ANTIDEPRESSIVOS E SEUS EFEITOS NO ORGANISMO
Por: dtedeschi • 2/6/2018 • Trabalho acadêmico • 3.238 Palavras (13 Páginas) • 412 Visualizações
ANTIDEPRESSIVOS E SEUS EFEITOS NO ORGANISMO
Daniela Tedeschi, Beatriz Carletti
Farmacologia – Professora Ana Carla
Resumo
O advento de medicamentos antidepressivos tornou a depressão um problema médico, passível de tratamento. Nas últimas cinco décadas, a psicofarmacologia da depressão evoluiu muito e rapidamente. É bastante conhecida a relevância da depressão no contexto clínico, costumando causar limitações e prejuízos significativos à pessoa, à família e à sociedade. Seu tratamento vem se ampliando e definindo áreas com recursos terapêuticos sempre mais específicos, tanto nos aspectos biológicos como nos psicológicos, que muitas vezes necessitam ser conjugados para permitir um resultado mais satisfatório. Os tratamentos existentes partem de pressupostos teóricos e servem para o desenvolvimento de algumas hipóteses etiológicas da patologia. Foram descobertos através da observação clínica. Os ADTs apresentavam boa eficácia devido à sua ação, aumentando a disponibilidade de norepinefrina e serotonina. Seu uso foi limitado em função do bloqueio de receptores de histamina, colinérgicos e alfa adrenérgicos que acarretavam efeitos colaterais levando à baixa tolerabilidade e risco de toxicidade. Este artigo revisa a farmacologia dos antidepressivos, particularmente quanto ao mecanismo de ação, farmacocinética, efeitos colaterais e interações.
Palavras-chave: Combate a depressão; Farmacocinética; Medicamentos.
1.Introdução
A depressão é um transtorno crônico e recorrente que se caracteriza por um ou mais episódios depressivos, com pelo menos duas semanas de humor deprimido ou perda de interesse na maior parte das atividades, acompanhados de, ao menos, quatro sintomas adicionais de depressão. Dois tipos de tratamento têm sido usados para tratar essa população: psicoterapia e terapia medicamentosa com antidepressivos, Não obstante, aumento na prescrição de antidepressivos para jovens tem ocorrido nos últimos anos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou depressão como a quarta doença mais importante dentre as doenças que mais causam incapacidades, com o desenvolvimento da doença, em seus quadros mais graves, comprometendo o cotidiano da pessoa, seu trabalho, as relações familiares e sociais. Em algumas situações, resulta também em suicídio. O uso de medicamentos, além da ação farmacológica, possui ainda uma ação simbólica, no sentido de conforto e cuidado. Descrever o uso de técnicas cognitivas e revisar os estudos de eficácia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento da depressão.
2.Tratamento
Os antidepressivos podem ser classificados de acordo com a estrutura química ou as propriedades farmacológicas. A estrutura cíclica (anéis benzênicos) caracteriza os antidepressivos heterocíclicos (tricíclicos e tetracíclicos). Os ADTs se dividem em dois grandes grupos: as aminas terciárias (imipramina, amitriptilina, trimipramina e doxepina) e as aminas secundárias (desmetilimipramina, nortriptilina e protriptilina). Maprotilina e amoxapina são antidepressivos tetracíclicos. As características farmacológicas da maprotilina se assemelham aos ADTs e ela será abordada dentro desta classe de antidepressivos.
A terapia deve abranger todos esses pontos e utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e a terapia farmacológica. Apesar de o enfoque desta revisão se concentrar na psicofarmaterapia, deve-se mencionar que não se trata "depressão" de forma abstrata mas sim pacientes deprimidos, contextualizados em seus meios sociais e culturais e compreendidos nas suas dimensões biológicas e psicológicas. Dosagens inadequadas e não adesão são as principais causas da falha de resposta. A escolha da droga deve considerar esses fatores. Praticamente todos os antidepressivos podem ser dados uma vez por dia. O modo mais eficiente de tratar a depressão tem sido relacionado com uso de tricíclicos ou inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRSs).
Mudanças repentinas de antidepressivo antes de três semanas de utilização, deve-se à ansiedade da família, do médico, ou dos dois juntos. Os pacientes devem ser orientados para aguardar as três semanas. Um incremento nas sessões psicoterápicas pode ser indicado e, se for necessário, a prescrição de algum ansiolítico.
Após quatro semanas, se o antidepressivo não tiver tido o efeito desejado, uma mudança de classe de antidepressivo e/ou potencialização da terapia podem ser experimentadas. Infelizmente, não há um algoritmo disponível de forma consensual que oriente qual droga deve ser experimentada após a primeira ter falhado no alívio dos sintomas depressivos.A Associação Psiquiátrica Americana sugere, pelo menos, 16 a 20 semanas com doses completas após a melhora ou remissão completa. A Organização Mundial da Saúde sugere 6 meses ou mais após a melhora. Entre 50% e 85% das pessoas sofrendo de um episódio de depressão aguda irão ter um futuro episódio, usualmente dentro de dois a três anos, se não for tratado. Pacientes com um episódio prévio de depressão apresentam um risco 10 vezes maior de recorrência de depressão em relação àqueles indivíduos que não apresentaram nenhum episódio prévio de depressão. O risco é 14 a 18 vezes maior em relação àqueles pacientes que tiveram mais de um episódio prévio de depressão.
3 Citações
Antidepressivos tricíclicos (ADTs)
Farmacocinética
Os ADTs são bem absorvidos pelo trato gastrintestinal e metabolizados em grande parte (55 a 80%) pelo efeito de primeira passagem no fígado. O pico plasmático é atingido mais rapidamente (1 a 3 horas) por aminas terciárias (como a amitriptilina) do que por aminas secundárias (desipramina e nortriptilina), que levam de 4 a 8 horas para atingi-lo. São altamente lipofílicos, concentrando-se principalmente no miocárdio e nos tecidos cerebrais, e ligam-se a proteínas plasmáticas. Muitos ADTs apresentam farmacocinética linear, isto é, mudanças na dose levam a alteração proporcional no nível plasmático. A vida média de eliminação varia (p. ex., imipramina de 4 a 34 horas, amitriptilina de 10 a 46 horas, clomipramina de 17 a 37 horas e nortriptilina de 13 a 88 horas), e o estado de equilíbrio é atingido em cerca de 5 dias. A farmacocinética pode variar entre os sexos, e a concentração pode diminuir antes da menstruação.
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação comum aos antidepressivos tricíclicos em nível pré-sináptico é o bloqueio da recaptação de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5-HT) e, em menor proporção, dopamina (DA). Aminas terciárias inibem preferencialmente a recaptação de5 -HT,e aminas secundárias, a de NE (Tab. 5.1). Atualmente, considera-se não haver diferenças significativas quanto à seletividade do bloqueio da recaptação pré-sináptico. A atividade pós-sináptica varia de acordo com o sistema neurotransmissor envolvido e, geralmente, é responsável pelos efeitos colaterais. Os ADTs bloqueiam receptores muscarínicos (colinérgicos), histaminérgicos de tipo 1, a-2 e ß-adrenérgicos, serotoninérgicos diversos e, mais raramente, dopaminérgicos. Essas ações não se correlacionam necessariamente com efeito antidepressivo, mas com efeitos colaterais (Tab. 5.5).
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