Estresse em Docentes de Ensino Superior

O ESTRESSE DO DOCENTE DE ENSINO SUPERIOR:

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Elizabete Cazzolato Ferreira

(Bolsista - Universidade Anhanguera de São Paulo - SP)

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Julia Alejandra Pezuk

(Orientador – Universidade Anhanguera de São Paulo - SP)

[e-mail]

Introdução

Observa-se atualmente um crescente interesse por parte dos pesquisadores a respeito dos estados de estresse em função de seu importante impacto na saúde dos indivíduos (FADEL et al, 2019). Prado (2016), descreve a origem do conceito de estresse, na descrição pela Física de uma força ou um conjunto de forças que, aplicadas a um corpo, tendem a desgastá-lo ou deformá-lo. Na saúde, refere-se às reações desencadeadas pelo organismo exposto a diferentes situações nocivas à saúde, que podem ser resultado de respostas a eventos internos e externos (CARLOTTO; CÂMARA, 2018).

O estresse profissional ou ocupacional é entendido como a interação de condições laborais e de características do indivíduo, de tal modo que as exigências que lhe são criadas ultrapassam a capacidade de enfrentamento (MONTALVÃO, CORTEZ, MILANI, 2016). Quando se analisa o trabalho na área do ensino, este parece ser um ambiente estressor por excelência, visto que a docência é considerada uma das profissões mais suscetíveis ao estresse (FADEL et al, 2019).

Pelas pesquisas de Diehl e Marin (2016), os docentes de ensino superior são expostos a fatores estressores como: ambiente sem estrutura física adequada, baixos salários, perspectiva duvidosa quanto ao crescimento profissional, excesso de carga horária, desinteresse de estudantes, entre outros, que resultam em altos quadros de estresse na docência. Ao que Petto et al (2016) acrescenta, como fatores estressores desse público, os postos de trabalho cada vez mais exigentes, com a necessidade de conciliar o tripé ensino, pesquisa e extensão, acarretando uma carga intensa de atividades.

Destaca-se, dessa forma, a importância de analisar o estresse em professores do ensino superior e suas repercussões, sendo o objetivo dessa pesquisa, a análise da produção nacional dos últimos anos sobre estresse em docentes do nível superior, sua percepção sobre as fontes estressoras e as consequências na vida pessoal e na atividade docente. Pode-se vislumbrar a importância da análise proposta, no fomento à reflexão sobre estratégias de prevenção e tratamento, uma vez que o estado de estresse está associado à outras dimensões de exaustão emocional como fadiga e esgotamento emocional devido ao trabalho (PRADO, 2016), baixa realização profissional (PETTO et al, 2019) e acometimento físico e psíquico, precursores de doenças como Síndrome de Burnout, depressão e transtornos de ansiedade (GASPARINNI et al, 2015).

Material e Métodos

Trata-se de uma revisão de literatura, de abordagem quali-quantitativa, referente aos trabalhos nacionais sobre o estresse e a atividade docente, publicados em português, no período de 01/01/2015 a 15/06/2019 nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), identificados pelo uso dos descritores: [“estresse”] e [“docente”]. A pesquisa foi realizada no período de julho de 2019 e a busca possibilitou o achado de 37 trabalhos. Pela análise preliminar do título e a leitura do resumo, foram selecionados 9 artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade: abordagem do estresse no docente de ensino superior e acesso ao artigo completo.

Resultados e Discussão

Foi realizada a leitura na íntegra e análise dos artigos selecionados para a pesquisa. No Quadro 1, abaixo, são apresentados os estudos analisados nesta revisão.

Quadro 1 – Representação dos estudos segundo autor e ano e objetivo da obra.

Autor (es) Objetivo

ARAÚJO, L. M. N.; RODRIGUES, C. C. F. M.; DANTAS, M. S. P.; SANTOS, N. P. dos; ALVES, K. Y. A.; SANTOS, V. E. P. (2016) Investigar as estratégias de enfrentamento ao estresse desenvolvidas pelos professores.

BATISTA, J. B. V.; CARLOTTO, M. S.; OLIVEIRA, M. N. de; ZACCARA, A. A. L.; BARROS, E. de O.; DUARTE, M. C. S. (2016) Identificar os transtornos mentais que mais provocam afastamento de docentes em uma instituição de ensino superior.

DIEHL, L.; MARIN, A.H. (2016) Analisar produções científicas nacionais publicadas entre 2010 e 2015, com vista a identificar principais sintomas e/ou adoecimentos psíquicos entre professores brasileiros.

FADEL, C. B.; FLORES, M. T.; BRIGOLA, S.; ZANESCO, C.; BORDIN, D.; MARTINS, A. de S. (2019) Explorar a relação entre disposição ao estresse e processo de trabalho junto a docentes universitários

FERNANDES, G. C. P. S.; VANDENBERGUE, L. (2018) Buscar, na literatura, quais as relações entre estresse e trabalho docente

MONTALVÃO, C. R.; CORTEZ, L. E. R.; MILANI, R. G. (2016) Analisar a produção nacional e internacional acerca da síndrome de Burnout em docentes do nível superior, avaliando as variáveis associadas.

PRADO, R. L. do; BASTIANINI, M. E.; CAVALLERI, M. Z.; RIBEIRO, S. F. R.; PIZI, E. C. G. MARSICANO, J. A. (2017) Avaliar a síndrome de Burnout entre os professores da graduação dos cursos da área da saúde.

SOARES, M. B.; MAFRA, S. C. T.; FARIA, E. R. de. (2019) Investigar os principais fatores que aumentam os níveis de estresse dos docentes de uma universidade federal.

SOUSA, A. R. de; SANTOS, R. B.; SILVA, R. M. da; SANTOS, C. C. T.; LOPES, V. C.; MUSSI, F. C. (2018) Analisar a relação entre estresse ocupacional e qualidade do sono em docentes da área da saúde.

Fonte: Dados da pesquisa, elaborado pelo autor.

Pelo delineamento dos objetivos, vemos que estes se enveredam a avaliar a relação do trabalho docente com a ocorrência de estresse e a prevalência de estudos sobre a ocorrência da síndrome de Burnout, bem como dos fatores sociodemográficos e laborais associados ao estado de estresse que acomete os docentes de ensino superior.

A maior parte das pesquisas são exploratórias, com abordagem quanti-qualitativa, descritiva e transversal (Tabela 1) e houve apenas uma revisão sistemática sobre o tema.

Tabela 1 – Classificação dos artigos pelo tipo de estudo.

Tipo de pesquisa n %