Sistema Nervoso e o Uso de Drogas
Por: Pri Fernandes • 20/9/2016 • Trabalho acadêmico • 3.128 Palavras (13 Páginas) • 501 Visualizações
O SISTEMA NERVOSO E O USO DE DROGAS
Introdução
O sistema nervoso é o centro de controle do organismo e, para exercer essa função, relaciona-se com as demais estruturas do corpo por meio de uma rede de células especializadas na transmissão de impulsos elétricos, capazes de regular as atividades metabólicas e de estimular a produção de respostas imediatas, proporcionando reações a um ambiente ou acontecimento e tornando-nos capazes de sobreviver e adaptar a diferentes lugares e situações.
As substâncias envolvidas na comunicação neuronal são chamadas de neurotransmissores e são responsáveis em parte pelo nosso humor e comportamento, resultando na forma como nos relacionamos com os outros ou nos sentimos. Quando estão alteradas, prejudicam a vida comprometendo as funções orgânicas e mentais do indivíduo.
O abuso de produtos que desorganizam a química cerebral é prática antiga na sociedade, porém a natureza das substâncias evoluiu a ponto de causar dependência cada vez mais rapidamente e com alto poder de destruição das células, acarretando no aumento da criminalidade, de doenças mentais, da formação de mercados de drogas.
A dependência química constitui problema de saúde pública, solicitando ações governamentais e sociais no sentido de oferecer terapêutica aos doentes e aos familiares, a fim de restabelecer não só a saúde como também a dignidade perdida com o vício.
1. Breve anatomia e fisiologia do sistema nervoso
O sistema nervoso é o responsável por coordenar as atividades do organismo, atuando como centro das emoções, memória, personalidade e aprendizagem; percepção do corpo, movimentos voluntários e involuntários. Por meio dele recebemos informações do ambiente e conseguimos reagir a elas. É composto basicamente pelo encéfalo, medula espinhal e por gânglios que se ramificam por todo o corpo. A unidade funcional do sistema nervoso é o neurônio, célula especializada em receber e conduzir eletricidade. Está representada na figura abaixo:
Imagem de neurônio mielinizado e suas estruturas
fonte: www.infoescola.com
• O corpo celular é a parte que contém o citoplasma e o núcleo, integra as informações recebidas e produz neurotransmissores. Está localizado na parte central do sistema.
• Os dentritos são ramificações especializadas em receber os estímulos elétricos.
• O axônio é o prolongamento do corpo celular. É responsável por conduzir o impulso e pode estar envolvido por uma membrana descontínua de natureza lipídica, a bainha de mielina, cuja função é acelerar a condução do sinal.
Pertencem ainda ao sistema nervoso outras estruturas não excitáveis que lhe confere suporte, nutrição, sustentação e isolamento, que são as células da glia.
Didaticamente divide-se o sistema nervoso em:
Parte central: encéfalo (cérebro, tronco encefálico, cerebelo) e medula espinhal.
Parte periférica: nervos, gânglios e terminações nervosas.
Para que a informação transite de uma célula para outra, ocorre a propagação de um fluxo elétrico unidirecional (sentido dentrito - axônio) que induz respostas as mais variadas possíveis, como as de controle dos sistemas e as comportamentais.
1.1 Como sucede a condução do impulso nervoso entre os neurônios
Há, com relação aos neurônios, uma diferença na concentração de íons intra e extracelulares, mantida (contra a tendência natural de equilíbrio osmótico) por meio da bomba de sódio e potássio, que expulsa constantemente três íons de sódio ao mesmo tempo em que admite dois íons de potássio. Isto resulta numa membrana interna eletricamente negativa com relação ao exterior. A isto chamamos de potencial de repouso da membrana, pois a célula não está propagando sinais. Apesar do nome repouso, a manutenção dessa diferença demanda gasto energético. Outro nome é polarização, visto que há dois polos elétricos na membrana.
Na ocorrência de um estímulo, canais de sódio existentes no invólucro celular se abrem, permitindo o rápido influxo deste íon, transformando o potencial que antes era de -70mV para +35mV. Essa mudança elétrica repentina chama-se potencial de ação, que se alastra para as demais células, gerando o impulso nervoso (despolarização). Logo em seguida, a bomba de sódio e potássio age no sentido de restabelecer o repouso (repolarização).
Entende-se então que a comunicação intercelular ocorre graças à geração de “sinais elétricos na forma de mudanças no potencial de membrana. Algumas dessas mudanças disparam a ação de um neurotransmissor, que, então, transmite sinal para outra célula” (STANSFIELD, 2013, p.202).
Esses eventos estão esquematizados nas imagens a seguir:
Sequência de eventos que culminam na despolarização da membrana neuronal
fonte:www.sobiologia.com.br
1.2 Neurotransmissores
Os neurônios são “moléculas do sistema nervoso que desempenham um papel fundamental na comunicação intercelular” (COSTA, 2015). Nosso corpo possui dezenas de neurotransmissores e cada um deles age de maneira distinta. Isto os tornam abrangentes e versáteis.
Na tabela podemos ver alguns deles e onde agem:
Neurotransmissor Efeitos
Acetilcolina contração muscular, controle de áreas da aprendizagem, memória e atenção
Norepinefrina batimentos cardíacos, pressão sanguínea, excitação física e mental e bom humor
Epinefrina aumento da frequência cardíaca, da glicemia, estado de alerta
Dopamina estimulação e controle motor
Glutamato excitação do organismo, atua na memória de longo prazo e na aprendizagem
Serotonina regulação do humor, ansiedade e agressividade
Ácido gama-aminobutírico
induz
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