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Diário de Campo de Saúde Coletiva

Por:   •  22/5/2018  •  Relatório de pesquisa  •  3.045 Palavras (13 Páginas)  •  307 Visualizações

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FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

CAMILA OLIVEIRA DE FIGUEIREDO

ATENÇÃO EM SAÚDE II: DIÁRIOS DE CAMPO

Profª: Yana Balduíno

CABEDELO – PB

ABRIL – 2018

CAMILA OLIVEIRA DE FIGUEIREDO

ATENÇÃO EM SAÚDE II: DIÁRIOS DE CAMPO.

Trabalho de diários de campo destinado ao módulo de Atenção em Saúde II do curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba.

Profª: Yana Balduíno.

CABEDELO – PB

ABRIL – 2018

DIÁRIO DE CAMPO I — UBS EUCALIPTOS

DATAS: 07/03 e 21/03

OBJETIVOS DOS DIAS: Visita às famílias nos territórios - conhecendo as famílias.

        A nossa primeira visita à família no período transcorreu tranquilamente. Primeiro, nos encontramos (eu, meu grupo e a professora Yana) em um supermercado próximo à Unidade Básica de Saúde Eucaliptos, recebemos algumas orientações da professora e seguimos em direção à Unidade. Chegando lá, discutimos com o objetivo de dividir as duplas e as famílias que cada dupla seria responsável. Eu formei dupla com a Renata, e nós ficamos responsáveis pela família da Cícera.

        Ao chegar à residência, que fica localizada dentro de um condomínio fechado, fomos recebidas pela própria Cícera Edvânia, de 38 anos, que nos recepcionou com simpatia e nos permitiu “ficar a vontade” (palavras da própria dona da casa). Inicialmente, nos apresentamos e explicamos para ela que éramos estudantes de Medicina, e que iríamos acompanha-la em um total de cinco visitas. Passamos as datas das visitas e pedimos o contato dela para que possamos avisá-la com antecedência sobre nossa ida à sua casa. Cícera nos permitiu entrar em contato e, inclusive, aprovou a ideia.

        Depois disso, passamos a fazer uma entrevista inicial com a intenção de conhecer melhor a família e começar a criar um vínculo com ela, que significa uma relação duradoura entre o profissional e o paciente, de forma a se conhecerem cada vez mais a ponto de facilitar a adesão e permanência do tratamento pelo paciente, evitando consultas/exames desnecessários no futuro (BRUNELLO et al., 2009). Na casa residem 5 pessoas — Cícera, Marcelo Oliveira (esposo de Cícera), Catarina (irmã de Marcelo), Maria Eduarda e Ana Clara (filhas de Cícera e Marcelo), mas apenas 3 nos 5 moradores estavam presentes: Cícera, Catarina e Ana Clara.

        Cícera nos falou um pouco de cada morador, começando por Marcelo, seu marido. Ele tem 58 anos, trabalhou por muito tempo como motorista, mas sofreu um infarto há 6 anos e hoje é aposentado por invalidez. Ele é o responsável por todas as finanças da casa e resolve todos os problemas que eventualmente surgem (ex: dívidas) sozinho, com o intuito de não estressar a Cícera, como uma forma de proteção à saúde dela.

        Cícera Edvânia tem 38 anos e é mãe de duas filhas, mas já esteve gestante três vezes; a terceira filha, no entanto, faleceu com 13 dias de vida por conta de uma má formação congênita. Cícera é dona de casa e nos relatou que sofre de depressão e se medica, com o apoio de um psiquiatra, há três anos. Ela já sofreu diversas crises de ansiedade e de pânico, exemplificando com um episódio em que, por ter sido chamada pela filha, que gritou “mãe, mãe”, se estressou a ponto de bater na criança, e a partir daí percebeu que precisava de tratamento. Ela achava que seu estresse era apenas por conta da TPM (tensão pré-menstrual), e inclusive tomou medicamentos para diminuir os efeitos dela, mas depois descobriu a respeito da depressão, que estava aliada a essa TPM. A última crise de Cícera foi há um ano e atualmente ela faz uso dos psicofármacos Sertralina e Olcadil, que não são remédios controlados e, inclusive, tem diminuído as doses ao longo do tempo.

 Na psiquiatria, a depressão é tratada como um transtorno, e é diagnosticada a partir da presença de alguns sintomas que perduram por determinados tempos (FERREIRA, 2014; GONÇALVEZ, 2014; MENDES, 2014) . Os sintomas podem ser: humor deprimido, alterações no sono, alterações no apetite, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, culpa excessiva, pensamentos de morte, ideações suicida, tentativa de suicídio, etc. Para Cavalcante (1997, apud LOPES, 2005), a depressão é “um fenômeno cuja dimensão maior ou menor é um processo de interação social”, ou seja, está relacionada com o âmbito social no qual um indivíduo está inserido. Segundo Souza (1999), a depressão levando em consideração o ser humano em sua total integralidade biopsicossocial, deve utilizar a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e terapia farmacológica.

        Além da depressão, Cícera também sofre de miomas, e afirmou que realiza o exame transvaginal para averiguar possíveis pioras 1x por ano, e disse que até agora elas não aumentaram de tamanho, apenas de quantidade, não sendo necessária intervenção cirúrgica. Aproveitou esse momento para reclamar da demora para realização de exames na rede pública de saúde, que precisam ser marcados no início do ano para serem realizados — talvez  — no fim.

        Questionei a ela sobre o apoio familiar em relação à sua depressão, visto que hoje em dia ainda existe muito preconceito em relação a doenças psicológicas, havendo muitas pessoas usando argumentos como: “isso é falta de Deus”, “Depressão é frescura”, e que uma família que acolhe é essencial para vencer a doença, pois algumas deficiências na habilidade social podem ser oriundas de problemas nas relações interpessoais, levando a timidez, isolamento e a própria depressão (Z.A.P. Del Prette & A. Del Prette, 1999, 2002). Ela disse que seu marido era extremamente prestativo com ela para que a doença não se agrave; afirmou que ele a incentivou a voltar a fazer artesanatos para ocupar a mente e fazê-la feliz e que chegou até a se mudar de casa quando percebeu que ela se sentia sem amigos no antigo bairro em que moravam. No entanto, também relatou sobre uma amiga evangélica que a persuadiu para que não procurasse um médico, pois poderia ficar viciada em remédios, e que ela deveria mesmo procurar uma igreja. Cícera admitiu que demorou a procurar um médico por influência dessa amiga. Ao ouvir isso, eu e Renata explicamos que a fé é sim muito importante, mas que deve ser aliada ao conhecimento médico. Contei para Cícera algumas experiências tidas por mim com as crises de ansiedade e percebi sua satisfação ao ver que não estava sozinha naquela situação.

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