Atencao Farmaceutica
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INTRODUÇÃO
Segundo Renovato e Trindade, a Hipertensão Arterial é uma doença crônica que apresenta elevado custo médico-social, pois é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A participação do farmacêutico na equipe multiprofissional tem sido consolidada, e a sua proximidade da comunidade reforça a implementação de projetos no combate à hipertensão, tendo como local de realização a própria farmácia e a aplicação de uma nova prática: atenção farmacêutica.
A atenção farmacêutica é uma prática que tem como principal finalidade melhorar a qualidade de vida do paciente que faz uso de medicamentos. Otimizar o tratamento farmacológico e prevenir problemas relacionados ao uso de medicamentos são um dos objetivos da atenção farmacêutica. Em atenção farmacêutica o paciente é o principal foco e não a doença. Estudos relatam que são os pacientes que tem doses e não o medicamento. Estabelecer uma relação terapêutica entre o profissional de saúde e o paciente compromete o acompanhamento farmacoterapêutico centrado no paciente.
1. Atenção Farmacêutica
Segundo Rovers e Currie, a atenção farmacêutica é a responsabilidade direta que o farmacêutico deve ter com o paciente. O papel do farmacêutico vai um pouco além do de outros profissionais de saúde que estão efetivamente provendo os cuidados médicos, um componente integrante da atenção farmacêutica é a construção do relacionamento terapêutico. Pacientes precisam estar envolvidos ativamente no seu tratamento, e é essencial que eles desenvolvam uma relação confiável e colaborativa com todos os profissionais envolvidos na prestação de assistência médica. O farmacêutico tem um contrato com o paciente: compromete-se a fazer todo o necessário para que o paciente alcance resultados positivos da terapia medicamentosa.
As contribuições do farmacêutico para esta relação profissional incluem dar suporte para o máximo bem estar do paciente, manter a atitude apropriada de zelar por esse bem estar, bem como usar o conhecimento e habilidades profissionais em prol do paciente. As responsabilidades do paciente compreendem fornecer informações pessoais, expressar preferências, e participar do desenvolvimento do plano terapêutico. A relação é facilitada por meio de comunicação efetiva, abrangente coleta de dados e ênfase no bem estar atual e futuro do paciente.
A atenção farmacêutica é um filosofia, e não se restringe a formulários e instalações. Em essência, significa cuidar do paciente e como profissional de saúde, despender o tempo e o esforço necessários para auxiliar outro ser humano.
Farmacêuticos estão prestando serviços mais variados do que antes, e isto significa que eles têm que conhecer verdadeiramente seus pacientes. O farmacêutico tem que entender a medicação do paciente e seus problemas médicos, bem como descobrir não só todos os medicamentos que o paciente usa, mas como ele os usa e como ele se sente ao usá-los. Neste processo o farmacêutico aprende mais sobre as crenças dos pacientes em relação a cuidados médicos, inclusive sobre a visão que eles têm do papel farmacêutico nesses cuidados. Atenção farmacêutica de qualidade não pode ser fornecida com base em um conhecimento apenas superficial do paciente.
O farmacêutico obtém e avalia informação sobre pacientes e verifica se há problemas, quaisquer que sejam nos seus regimes terapêuticos. Ele faz isto aplicando seu conhecimento sobre o uso ideal de medicamentos nas circunstâncias que o paciente apresenta. Se são identificados problemas, o farmacêutico busca uma solução, formula um plano para corrigi-los e coloca o plano em prática para ajudar o paciente. Para conseguir fazer isso, o farmacêutico precisa aplicas habilidades e conhecimentos superiores aos exigidos para a prática tradicional da farmácia, orientada unicamente para o fornecimento de medicamentos.
Quando o farmacêutico despende tempo falando com o paciente para ter certeza que ele realmente entende como usar a medicação, telefona para o médico para discutir a conveniência de um medicamento ou dosagem, ou trabalha com os provedores de assistência médica do paciente para assegurar o pleno atendimento às prescrições, ele está aplicando seus conhecimentos e habilidades na prática. Quando o farmacêutico faz o acompanhamento dos pacientes, ele busca responder as seguintes questões: Os medicamentos prescritos estão de fato ajudando o paciente? Seus problemas de saúde foram resolvidos, ou pelo menos encontram-se dentro do possível sob controle? Foram alcançados os objetivos fixados para a terapia? A medicação está causando novos problemas? Prestar atenção farmacêutica significa que, ao término do dia o farmacêutico mede o bom resultado de seu trabalho pelo número de pessoas que ele ajudou, e não pela quantidade de prescrições que ele aviou (ROVERS e CURRIE, 2010).
