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Por:   •  28/4/2021  •  Trabalho acadêmico  •  5.084 Palavras (21 Páginas)  •  172 Visualizações

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CONTROLO DA INFEÇÃO – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

        Tanto no Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020 como no modelo JCI, um dos objetivos está relacionado com prevenir e controlar as infeções e as resistências aos antimicrobianos.

        É obrigatório que se faça o registo dos dados epidemiológicos após a deteção de uma determinada doença no sistema nacional de registos de dados de vigilância epidemiológicos (em Portugal, SINAVE).

        Infeção associada a cuidados de saúde (IACS): infeção adquirida numa instituição de saúde, que se desenvolve durante a hospitalização do paciente que aí se deslocou por outro motivo que não a infeção. É consequência dos cuidados e procedimentos de saúde prestados e que pode, também, afetar os profissionais de saúde durante o exercício da sua atividade.

NOTA: Os centros de saúde são instituições prestadores de cuidados de saúde primárias; os cuidados de saúde secundários são prestados nos hospitais; os hospitais de cuidados continuados e paliativos prestam cuidados de saúde terciários. Por esta razão infeção hospitalar não é o mais adequado e, por isso, foi atualizado para IACS.

A IACS é identificada 48 a 72h depois do internamento (se for antes das 48h é provável que a infeção tenha sido adquirida em comunidade uma vez que os microrganismos demoram algum tempo a exercer a sua virulência). Quando um paciente é sujeito a uma cirurgia, uma infeção é considerada IACS até três meses depois da cirurgia, ou até um ano no caso de operações aos ossos ou articulações.

A IACS tem origem multifatorial:

  • Fatores intrínsecos ao doente: idade; sistema imunitário; doença de base; intervenções diagnósticas e terapêuticas.
  • Fatores ambientais/externos: aumento, concentração e sobrelotação da IS; dotação e formação do pessoal; condições estruturais/físicas; protocolos de boas práticas.
  • Fatores relacionados com a prestação de cuidados: dispositivos e práticas médicas invasivas; imunossupressores; emergência de microrganismos multirresistentes; deficientes práticas de controlo da infeção.

As fontes de infeção podem estar relacionadas com o:

  • Ambiente – através do ar, da água, da comida e de fomites (objeto inanimado ou material suscetível de alojar e transmitir um agente infecioso).
  • Pessoal – podem estar relacionadas com o paciente, os profissionais de saúde, os visitantes ou outros pacientes.
  • Dispositivo médico – cateteres e tubo endotraqueal.

        As IACS mais frequentes (em 2013, nas IS da Europa) são as relacionadas com as infeções de trato urinário (associadas ao uso de cateteres urinários - algaliação), com as infeções de trato respiratório (utilização de dispositivos médicos invasivos) e com as infeções do local cirúrgico/ de pele (utilização de cateteres).

        Os serviços onde a prevalência de IACS é maior são as unidades de cuidados intensivos (reúnem fatores que aumentam a sua probabilidade: paciente com sistema imunitário frágil; com doença grave associada; utilizam cuidados de saúde quase sempre invasivos), seguida do bloco operatório (as cirurgias utilizam técnicas invasivas e acedem a zonas estéreis do corpo).

        Os microrganismos mais frequentemente em Unidades de cuidados intensivos são Pseudomonas aeruginosa (bactéria gram-negativa causadora de muitas infeções respiratórias), Staphylococcus aereus (bactéria gram-positiva causadora de muitas infeções de local cirúrgico e do trato urinário), Escherichia coli (bactéria entérica gram-negativa), Klebsiella pneumoniae (bactérica gram-negativa causadora de pneumonia – única com tendência a aumentar em Portugal).

Repercussão das IACS: maior morbilidade (número de doentes); maior mortalidade (número de mortes); maior tempo de internamento; maiores custos: económicos e sociais. As IACS, pela dimensão epidemiológica e impacto clínico, económico e social, são problema de saúde pública a nível mundial.

Aproximadamente 20 a 30% das IACS são consideradas evitáveis com procedimentos de higiene intensivos e programas de controlo de infeção.

Medidas de controlo e prevenção das IACS: a prevenção da IACS requer um programa integrado e monitorizado que deve incidir na limitação da transferência de microrganismos entre doentes durante os cuidados médicos que lhes são administrados. Para tal, deve-se dar especial ênfase a: lavagem cuidadosa das mãos; utilização de luvas por doente; implementação de práticas de assepsia adequadas; isolamento de doentes; práticas efetivas de esterilização e desinfeção; tratamento adequado da roupa.

O aparecimento de microrganismos multirresistentes e o surgimento de novas doenças altamente contagiosas e/ou de difícil erradicação, tem exigido: adoção de novas posturas por parte dos profissionais de saúde, pacientes e sociedade em geral; uso de produtos com propriedades antimicrobianas acentuadas/agressivas e eficazes; a implementação de práticas corretas e eficientes de limpeza, desinfeção e esterilização do ambiente, das superfícies e dos equipamentos médicos; a implementação de eficientes programas de monitorização microbiológica e de vigilância epidemiológica (VE).

Não há controlo de infeção sem vigilância epidemiológica.

Vigilância: recolha, análise e interpretação sistemática e prospetiva dos dados, essenciais para planear e avaliar a prestação de cuidados, com divulgação às entidades competentes.

Epidemiologia: estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas (instituições de Saúde - doentes, profissionais de saúde e visitantes).

Vigilância Epidemiológica (VE): conjunto de atividades “que tem como objetivo fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controlo de doenças, bem como dos fatores que a VE condicionam, numa área geográfica ou população definida”.

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