Assistência Ao Paciente Com Deficiencia Mental
Trabalho Universitário: Assistência Ao Paciente Com Deficiencia Mental. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 234280 • 17/11/2014 • 9.266 Palavras (38 Páginas) • 676 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
A reforma psiquiátrica voltada a uma nova proposta de atendimento à saúde mental apresentou diferentes estágios evolutivos pelo mundo. Em tese, esta falta de uniformidade no período em que ocorreu não apresenta relevância. O fator mais importante esteve na preocupação dos países em assinar acordos que referendassem a proposta de mudança no panorama de atendimento aos doentes mentais, centralizados no modelo manicomial.
Em diferentes lugares, começaram a ser ensaiadas diversas tentativas de modificar os hospitais psiquiátricos. A princípio, os movimentos diziam respeito à busca pela humanização dos asilos. Partia-se de uma crítica à estrutura asilar, vista como responsável pelos altos índices de cronificação e que, por ser o manicômio uma instituição de cura, deveria ser urgentemente reformado, uma vez que havia se afastado de sua finalidade. Associada a esta tentativa de reforma asilar, também estava a necessidade de se promover a criação de espaços para a recuperação de feridos e vítimas de traumas de guerra, tendo em vista a necessidade de reorganizar o Estado e compensar as carências advindas dos frontes de batalha (ALVES et al, 2009).
A abordagem do tema escolhido para este estudo direciona-se a uma temática com ênfase social, cultural e de saúde pública – os cuidados prestados pelos familiares aos pacientes que passam pela internação dia em CAPS. Considerando a dimensão da psiquiatria na sociedade moderna e, todos os processos de transformações pela qual ela já passou nos últimos anos, discutir a respeito deste assunto deveria ser uma questão redundante, à medida que, este assunto deveria estar superado.
O cerne do problema não está apenas em modificar o local em que os doentes mentais serão instalados, o período diário, ou ainda, quais serão os profissionais responsáveis por eles. A mudança deve ser abrangente, voltada ao problema em suas raízes, ou seja, abranger questões sociais, culturais, políticas, psiquiátricas e psicológicas, além disso, o envolvimento deve ser não apenas dos profissionais de saúde e dos usuários do sistema, mas de seus familiares, dos órgãos governamentais e da sociedade como um todo.
A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública. Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005).
Os CAPS e NAPS comparados ao modelo manicomial apresentam grandes diferenciais, os mais positivos estão na interatividade entre pacientes e equipe de saúde e a possibilidade dos pacientes realizarem ações visando sua reintegração na sociedade.
Sabe-se que os modelos tradicionais de tratamento da saúde mental ainda não foram totalmente superados, ainda existem hospitais psiquiátricos voltados à internação do paciente, coibindo seu convívio com familiares e sua reintegração à sociedade. Este processo é longo, demanda conscientização social e política, além de todo o aparato necessário para acolher estes pessoas no convívio social atual.
A reforma psiquiátrica fundamentada na redução dos hospitais e na socialização dos usuários alterou o panorama da saúde mental no Brasil. Constata-se, entretanto, que os familiares dos usuários ainda não recebem o amparo necessário para lidarem com estes pacientes, que, por vezes, permaneceram anos internados e agora em processo de alta estão em casa.
Lidar com o paciente demanda uma modificação de sua estrutura pessoal e dinâmica familiar, o paciente requer cuidados específicos. Em determinadas situações é necessário que alguém esteja ao seu lado durante todo o dia, as medicações são caras e a inserção sociocultural nem sempre corresponde ao modelo ideal proposto pelo governo.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Compreender as alterações na dinâmica familiar após o processo de Reforma Psiquiátrica, quando os pacientes passaram a ter maior convivência com as famílias e menos tempo nos hospitais.
2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos elencados para a realização deste estudo são:
I. Realizar um histórico a respeito da reforma psiquiátrica no Brasil, levantando as principais modificações ocorridas.
II. Discorrer a respeito do atual modelo de saúde psiquiátrica do Brasil, descrevendo a criação do CAPS e NAPS.
III. Analisar o novo papel da família no contexto da Reforma Psiquiátrica no Brasil.
3 JUSTIFICATIVA
Após a reforma psiquiátrica percebe-se que internação ocorre em casos extremos e, que as instituições procuram ficar o menos possível com os pacientes. As famílias, obviamente, sentem uma enorme dificuldade no cuidado dessas pessoas, muitas vezes, administrando dosagens erradas de medicações ou suspendendo-as na esperança de uma reinternação.
Estes acontecimentos se dão pelos mais variados motivos, dentre os quais o desespero, o medo, a falta de conhecimento, o adoecimento que a situação lhes causa ou até mesmo as péssimas condições financeiras, nas quais recebem estes familiares, sem condições sequer de lhes alimentar como deveriam. Sabe-se também que um paciente como este exige alguém que o acompanhe nas consultas e que, literalmente, o vigie, para o caso de tentativa de suicídio ou reincidência desta.
O problema é muito amplo, pois ao se discutir sobre o direito à saúde, não se contempla a falta de instrumentalização mínima da família para este cuidado.
No CAPSi, por exemplo, não há profissionais suficientes que possam dar o suporte que estas famílias necessitam. Embora se procure orientar os pais em atendimentos nucleares
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