2. Hipertensão Arterial
Segundo Rang et al, a hipertensão é um distúrbio comum que, se não for tratado com eficiência resulta em grande aumento da probabilidade de trombose coronariana, AVCs e insuficiência renal.
Há algumas poucas causas reconhecíveis e cirurgicamente tratáveis de hipertensão, tumores secretores de esteroides do córtex da supra-renal, e assim por diante, mas a maioria dos casos não envolve causa óbvia e se agrupa como hipertensão essencial ( assim chamada porque originalmente se pensava incorretamente, que a elevação da pressão arterial fosse “essencial” para manter a perfusão adequada do tecido). O aumento do débito cardíaco pode ser uma característica precoce, mas quando é diagnosticado (comumente na meia idade), geralmente há aumento da resistência periférica e o débito cardíaco é normal.
O controle da pressão arterial está intimamente relacionado com os rins, conforme demonstrado por experimentos com transplantes nos quais os rins são transplantados de animais com hipertensão genética, para eles ou para indivíduos que precisem de transplante renal: a hipertensão “acompanha” o rim de um doador hipertenso, e doar um rim de um normotenso para um hipertenso corrige a hipertensão no receptor. Pressão arterial persistentemente elevada leva à hipertrofia do ventrículo esquerdo e remodelação das artérias de resistência, com o estreitamento da luz. A resistência vascular periférica elevada põe em ação várias respostas fisiológicas envolvendo o sistema cardiovascular, o sistema nervoso e o rim.
Contrariando o ponto de vista mais antigo de que a hipertensão fosse “essencial” para manter a vida, reduzir a pressão arterial melhora muito o prognóstico dos pacientes com hipertensão. Controlar a hipertensão (que é assintomática) sem produzir efeitos colaterais inaceitáveis, portanto, é uma necessidade clínica importante, que em geral é bem atendida pelos fármacos modernos. O tratamento envolve medidas não farmacológicas por exemplo aumento dos exercícios físicos, redução do sal da dieta e das gorduras saturadas com o aumento de frutas e fibras, redução do peso e do consumo de álcool seguidas pela introdução gradual de fármacos, iniciando com aqueles que tem o benefício comprovado e que tenham a menor probabilidade de produzir efeitos colaterais (Rang et al, 2007).
Categoria Pressão Sistólica (mmhg) Pressão Diastólica (mmhg) Reavaliações
Ótima 120 80 REAVALIAR EM 01 ANO
Norma 120 - 129 80 - 84 REAVALIAR EM 06 MESES
Normal Alta 130 - 139 85 - 89 A CADA 2 MESES
Hipertensão Leve 140 - 159 90 - 99 A CADA 02 MESES
Hipertensão Moderada 160 - 179
100 - 109 A CADA 01 MÊS
Hipertensão Grave Maior ou igual a 180 Maior ou igual a 110 IMEDIATO
3. Atenção Farmacêutica e o Hipertenso
Por se tratar de uma doença que, na maioria das vezes, inicia-se de forma silenciosa, o farmacêutico tem um importante papel no auxílio da identificação da doença e na manutenção da adesão do paciente ao tratamento. Muitos pacientes descobrem-se com hipertensão arterial após a ocorrência de um episódio de crise e, após o diagnóstico clínico, passam a fazer uso contínuo de medicamentos anti-hipertensivos; porém, alguns pacientes, fora da crise, não sentem os sintomas da doença e tendem a abandonar o tratamento. É papel do farmacêutico orientar quanto à necessidade de adesão ao tratamento, supervisionar o uso dos mesmos e garantir que a posologia prescrita esteja sendo rigorosamente cumprida.
4. Tratamento Farmacológico
O medicamento anti-hipertensivo deve ser eficaz por via oral; ser bem tolerado; permitir a administração em menor número possível de tomadas, diárias, com preferência para posologia de dose única diária; iniciar o tratamento com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente; deve-se levar em conta que quanto maior a dose, maiores serão as probabilidades de efeitos adversos; respeitar o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para aumento de dose, substituição da monoterapia ou mudança da associação de fármacos; instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a necessidade do tratamento continuado, a possibilidade de efeitos adversos dos medicamentos utilizados, a planificação e os objetivos terapêuticos e considerar as condições socioeconômicas.
