Os Cuidados Paliativos
Por: IannaKarla • 19/11/2017 • Artigo • 1.300 Palavras (6 Páginas) • 461 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
CURSO DE MEDICINA
ARTIGO DE OPINIÃO
TEMA: CUIDADOS PALIATIVOS
IANNA KARLA PEREIRA DOS SANTOS
MACAPÁ, 13/11/2017
Cuidados paliativos: o que são e o que é necessário para implementá-los
Sabemos que os cuidados paliativos têm como princípio melhorar a qualidade de vida do doente em condição de doença terminal, ou seja, trata-se de cuidados dirigidos a pacientes cujo tratamento curativo não é responsivo. Inicialmente os cuidados paliativos foram pensados para serem aplicados aos pacientes oncológicos, visto que se trata de uma condição que altera as mais diversas dimensões do seu portador e familiares. Posteriormente percebeu-se a possibilidade de aplicá-lo em portadores de outras condições crônicas que levam a terminalidade. É importante salientar que, como foi abordado na videoconferência ministrada pela Drº Ana Claudia Quintana aos alunos do curso de medicina da Unifap e profissionais da área da saúde, a terminalidade nada tem a ver com relação temporal, mas sim com estado clínico do paciente de forma que um indivíduo com doença terminal pode viver dias, bem como anos. Além disso, esse cuidado não se limita ao paciente, mas se entende também aos familiares envolvidos no processo de doença.
Em 1998 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu cuidados paliativos como “cuidados oferecidos por uma equipe interdisciplinar, voltados para pacientes com doença em fase avançada, ativa, em progressão, cujo prognóstico é reservado e o foco da atenção é a qualidade de vida”, ou seja, nada mais era que o último estágio do cuidar. No entanto, percebeu-se que os cuidados paliativos idealmente devem ser inseridos no tratamento do paciente o quanto antes, no início do curso da enfermidade e em conjunto com outras terapias. Então, o último conceito proposto pela OMS diz que “cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente a problemas associados à doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais”.
Para que os cuidados paliativos sejam aplicados de forma adequada, é essencial compreender e avaliar os indivíduos em sua totalidade compreendendo todas as suas dimensões, sendo elas físicas (cuidados centrados no doente e seus familiares; controle de sintomas), sociais (avaliar as necessidades sociais do indivíduo e sua família), familiares (suporte aos familiares que fazem parte do processo), espirituais/religiosas (reconhecer, respeitar as crenças dos pacientes e perceber sua importância no processo da doença) e emocionais (identificar os impactos provocados pela doença no indivíduo e em seus familiares e promover intervenções). Cada paciente apresenta suas particularidades, por isso a importância de uma avaliação individual para que sejam traçadas as melhoras formas de abordagem pra cada paciente.
Os cuidados paliativos têm como um de seus princípios valorizar a vida e considerar a morte como um processo normal. Esse pensamento ainda sofre muitos preconceitos em nosso meio, uma vez que a medicina é puramente curativa. Os acadêmicos de medicina são preparados ao longo do curso a instituir medidas que prolonguem a vida, evitando a morte a qualquer custo. Os médicos não são preparados ao longo de sua formação a lidarem com a morte, muito pelo contrário, ela é vista como um fracasso terapêutico. Daí surgem as diversas barreiras de implantação dos cuidados paliativos, que tenta mostrar que a morte nada mais é que um processo natural e que o paciente pode ser muito bem preparado para tal. Cuidados paliativos nem abrevia e nem prolonga a vida.
Ademais, o controle da dor e outros sintomas estressantes é pilar fundamental dentro dessa abordagem. Sabemos que a dor ocasiona uma série de dificuldades de interação social, comprometendo as relações do indivíduo e a capacidade de exercer suas atividades, além de provocar intenso estresse e fardo psicológico. Controlar a dor do paciente significa proporcionar importante melhora em sua qualidade de vida.
As doenças terminais estão diretamente ligadas a maiores índices de transtornos como ansiedade e depressão, que acabam muitas vezes por piorar a percepção de dor do paciente. Daí a importância de se considerar aspectos psicológicos e espirituais na abordagem dos cuidados, afinal o paciente quer ser tratado como um todo, e simplesmente ignorar dimensões faz com que essa abordagem se torne incompleta. Ainda há muitas dificuldades por parte dos médicos em compreender a importância da espiritualidade, fé e religiosidade no tratamento de seus pacientes. Mais uma vez, muito disso se deve a falta de preparo na formação acadêmica, focada apenas nas dimensões físicas dos indivíduos. Contudo, já ficou comprovado que a espiritualidade é uma grande aliada na melhora da qualidade de vida dos pacientes. Apesar disso, é fundamental respeitar a autonomia do indíviduo. Adentrar em dimensões tão particulares requer não só preparação por parte dos profissionais, mas também o desejo do paciente de permitir que essa dimensão também seja explorada em sua abordagem de cuidados.
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