FISIOLOGIA E PATOLOGIA DA DOR
Por: sonimar • 4/9/2016 • Trabalho acadêmico • 9.089 Palavras (37 Páginas) • 1.409 Visualizações
FISIOLOGIA E PATOLOGIA DA DOR
Entre as múltiplas mensagens recebidas pelo cérebro há uma em especial que dá origem a uma sensação que envolve nossa afetividade e nos é desagradável: a dor.
O estudo da fisiologia da dor tem por objetivo saber como se produz uma sensação dolorosa, ou seja, que receptores, vias ou parte do sistema nervoso central desempenham papel em seu mecanismo, procurando também investigar relações da dor com outros processos e de que modo o organismo reage a esse estímulo.
A dor recai sobre o âmbito filosófico, psicológico e teológico, mas cientificamente a dor tem um significado dada por Spinoza no que implica em sentimento desagradável, especificamente referido a algum lugar ou a lugares do corpo.
A sensação e a percepção da dor na escala animal provavelmente antecedem a espécie humana, a dor foi catalogada como nociceptiva, ou seja sensível a estímulo nocivos. Enquanto que a função das outras modalidades é informativa ou gnósica, a dor é de proteção, sendo essa uma reação de escape.
Fisiologia:
Do ponto de vista fisiológico a problemática da dor envolve estímulos e receptores, vias, estruturas do SNC, percepção dolorosa, reações motoras e neurovegetativas. Os receptores da dor distribuem-se praticamente em todos tecidos do corpo, e de acordo com sua localização dá origem a duas classes de dor: somática e visceral, a somática compreende a superficial (ou cutânea) e a profunda (originada de músculos, tendões, articulações e faciais), e são constituídos de terminações nervosas, diferindo dos demais receptores, não são especializadas para receber estímulos específicos, uma vez que podem ser estimuladas por qualquer agente nocivo.
A dor pode ser provocada por pressões excessivas, por agentes químicos, físicos, térmicos, uma vez originado ao nível receptor, o potencial de ação percorre, como impulso nervoso, as vias específicas até o córtex cerebral, onde a diferente distribuição dessas vias é fator importante na determinação da qualidade da sensação. A relação entre córtex cerebral e a dor tem sido estudada por diferentes técnicas diferentes: estimulação, lesão e potencial evocados.
Patologia:
A patologia da dor é examinada a insensibilidade congênita a dor, sendo admitida a hipótese de que algumas sinapses são modificadas dando lugar a sensação dolorosa. Sendo essas: a insensibilidade a dor: fenômeno raro também conhecido como insensibilidade congênita a dor, para que uma pessoa seja considerada insensível a dor; Assimbolia para a dor: nesta síndrome não há analgesia, mas a reação psíquica a sensação dolorosa está ausente, o paciente reconhece o estímulo doloroso mas falta-lhe a integração necessária para realizar o ato motor de retirar a zona estimulada do agente nocivo; Lobo Frontais e dor: sabe-se que a extirpação do córtex cerebral ou secção das fibras dos dois terços anteriores do lobo frontal diminuem a reação a dor constante; Hiperalgesia onde o limiar da dor está diminuído, podendo ser esse uma queimação; dor somática e dor visceral ambas tem a mesma qualidade, são difusas e mal localizadas; dor referida é a estimulação de uma sensitiva, em qualquer parte do seu percurso a partir do receptor, dando origem a uma sensação que se projeta na periferia e não no ponto estimulado, sendo a mesma difusa podendo ser intensa ou prolongada conhecida pela teoria da convergência-projeção de fibras viscerais com fibras cutâneas dolorosas sobre o mesmo neurônio em algum ponto de vista sensitiva; dor e inibição onde o nervo sensitivo cutâneo diminui o linear para a dor das estruturas profundas subjacentes e a dor e o sistema endócrino onde a hipofisectomia como tratamento do câncer do seio trouxe a observação inesperada de uma diminuição ou anulação da dor, que ocorre rapidamente depois da operação. Esse efeito não tem evolução com o tumor. Essas observações abrem a possibilidade de que o sistema endócrino atue potenciando ou inibindo as funções nervosas implicadas na dor.
FISIOPATOGÊNESE DA DOR
A fisiopatologia da dor constitui um capítulo do estudo das bases neurofisiológicas da sensação. Entre as múltiplas mensagens recebidas pelo cérebro há uma categoria especial que dá origem a uma sensação que envolve sempre nossa afetividade e nos é desagradável: a dor. O estudo da fisiologia da dor tem por objetivo saber como se produz uma sensação dolorosa, ou seja, que receptores nervosos, vias nervosas e que parte do sistema nervoso central desempenham papel em seu mecanismo; além disso, procura investigar que relações tem a dor com outros processos e de que modo o organismo reage às impressões dolorosas. A partir desses conhecimentos tenta se formar uma ideia da significação funcional da dor em circunstâncias distintas.
Evidentemente, o problema da dor cai também no âmbito filosófico, psicológico e teológico. Aristóteles equiparava a dor a coisa desagradável, quer de origem externa, quer de origem interna em relação ao corpo, originando-se na própria alma, segundo ele, como quando o indivíduo se sente "miserável". Para Spinoza a dor era uma forma localizada, focal, de tristeza; uma emoção oposta ao prazer e que surge quando uma das partes do corpo é mais afetada do que outras. Cientificamente, a palavra dor tem a significação dada por Spinoza no que implica em sentimento desagradável, especificamente referido a algum lugar ou a lugares do corpo.
O psicólogo considera a dor como um fenômeno psíquico determinado por um estímulo, com um componente afetivo desagradável e uma reação motora de atenção e repulsa. Sherrington definia dor como "o componente psicológico de um imperativo reflexo de proteção".
A sensação e a percepção da dor na escala animal provavelmente antecedem a espécie humana mas não há dúvida de que a essência e o sentido da dor unicamente se podem investigar a fundo no homem. Na classificação Relatório apresentado como contribuição ao tema "Algias", discutido no 1º Congresso Brasileiro de Neurologia (Ribeirão Preto, SP, de 26 a 31 de julho de 1964).
* Professor de Fisiologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Prêto, SP — Brasil.
Nota do autor — Parte dos meus trabalhos citados neste relatório foi feita mediante doações concedidas pelo Departamento Científico da Fôrça Aérea Norte
Americana.
sherringtoniana dos sentidos a dor foi catalogada como nociceptiva, isto é, "sensível a estímulos nocivos". Enquanto que a função das outras modalidades sensoriais é informativa ou gnósica, a dor é de proteção; o reflexo de flexão em resposta a um beliscão, um golpe ou o contato com um objeto quente, previne a lesão da zona atingida. O estabelecimento de reflexos condicionados pela associação da dor com outros estímulos determina uma reação de escape. A obstrução coronária é causa da angina de peito devida à diminuição da irrigação sanguínea; a dor consequente faz que o paciente se detenha e descanse e, assim, proteja o coração enfermo das consequências da hiperatividade. Outra diferença é a de que a dor é desagradável, ou seja, possui forte componente emotivo que sói ser um ponto de ataque para, diminuindo-o, controlar a dor. Algumas drogas analgésicas parecem ser eficazes principalmente porque reduzem essa reação afetiva; a lobotomia frontal, quando bem sucedida, parece reduzir o componente emocional da dor sem alterar a percepção dolorosa.
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