4.1 Classes Farmacológicas de Anti-hipertensivos
Diuréticos: hidroclorotiazida, furosemida, espironolactona;
Simpaticolíticos: metildopa, reserpina, propranolol, prazosina, carvedilol; metoprolol
Vasodilatadores: hidrolazina, nitroprussiato;
Bloqueadores dos canais de cálcio: verapamil e anlodipina;
Inibidores da enzima conversora de angiotensina: captopril e enalapril;
Antagonistas dos receptores de angiotensina II: losartana, valsartana.
5. Tratamento Não Farmacológico
O tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial consiste em estratégias que visam mudar o estilo de vida e que podem levar à diminuição da dosagem dos medicamentos ou até mesmo à sua dispensa. O tratamento não medicamentoso tem, como principal objetivo, diminuir a morbidade e a mortalidade cardiovasculares por meio de modificações do estilo de vida que favoreçam a redução da pressão arterial.
Está indicado a todos os hipertensos e aos indivíduos mesmo que normotensos, mas de alto risco cardiovascular. Dentre essas modificações, as que comprovadamente reduzem a pressão arterial são: redução do peso corporal, da ingestão do sal e do consumo de bebidas alcoólicas, prática de exercícios físicos com regularidade, e a não utilização de drogas que elevam a pressão arterial. As razões que tornam as modificações do estilo de vida úteis são:
• Baixo custo e risco mínimo;
• Redução da pressão arterial, favorecendo o controle de outros fatores de risco;
• Aumento da eficácia do tratamento medicamentoso;
• Redução do risco cardiovascular.
5.1 Redução e/ou Controle de Peso
Hipertensos com excesso de peso devem emagrecer. O objetivo é atingir uma circunferência abdominal adequada (inferior a 94 cm nos homens e
80 cm nas mulheres) e um índice de massa corporal (peso dividido pela a altura ao quadrado = P / H2) inferior a 25 kg/m2.
A perda de 10 kg pode diminuir a pressão arterial sistólica em 5 a 20 mmHg, sendo a medida não medicamentosa de melhor resultado. Uma dieta com baixa caloria e um aumento do gasto energético com atividades físicas, são fundamentais para a perda de peso. As estratégias para o médico no controle e diminuição do peso do paciente são: a identificação desse índice e da dieta real do hipertenso, a fim de tomar conhecimento do que exatamente ele come e do que modificar; traçar objetivos de peso a curto, médio e longo prazo; orientá-lo a seguir as medidas associadas, explicadas a seguir, e providenciar apoio psicológico.
5.2 Padrão alimentar adequado
A dieta do hipertenso deverá ser pobre em sal e rica em potássio, magnésio e cálcio; a dieta pobre em sal (hipossódica), deverá restringir a ingestão diária de sal em 6 gramas (2,4 gramas de sódio), ou seja, 4 colheres rasas de café de sal para o preparo dos alimentos (4 gramas de sal), mais 2 gramas de sal próprio dos alimentos (evite: conservas , frios, enlatados, embutidos, molhos prontos, sopas de pacote, queijos amarelos, salgadinhos, etc.).
O consumo de vinagre, limão, azeite de oliva, pimenta e ervas está permitido, pois estes alimentos não influenciam na pressão arterial. Uma dieta hipossódica pode reduzir a pressão arterial sistólica em 2 a 8 mmHg. Uma dieta rica em potássio e magnésio poderá ser obtida através de uma ingesta rica de feijões, ervilhas, vegetais verdes escuros, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomates, batata inglesa e laranja. O cálcio da dieta poderá ser obtido através de derivados do leite com baixo teor de gorduras, como o leite, o iogurte desnatado e os queijos brancos. Uma dieta, chamada de DASH, composta de frutas, verduras, fibras, alimentos integrais, leite desnatado, pobre em colesterol e gorduras saturadas, demonstrou ser capaz de reduzir a pressão arterial sistólica em 8 a 14 mmHg.
