História da medicina legal
Artigo: História da medicina legal. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ficher • 19/9/2014 • Artigo • 1.174 Palavras (5 Páginas) • 556 Visualizações
PREFÁCIO
De há muito conheço o Professor Delton Croce. Conheço-o como Médico
e como Professor na Faculdade de Direito de Bauru, onde perora há alguns anos.
T oda a experiência que os largos anos do exercício da Medicina lhe
proporcionaram e proporcionam foi por ele transportada para o magistério, onde,
ao lado do seu acendrado amor aos livros, se impôs pela sua cultura, pela sua
inteligência fulgurante, pela levidade do espírito, granj eando o respeito e a
admiração de seus colegas e de todo o corpo discente.
A Medicina Legal é ciência não muito conhecida. Entre nós, poucos se
dedicam ao seu estudo. Encontramos, no Império e na 1.ª República, algumas
monografias e estudos esparsos sobre temas de Medicina Legal, tais como a
Dactiloscopia no morto, de José Mariano de Campos, a Docimásia hepática, de
Violantino dos Santos, a Hematologia médico-legal, de Armando de Campos
Pereira, A dentada na identificação, de Almiro dos Reis, e vários artigos de
Rodrigues Dória, Junot Barreiros, dentre outros. Sobre a Medicina Legal,
propriamente, destacamos um velho trabalho do Dr. J. M. Moura Lacerda,
Instituições de medicina legal (1883), e de Souz a Lima, Tratado de medicina legal
(1894). Em seguida surgiram obras mais atualiz adas de Leonídio Ribeiro, Egas
Moniz Júnior, Afrânio Peixoto, Flamínio Fávero, Hélio Gomes, Almeida Júnior.
Os trabalhos de Flamínio e de Almeida Júnior, não obstante tenham surgido há
mais de meio século, continuam sendo indicados nas Faculdades. T al
circunstância demonstra tratar-se de ciência de poucos.
Ademais, o campo é árido. Exige conhecimentos teóricos e práticos não
somente da ciência de Hipócrates, como também do Direito Penal. Traz er para o
campo j urídico uma gama de conhecimentos teórico-práticos de fisiologia,
anatomia patológica, psicopatologia, psiquiatria pericial, tanatologia, sexologia,
psicologia forense, por exemplo, não é tarefa fácil. Exige, antes de mais nada,
uma sólida cultura médico-legal.
Por outro lado, como a matéria é pouco amena, Delton Croce soube, com
maestria, transmitir todo o rigor científico da ciência médica numa linguagem
suave, simples, elegante, que enleva e cativa, conduz indo o leitor a dar
continuidade à leitura. Assim, por exemplo, ao cuidar do “desej o obsessivo de
pertencer ao sexo oposto”, diz ele que “não há de ser a cirurgia mutiladora,
desnecessária e fixadora irreversivelmente da doença mental do transexual a
forma ideal de tratamento e cura da ansiedade de castração delirante, gerada de
enorme inferioridade sexual de um homossexualismo coibido e cuj o sentimento
de culpa é punido pela angústia. A cirurgia, além de mutilante e irreversível, não
transforma mulher em homem, nem homem em mulher, apenas satisfaz a
psicopatologia sexual do transexual”.
O Manual de medicina legal de Delton Croce não é, como o nome sugere,
um pequeno livro, com noções essenciais da matéria, mas um pequeno grande
livro. Ele não se limita a transmitir os conhecimentos médicos que interessam ao
mundo j urídico, aos estudantes, peritos, advogados, promotores e j uíz es, mas
procura, inclusive, em linguagem clara, em vernáculo escorreito e que em
nenhum momento descamba para o preciosismo ou prosaísmo, transfundir no
espírito do leitor, sem os ranços do passado, a sua experiência, as suas
observações e seu profundo conhecer a respeito dos fenômenos que interligam
Medicina e Direito.
V ej a a elegância como ele expõe certo período do psicossexualismo do
ser humano: “A
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