A PREVALÊNCIA DE OBESIDADE E FATORES ASSOCIADOS EM TRABALHADORES FEIRANTES
Por: dricalau • 11/12/2020 • Artigo • 2.801 Palavras (12 Páginas) • 298 Visualizações
PREVALÊNCIA DE OBESIDADE E FATORES ASSOCIADOS EM TRABALHADORES FEIRANTES
Camila Mendes Silva1
Cássia Raiane de Faria Santos1
Nádia Beatriz do Nascimento1
Otávio Daniel Silva1
Wesley Dos Reis Mesquita2
Alenice Aliane Fonseca2
1 Discente do curso de Fisioterapia da Faculdade Verde Norte- FAVENORTE;
2 Docente da Faculdade Verde Norte- FAVENORTE.
RESUMO
As feiras livres, são um cenário propício ao desenvolvimento de patologias, uma vez que as péssimas condições de higiene, a exposição excessiva ao sol e as variações climáticas, a diminuição das práticas de exercícios físicos e de lazer, são fatores de risco modificáveis efetivos em âmbitos cardiovasculares, endócrinos e nutricionais. Além disso, é apontado que há poucos investimentos que visem a promoção em saúde a essa população, contribuindo para que patologias se instalem de forma efetiva nesse público alvo. Assim, este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de obesidade e fatores associados em feirantes da cidade de Porteirinha/Minas Gerais. Estudo descritivo de corte transversal e caráter quantitativo. As variáveis analisadas no estudo: perfil sociodemográfico e econômico, ocupacional, fatores clínicos, antropométricos, hábitos de vida, percepção do estado de saúde e nível de atividade física, dores musculares e capacidade para o trabalho.
Palavras-chave: Feirantes. Obesidade. Hábitos de vida. Dores osteomusculares. Condições de trabalho.
ABSTRACT
Key words: Fairkeepers. Obesity. Life habits. Musculoskeletal pain. Work conditions.
Introdução
As feiras livres caracterizam-se como mercado varejista que acontece ao ar livre, onde dinamizam a economia local e contribuem para impulsionar a agricultura familiar (ALMEIDA; PENA, 2011; CAMPOS et al., 2017). Em Porteirinha/Minas Gerais, o projeto das feiras livres promove a participação de pequenos produtores da cidade e região no abastecimento e na oferta de produtos de alta qualidade à população. Atualmente são realizadas 02 feiras semanais no Mercado Municipal, além disso, atualmente a Prefeitura implementou na cidade a “Feirinha da semana”, um espaço no centro da cidade onde agricultores do município, que antes comercializam na rua de forma irregular, e agora vendem seus produtos em um local correto para atender bem aos seus clientes (PREFEITURA DE PORTEIRINHA, 2020).
Em feiras livres, trabalhadores feirantes desenvolvem suas atividades laborais em contato direto com uma diversidade de pessoas e produtos, associado a uma instabilidade financeira mediante renda mensal variável, excessivas horas de trabalho, sem férias ou folgas semanais, escassas condições de higiene ambiental, com uma jornada de trabalho de dez horas por dia, sem férias ou folgas semanais, precárias condições de higiene ambiental, tempo reduzido ou ausência para lazer, atividades físicas, boa alimentação, etc. (LIMA; ALMEIDA, 2014; VALE et al., 2015; CARVALHO; AGUIAR, 2017). Diante destas condições de trabalho, os feirantes estão susceptíveis a agravos a sua saúde, uma vez o grupo se encontra vulnerável a risco biológicos que contribuem diretamente na aquisição de doenças de caráter sistêmico (ALMEIDA; PENA, 2011).
Além disso, pessoas expostas ao trabalho informal, enquadrando-se os trabalhadores de feira, realizam um menor número atividades físicas, visto que essa prática fica em detrimento a uma jornada exaustiva de trabalho. Exacerbando o quadro, o desenvolvimento de hábitos alimentares negativamente balanceados, a falta de uma quantidade adequada de sono e lazer contribui para um quadro de significativo sobrepeso/obesidade (ITIKAWA, 2006).
A obesidade tem como principal característica o acúmulo excessivo de gordura corporal. “A classificação da obesidade baseia-se no índice de massa corporal (IMC) definido pelo cálculo do peso corporal, em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura, em metros quadrados (IMC = kg/h²(m). É classificada obesidade quando o IMC se encontra acima de 30 kg/m²” (OMS apud. TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010, p.160). A obesidade é classificada como fator de risco para muitos problemas de saúde sendo eles as doenças crônicas, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, algumas formas de câncer, doenças renais, digestivas, problemas hepáticos e ortopédicos. (SILVEIRA, et al.,2020, GIGANTE et al. 1997, TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010 e ALMEIDA et al. 2015).
Estudos mostram que a obesidade está positivamente associada com a falta de conhecimento sobre nutrição e práticas alimentares menos saudáveis (TRICHES e GIUGLIANI, 2005), fatores genéticos (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010), faixa etária em homens e mulheres (VEDANA et al. 2008), com características socioeconômicas, comprovando que mulheres com alta renda prestam mais atenção a hábitos saudáveis e possuem menor prevalência de obesidade (SILVA,2017) e com o baixo nível de práticas de atividade física (IRAHETA e BOGANTES,2020).
Atualmente há maior número de pesquisas em crianças e adolescentes, pois a obesidade está em maiores números, nesta fase, e tende a persistir na vida adulta (ABRANTES; LAMOUNIER; COLOSIMO, 2002), devido ao uso excessivo de eletrônicos que pode gerar problemas físicos, psicológicos e sociais, além de dores musculoesqueléticas, isolamento social, e dependência psicológica que vem preocupando os profissionais da saúde (DIAS, 2020).
Visto que a população de feirantes é pouco estudada, e anteriormente foi citado que fatores socioeconômicos e qualidade de vida estão associados com a obesidade, propomos um estudo sobre os fatores associados com a obesidade em feirantes, feito na cidade de Porteirinha-MG, para contribuir com a sociedade acadêmica, acrescentando conhecimentos. Uma vez que a exposição a fatores de risco subjacentes à atividade laboral dos feirantes pode contribuir para o surgimento de doenças, alterações emocionais, e deficiência de informação sobre hábitos de vida saudáveis devido à dificuldade de acessibilidade aos serviços de saúde, causando também limitação no enfrentamento do problema.
Dessa forma, uma melhor compreensão do perfil nutricional e possíveis fatores associados ao qual os feirantes estão inseridos pode ajudar a reduzir os impactos negativos trazidos pelos fatores de risco, favorecendo um melhor controle da prevalência de patologias de áreas cardiológicas e endocrinológicas. Além de permitir à identificação de aspectos modificáveis recorrentes a cada uma dessas morbidades.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, analítico realizado na cidade de Porteirinha-MG, compreendendo o período de maio a dezembro de 2020.
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