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A Grande Fitoterapia

Por:   •  31/12/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.790 Palavras (8 Páginas)  •  375 Visualizações

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FITOTERAPIA

Por longos períodos na história, o uso de plantas medicinais esteve presente não só devido ao seu caráter alimentar, mas também às suas propriedades de cura, sejam elas reais ou ritualísticas. Sendo conhecidas há muitos anos pelo homem, a fim de utilizar suas propriedades como benefício para o organismo. Sua utilização foi crescendo até se tornar uma prática generalizada, que foi se fortalecendo ao longo do tempo, tornando-se presente em conhecimentos práticos sobre a ação das plantas como medicamento (SENS, 2006).

Nas referências históricas sobre plantas medicinais, pode-se verificar que existem relatos de seu uso em praticamente todas as antigas civilizações. A primeira referência escrita sobre o uso de plantas como medicamentos é encontrada na obra chinesa Pen Ts’ao (“A Grande Fitoterapia”), de Shen Nung, que remonta a 2800 a.C. (ELDIN e DUNFORD, 2001).

 O Papiro de Ebers (1500 a.C.) descreve centenas de plantas medicinais e foi o primeiro manuscrito conhecido sobre esta prática. Diversas plantas são mencionadas nos papiros no Egito, e na Grécia Teofrasto (372-285 a.C.), classificou cerca de 500 espécies vegetais. Hipócrates (460-361 a.C.) por sua vez, considerado o pai da medicina, utilizava drogas de origem vegetal em seus pacientes e deixou um tratado conhecido como Corpus Hippocraticum, que é considerado o mais claro e completo da antiguidade no que se refere à utilização de plantas medicinais (ALMASSY JÚNIOR et al. 2005; ALONSO, 1998; WAGNER e WISENAUER, 2006).

As plantas medicinais foram utilizadas a muito tempo na cura de doenças e em rituais religiosos, por feiticeiros e curandeiros. O pensamento hipocrático estabeleceu uma concepção holística do Universo e do homem, visando o tratamento do indivíduo e não apenas da doença. Na Idade Média a concepção de mundo máquina levou à difamação daqueles que impediam o conhecimento sobre as plantas medicinais, vistos como bruxos e condenados à fogueira (ALMASSY JÚNIOR et al. 2005; ALONSO, 1998; ALVIM et al. 2006).

Dentro da Medicina Chinesa e Ayuvédica a fitoterapia se desenvolveu. A fitomedicina tornou-se uma forma de tratamento prevalecente na Europa. Com o auxílio dos negros, indígenas e portugueses a terapêutica popular foi desenvolvida no Brasil (ALMASSY JÚNIOR et al. 2005; ALVIM et al. 2006; WAGNER e WISENAUER, 2006).

Até o início do século XX o uso das plantas medicinais foi muito amplo no Brasil, porém com o início da industrialização e resultante urbanização, e também o fácil acesso a medicamentos sintéticos, este conhecimento tradicional e popular, acabou ficando em segunda alternativa, outro fator também que acabou contribuindo para este afastamento, foi a pouca comprovação cientifica das propriedades farmacológicas. Outros países em processos de urbanização também foram influenciados por estes fatores (LORENZI e MATOS, 2008).

O Brasil possui a maior diversidade genética do mundo, com cerca de 55 mil espécies catalogadas, e conta com uma ampla prática do uso das plantas medicinais vinculada a conhecimentos populares que foram transmitidos entre gerações. Nos últimos 20 anos, apesar de sua rica flora, o número de informações sobre as plantas medicinais brasileiras cresceu apenas 8% anualmente (FONSECA, 2012).

De acordo com Rodrigues et. al (2006), o uso de fitoterápicos para fins preventivos, curativos ou paliativos passou a ser reconhecido oficialmente pela OMS em 1978, quando essa passou a recomendar a difusão mundial de conhecimentos científicos necessários para o seu uso.

Ainda segundo a OMS, no decorrer da última década do século XX estas práticas da medicina tradicional expandiram-se mundialmente, ganhando popularidade. Devido a isso, a OMS tem incentivado o desenvolvimento de políticas públicas, a fim de inserir os medicamentos fitoterápicos no sistema oficial de saúde dos 191 Estados-membros. A inserção do Brasil na discussão dessa política sobre fitoterápicos deve-se ao fato do país possuir não só a maior diversidade genética do mundo, mas também uma enorme tradição no uso de plantas medicinais, que está intrínseca aos saberes populares dos brasileiros (RODRIGUES et. al, 2006).

Entretanto, conforme Ferreira (1998) apesar da riqueza da flora brasileira e da tradição no uso de plantas medicinais pela população, os estudos científicos acerca do assunto ainda são insuficientes. Apesar de não se ter muito investimento para pesquisas com plantas medicinais, espera-se que pelo menos metade das plantas contenham princípios ativos, as quais têm propriedades preventivas e curativas para diversas doenças. (LORENZI e MATOS, 2002).

Os fitoterápicos no Brasil foram regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitário (ANVISA), onde a RDC17-2000 e a RDC14-2010 (BRASIL, 2000; 2010) que estabelece medicamentos fitoterápicos como aquele conquistado a partir de plantas medicinais, com o emprego especial decorrentes de droga vegetal como extrato, suco, exsudato, óleo, cera e tintura. Após serem processados deve apresentar a garantia de qualidade, tendo sua comprovação de seus efeitos terapêuticos, padronização de sua composição e segurança de uso para o público. Além disso, sua segurança e eficácia devem ser confirmadas por meio de documentos tecnocientíficos, de pesquisas etnofarmacológicas em bibliografia ou publicações indexadas, ou ensaios toxicológicos e farmacológicos pré-clínicos e clínicos. Segundo a ANVISA as plantas medicinais são conhecidas matérias primas a partir das quais são executados os fitoterápicos. Podendo ser consumidas e comercializadas no Brasil em farmácias e ervanárias, desde que não manifestem indicações terapêuticas estabelecidas, seja feito uma proteção adequada e evidente sua classificação botânica.

Esses conceitos formulados e estabelecidos em relação às plantas medicinais e fitoterápicos foram consequência das análises da comunidade científica sobre a utilidade e a efetividade de plantas medicinais pela população desconhecida do assunto. De forma indireta este tipo de conhecimento medicinal, desenvolvido pela população ao longo dos milhares de anos surgiu, e ainda surge, a curiosidade de pesquisadores em análises abrangendo áreas multidisciplinares como farmacologia, botânica e fitoquímica. Estes estudos, em conjunto, aumentam o grau de entendimento sobre a infinita origem de produtos naturais que é a flora universal (MACIEL et al, 2002).

Com base na concepção popular do uso de plantas medicinais, as estruturas de saúde foram incentivadas a regulamentar o uso de elaborações fitoterápicas como forma de padronizar a utilização, impedir a má utilidade, evitar os casos de intoxicação e proporcionar maiores saberes e finalidade do uso dessas plantas. Desta forma, a industrialização de fármacos fitoterápicos mostra-se da ausência de uma normalização dos processos de aquisição da droga vegetal e elaboração do fitoterápico deixando, assim, alternativas negativas como contaminações por agrotóxicos, microrganismos, e substâncias estranhas, além de assegurar uma grande garantia de utilidade por normalizar, também, a sua forma de administração e sua posologia (FISCHER, 2005).

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