HPV: FATORES PREDISPONENTES

1. INTRODUÇÃO

A infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano) representa um autêntico desafio em termos de saúde pública, pois afeta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive no Brasil1.

A doença pode acometer homens e mulheres, adultos e crianças e se manifesta através de lesões muco-cutânea verrucosas em diversas regiões e estruturas anatômicas do corpo, como por exemplo: genitais, ânus, lábios, língua, mucosa laríngea, pele das extremidades e dedos1-3.

É transmitido pelo contato direto ou indireto com o indivíduo que tem a infecção/lesão. Disfunções na barreira epitelial por traumatismos, pequenas agressões ou macerações provocam a perda de continuidade na pele, possibilitando a contaminação com a infecção viral3. Porém, o vírus HPV é considerado o agente infeccioso de transmissão sexual mais comum4.

Estudos multicêntricos confirmaram a presença do DNA do Papiloma Vírus em epitélios dos carcinomas invasivos e que a doença é um dos fatores para o desenvolvimento do câncer de colo de útero4.

Devido a infecção pelo HPV ser a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum no mundo2, surgiu o interesse de realizar a pesquisa por revisão bibliográfica para identificar os fatores predisponentes relacionados ao contágio pelo Papilomavírus Humano.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O HPV é um vírus da família Papillomaviridae, que afeta exclusivamente as células epiteliais e a sua replicação está associada ao processo de diferenciação dessas células no hospedeiro. Pode acometer homens e mulheres, adultos e crianças, constituindo, portanto, uma afecção de caráter multidisciplinar. Apresenta-se em mais de 150 sorotipos, sendo que aproximadamente 30 sorotipos possuem tropismo pelo epitélio escamoso do trato genital inferior.11. São classificados de acordo com seu potencial oncogênico em três grupos: baixo, intermediário e alto risco e identificados com números de acordo com a ordem de sua descoberta.5,6. Os tipos 06 e 11 estão presentes na maioria das infecções clinicamente aparentes (verrugas genitais visíveis). Os tipos de médio e alto risco incluem: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45,51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82, e são relacionados a lesões de alto grau e câncer. Destes, foram identificados os tipos 16 e 18 como os principais agentes etiológicos do câncer cérvico-uterino, firmando-se cientificamente, pela primeira vez, a indução de um tumor sólido por um vírus. 1,9,11

A principal forma de transmissão do vírus é através do ato sexual, no contato pele com pele e não somente durante a penetração. Estima-se que pelo menos 75% da população sexualmente ativa já tenha sido exposta ao vírus. Estudos indicam que o homem pode ser um importante agente transmissor e propagador do vírus, contribuindo indiretamente para o alto número de neoplasias cervicais. 5,6

Pode ocorrer também, transmissão não sexual, por fômites (toalhas, roupas íntimas, etc.), materno-fetal podendo ser gestacional, intra e periparto ou, ainda, através de instrumentos ginecológicos não esterilizados adequadamente. 7, 9.

Alguns fatores epidemiológicos relacionados ao HPV são conhecidos, como: ser mulher, idade, múltiplos parceiros, início precoce da vida sexual, tabagismo, grávidas, portadoras de imunossupressão como o vírus da imunodeficiência humana, uso prolongado de anticoncepcionais orais, doenças sexualmente transmissíveis prévias, infecções genitais transmitidas ou não sexualmente, virulência viral, baixa ingestão de vitaminas A, C e E, predisposição genética, nível socioeconômico 8, 9, 10,12.

No mundo, estima-se que o número de mulheres infectadas pelo HPV chegue a 291 milhões e aproximadamente 80% das mulheres sexualmente ativas serão contaminadas por algum tipo do vírus até os 50 anos de idade. Estudos mostram que a população feminina na faixa dos 25 anos é mais acometida pela infecção, e, após essa idade, segue um padrão de linearidade 5,10.

O período de latência entre a infecção e o desenvolvimento de uma lesão (benigna ou maligna) é extremamente variável.12 A infecção pode ser evidenciada por condiloma acuminado ou condiloma exofítico. Normalmente são indolores, embora possam ocasionalmente apresentar prurido e sangramento, caso sofram algum traumatismo.9

Entre as doenças causadas pelo HPV, podemos destacar o câncer do colo do útero. Estudos multicêntricos confirmaram a presença do DNA do Papiloma Vírus em quase 100% dos epitélios dos carcinomas invasivos, levando à tese mundialmente aceita de que a infecção pelo vírus HPV é “causa necessária para o desenvolvimento do carcinoma invasivo”. Esse tipo de câncer representa a segunda causa mais comum de câncer em mulheres no mundo, com cerca de 471 mil novos casos com 233 mil mortes reportadas a cada ano, constituindo-se em um dos mais graves problemas de saúde pública. O vírus do HPV pode ainda estar relacionado à ocorrência de cânceres na região anal, vulvar,