São considerados padrões alimentares adequados: ter uma dieta rica em vegetais, frutas, verduras, grãos, fibras, alimentos com baixa densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas (alimentos cozidos, assados, grelhados ou refogados, com temperos naturais). Limitar a ingestão de sal, álcool, gema de ovo, crustáceos e margarinas. Evitar doces, frituras e derivados do leite integral.
5.3 Diminuição do Consumo de Sal
O consumo não pode ultrapassar 6g de sal por dia, o que equivale a 100mL de sódio (4 colheres de chá). Para isso, devem ser ingeridos alimentos naturais, com pouco sal, e devem ser evitados enlatados, conservas, embutidos e defumados.
5.4 Diminuição do Consumo de Álcool
Na verdade, bebidas alcoólicas não são recomendadas, mas se o paciente for consumi-las, a orientação é que não ultrapasse 30g de etanol/dia para homens e 15g/dia para mulheres. O hipertenso deve evitar uma ingesta regular de bebidas alcoólicas e, quando isto ocorrer, esta ingesta deverá ser limitada a 30 gramas de etanol nos homens (700 ml de cerveja = 2 latas de 350 ml ou 300 ml de vinho = 2 taças de 150 ml ou 100 ml de destilado = 3 doses de 30 ml) e 15 gramas de etanol nas mulheres, ou seja, 50% da quantidade permitida para homens. A diminuição da ingesta excessiva de bebidas alcoólicas pode diminuir a pressão arterial sistólica em 2 a 4 mmHg.
5.5 Cessações do Hábito de Fumar
O tabagismo aumenta muito o risco de complicações cardiovasculares em pacientes portadores de hipertensão arterial, logo, deverá ser abandonado. Abandono ao tabagismo, que pode ser imediato ou gradual, sendo esse último um tratamento (psicológico ou reposição de nicotina).
5.6 Práticas de Atividades Físicas
As pessoas sedentárias apresentam maior probabilidade de desenvolver hipertensão quando comparadas a pessoas fisicamente ativas. Das diversas intervenções não medicamentosas, o exercício físico está associado a múltiplos benefícios. Bem planejado e orientado de forma correta, quanto a sua duração e intensidade, pode ter um efeito hipotensor importante. Uma única sessão de exercício físico prolongado de baixa ou moderada intensidade provoca queda prolongada na pressão arterial.
Têm sido amplamente demonstrado que o treinamento físico aeróbio provoca importantes alterações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular. Tem sido documentada por meio de estudos epidemiológicos uma associação entre o baixo nível de atividade física ou condicionamento físico com a presença de hipertensão arterial. E, por outro lado, grandes ensaios clínicos aleatorizados e metanálises não deixam dúvidas quanto ao efeito benéfico do exercício sobre a pressão arterial de indivíduos hipertensos leves e moderados. Isto é, o treinamento físico reduz significativamente a pressão arterial em pacientes com hipertensão arterial sistêmica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante que, na abordagem terapêutica do paciente hipertenso, tenhamos sempre em mente a necessidade de estimular a mudança de estilo de vida, através de modificações dietético-comportamentais, que contribuirão, em muito, para o melhor controle da pressão arterial. Antes de prescrever a administração de medicamentos. É recomendável adotar medidas que estimulem hábitos de vida saudáveis, a prevenção e o tratamento da hipertensão através de intervenções não medicamentosas vem conquistando vários adeptos, médicos e pacientes, estão utilizando esta estratégia terapêutica com mais frequência, desfrutando dos seus benefícios a médio e longo prazo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RANG, H.P.; et al. Farmacologia. 6 ed. Pg. 19. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
ROVERS, John P.; CURRIE, Jay D. Guia Prático da Atenção Farmacêutica. Pg. 7,8,9. São Paulo: Pharmabooks, 2010.
RENOVATO, Rogério Dias; TRINDADE, Marcelly de Freitas. Atenção Farmacêutica na Hipertensão Arterial em uma Farmácia de Dourados, Mato Grosso do Sul. Disponível em: < http://www.cff.org.br > Acesso em: 22-10-2014.
BROOKS, Geo F; CARROLL, Karen C; BUTEL, Janet S; MORSE, Stephen A Microbiologia Médica. 24 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
LOPES, Louisy Oliveira; MORAES, Elzira Diniz. Tratamento Não Medicamentoso para Hipertensão Arterial. Disponível em: <www.inesul.edu.br> Acesso em: 23-10-2014.
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