A Intoxicação Por Medicamentos
Por: Francini Padilha • 15/3/2020 • Trabalho acadêmico • 3.322 Palavras (14 Páginas) • 233 Visualizações
- INTRODUÇÃO
Para um melhor entendimento sobre a problemática do uso irracional de medicamentos, faz-se necessário compreender as relações de consumo da sociedade e a interação das mesmas com o medicamento.
O que tem sido observado no Brasil se contrapõe à proposta da OMS. Segundo Barros, pelo menos 35% dos medicamentos adquiridos no Brasil são feitos através de automedicação. Entretanto, se o brasileiro tende a se automedicar, é também porque não encontra disponibilidade dos serviços de saúde mais acessíveis, precisa ficar horas em uma fila e, às vezes, esperar dias e até meses para ser atendido por um médico.
O baixo poder aquisitivo da população e a precariedade dos serviços de saúde contrastam com a facilidade de se obter medicamentos, sem pagamento de consulta e sem receita médica em qualquer farmácia..
Embora o alto consumo e o consumo de medicamentos de forma inadequada tenham sido observados também entre as camadas mais privilegiadas da sociedade, uma vez que essa prática se dá pela herança cultural, de forma instintiva sem qualquer base racional, pela facilidade de acesso, dentre outros.
2. INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS
Os medicamentos contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida dos individuos que deles fazem uso.
Entretanto, seu uso não é insento de riscos, o que os torna uma fonte comum de incidente nos tratamentos sanitários, que incluem qualquer irregularidade no processo no uso do medicamento.
A intoxicação, independentemente de qual seja o agente que a origina, é, atualmente, um grave problema de saúde pública, sendo uma das principais razões de internamento em hospitais.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as intoxicações medicamentosas estão entre a quarta e a sexta causa de morte nos países
ocidentais.
A maioria das intoxicações medicamentosas é de carácter voluntário e em cerca de
35% destas o indivíduo apresentava intenção suicida ou de auto-agressão.
Os fármacos ansiolíticos/sedativos/hipnóticos, principalmente as benzodiazepinas,
são o grupo farmacoterapêutico com maior prevalência nas intoxicações medicamentosas,
seguidos pelos antidepressivos e pelos antipsicóticos.
O número de intoxicações medicamentosas com ideação suicida tem vindo a aumentar na Europa nos últimos anos provavelmente devido à atual crise socioeconómica. Segundo estudos realizados na Suécia e Grécia as intoxicações medicamentosas são uma das principais causas de admissão hospitalar. Uma grande parcela destas intoxicações medicamentosas deve-se a tentativas de suicídio. Estas são mais comuns nas mulheres que nos homens, principalmente nas mulheres com cerca de 30 anos.
Os medicamentos over-the- counter (OTC), ou de venda livre, são os principais agentes usados na tentativa de suicídio por parte dos jovens, enquanto os medicamentos sujeitos a receita médica são mais utilizados pelos adultos e idosos (10,11).
De acordo com dois estudos multicêntricos realizados em Espanha, em 1995 e 2000, cerca de 80% das intoxicações incluídas no estudo receberam assistência médica num serviço de urgência hospitalar, sendo que cerca de um quarto destes casos chega ao hospital na primeira hora após a intoxicação. Tendo, apenas, em conta o principal tóxico envolvido em cada intoxicação, os fármacos continuam a ser a primeira causa de intoxicação aguda, principalmente nos adultos, seguidos pelo álcool, produtos de uso doméstico, drogas de abuso ilegais e produtos agrícolas e industriais. Os fármacos mais usados nas intoxicações agudas dependem dos hábitos de prescrição e da facilidade de acesso ao tóxico por parte do doente.
Assim, o grupo farmacoterapêutico mais utilizado nas intoxicações medicamentosas agudas são as benzodiazepinas, seguidas pelos antidepressivos e pelo paracetamol.
Munné e Arteaga (2003) concluíram, a partir dos dois estudos multicêntricos realizados em Espanha, que, em 63,5% das intoxicações medicamentosas agudas os fármacos que causaram a intoxicação fazem parte da terapêutica do próprio doente.
Concluíram, também, que, devido ao grande número de potenciais tóxicos, deveria haver um protocolo de tratamento de forma a reduzir as dúvidas que possam surgir e os atrasos que podem ocorrer na instauração do tratamento. De forma geral, as medidas de prevenção da absorção intestinal do tóxico, a administração de antídotos e a prática de depuração renal e extrarenal são indicadas excessivamente.
Em pelo menos um quarto dos casos analisados nestes estudos, a técnica de prevenção da absorção intestinal era inadequada, sendo que a sua indicação se deveu a uma rotina clínica e não a uma base racional.
Figura 01
[pic 1]
Fonte:www.google.com
2.1 DANOS CAUSADOS Á SAÚDE AO USO INDEVIDO DE MEDICAMENTOS
A principal causa da automedicação talvez esteja relacionada a um aspecto cultural, em que tomar remédio por conta própria, sem a necessidade de ir até o médico, alivia a dor de imediato. No entanto, outras causas podem contribuir para essa prática:
Precariedade do sistema de saúde;
Dificuldade para marcar consultas médicas;
Variedade de produtos fabricados pela indústria farmacêutica;
Venda livre de medicamentos;
Livre acesso à informações sobre doenças por meio da internet;
Falta de fiscalização na venda de medicamentos prescritos.
O uso de medicamentos de forma incorreta pode acarretar o agravamento de uma doença, uma vez que a utilização inadequada pode esconder determinados sintomas. Se o remédio for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada. O uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de microorganismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos.
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