprendizagem, a teoria do circuito fechado de Adams, a teoria do esquema de Schmidt e a teoria dos sistemas de ação.

2.1 Conceitos

        Conceito de teoria - “É um conjunto de afirmações interligadas que descrevem estruturas ou processos não observáveis e os associam uns aos outros e a eventos observáveis” (SCHUMWAT-COOK; WOOLLACOTT, 2003, p.8).

        Para Magill (2007) é uma tentativa de esclarecimento do comportamento humano, por meio do reconhecimento das variáveis que contribuem para as particularidades que observamos na performance das destrezas motoras.

        Conceito de modelo -          “É uma representação da realidade apresentada de forma simplificada cujo poder representativo está normalmente na analogia que permite uma relação à própria realidade” (GODINHO et al., 1999).

2.2 Teorias clássicas de aprendizagem

        Aqui abordaremos correntes que auxiliaram o desenvolvimento teórico da área da aprendizagem e controle motor.

         Behaviorismo – a visão behaviorista fortifica a conexão entre a entrada e a saída do sistema rejeitando as operações centrais (processamento mental) efetivada. Pois, diz que a resposta pode ser apenas pelo estímulo.

        Condicionamento clássico – segundo Pavlov, este resulta do condicionamento na junção de dois estímulos promovendo o comportamento, averiguando-se a presença de um dos estímulos.

           Condicionamento instrumental – segundo Thorndike, o processo de reforço é valorizado na junção entre o estímulo e a resposta, e a aprendizagem ocorre pela qualidade da conexão e pelo recurso intermediário que é o reforço (estímulo positivo) ou a punição (estímulo negativo). Diante os fatos, Thorndike elabora três leis fundamentais caracterizando o processo de aprendizagem: a lei da prontidão acontece quando uma unidade está preparada para conduzir um estímulo (ex. criança com dificuldade de se manter imóvel por muito tempo, estando seus efetores prontos para a condução do movimento, e se não o fizer é desagradável); a lei do exercício estipula o fortalecimento de ligação entre a situação e a resposta e, a prática condiciona o processo de aprendizagem reforçando a conexão; e a lei do efeito diz que o fortalecimento ocorre se for feito com prazer e fraca se seguida de dor. Por meio desta, desenvolveram-se linhas de orientação pedagógica fundamentada no feedaback positivo (GODINHO et al, 1999).

         Neo-behaviorismo – para Skinner a idéia central é de as operações mentais serem irrelevantes no prognóstico do comportamento. No processo de aprendizagem, este autor diz que deve haver organização do reforço de forma positiva quanto mais se aproximar do comportamento aspirado, ou seja, se o comportamento desejado for reforçado, a pessoa é condicionada a reagir. Para você entender melhor, o reforço pode ser qualquer coisa que vá fortalecer a resposta desejada, por exemplo, um elogio “você foi ótimo, seu desempenho superou a média.”

        Cognitivismo – nesta, a perspectiva é do sujeito como agente ativo na interpretação dos sinais, como podemos verificar nas teorias abaixo:

        Gestaltismo – centra-se na idéia de expressão da forma, do padrão, da estrutura ou da configuração, ilustrando o conceber da realidade psicologicamente integrada. Primeiro, o comportamento é explicado em função dos sistemas globais integrando a percepção ao meio, a interpretação pessoal e o processamento visando à produção do movimento. Segundo, a aprendizagem é explicada como um processo de modificação das estruturas com a capacidade de organizar e integrar os elementos, tanto na relação do indivíduo com o meio quanto aos mecanismos internos de produção de resposta (insight). Isto é, que a aprendizagem é uma relação cognitiva entre um meio e um fim, que pode ser facilmente deslocada para outra situação idêntica.

  Psicologia do campo - para Levin, é valorizar o processo de motivação do indivíduo para inseri-lo ao meio. A aprendizagem está condicionada por energias impulsionadoras (positivas) e restritivas (negativas). O ambiente psicológico é o fator de solução em busca da justificativa do comportamento.

Psicologia do desenvolvimento – esta é determinada pela interação com o envolvimento construindo estruturas cognitivas ou esquemas. No processo de aprendizagem a nova experiência promove desequilíbrio e estimula a acomodação auxiliando o indivíduo ajustar-se à nova situação.

2.3  Teoria do circuito fechado de Adams

[pic 5]        Origens da teoria – Baseada em modelos de circuito fechado em décadas passadas, evidencia a relevância das leis behavioristas e da Lei de Efeito de Thorndike (1874-1914) que segundo os efeitos de um ato bem sucedido verifica-se a probabilidade dele ser repetido em condições parecidas. E, para Adams, na teoria do circuito fechado, o indivíduo aprende por sua participação ativa no processo de aprendizagem.

         Principais características da teoria – estas foram propostas por Jack Adams em 1971, constituindo-se na explicação do controle e da aprendizagem de movimentos.

        A teoria fundamenta-se no modelo do circuito fechado (closed-loop) pressupondo feedbacks simultâneos à realização do movimento, tanto no erro da resposta quanto na correção do movimento. Ainda nesta, a memória e as suas funções de recordação e reconhecimento exercem papel essencial que correspondem a duas estruturas nucleares: 1) o traço de memória responde pela seleção e iniciação da resposta, por meio da escolha da direção, sentido e intensidade do movimento. Estes, denominados de programa motor restrito ou modesto resultam dos ensaios e do conhecimento anteriormente adquirido;