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Perfil De Fisioterapeutas Brasileiros Que Atuam Em Unidades De Terapia Intensiva

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Por:   •  13/10/2014  •  3.756 Palavras (16 Páginas)  •  624 Visualizações

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RESUMO: Este estudo visou investigar o perfil dos fisioterapeutas que atuam nas unidades de terapia intensiva (UTIs) no Brasil, focalizando a direção do serviço, técnicas fisioterapêuticas empregadas e nível de autonomia em relação à ventilação mecânica invasiva e não-invasiva. Questionários foram enviados aos chefes dos serviços de fisioterapia de 1.192 hospitais registrados na Associação Médica de Terapia Intensiva, com retorno de 461 (39%) UTIs. Em 88% destas, os serviços são chefiados por fisioterapeutas; em 78%, compostos por até oito fisioterapeutas; 44,4% dos fisioterapeutas trabalham em regime de 30 horas semanais e 46,1% têm contrato de trabalho. Há assistência fisioterapêutica durante 24 horas em 33,6% das UTIs; 88% delas mantêm assistência nos finais de semana. Quanto às técnicas fisioterapêuticas, todos realizam mobilização, posicionamento e aspiração; 91,5% atuam na ventilação não-invasiva, sendo que 43% trabalham com total autonomia. Em relação à ventilação mecânica invasiva, 80% realizam extubação; 79,2% realizam regulagem e desmame do ventilador; entretanto, só 22% têm total autonomia (78% necessitam de protocolo ou opinião da equipe médica). Os fisioterapeutas brasileiros atuam, em sua maioria, em instituições privadas e assistenciais, cujos serviços são chefiados por fisioterapeutas. Têm relativa autonomia quanto às técnicas fisioterapêuticas e o manuseio da ventilação mecânica não-invasiva mas, no caso da invasiva, atuam sob diretiva da equipe médica. DESCRITORES: Serviço hospitalar de fisioterapia/estatística & dados numéricos; Unidades de terapia intensiva

ABSTRACT: The purpose of this study was to outline a profile of physical therapists who work in intensive care units (ICU) in Brazil, focusing on service management, techniques used, and the degree of therapists’ autonomy regarding invasive and non-invasive mechanical ventilation. Questionnaires were sent to the heads of physical therapy (PT) services of 1,192 hospitals registered at the Brazilian Intensive Care Medicine Association and 461 (39%) ICUs replied. In 88% of these, PT services are headed by physical therapists and up to eight therapists work in 78% of the ICUs. Therapists work 30 hours a week in 44.4% of the units; 46.1% are formally hired. PT 24-hour assistance is available in 32.8% of the ICUs and on weekends, in 88%. Concerning PT techniques, all therapists perform mobilization, positioning, and aspiration; 91.5% play an active role in non-invasive ventilation, with 42.5% working with full autonomy. As to invasive mechanical ventilation, 80% perform extubation, 79.2% adjusting and weaning; however, only 22% have full autonomy (the others requiring physicians’ protocol). Brazilian physical therapists work mostly in private institution ICUs, in services headed by physiotherapists, and have relative autonomy in handling PT techniques and non-invasive mechanical ventilation; as to invasive mechanical ventilation, most depend on protocols or discussions with a physician. KEY WORDS: Intensive care units; Physical therapy department, hospital/ statistics & numerical data

Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.15, n.2, p.177-82, abr./jun. 2008ISSN 1809-2950

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas as unidades de terapia intensiva (UTIs) têm se torna- do uma concentração não somente de pacientes críticos e de tecnologia avançada, mas também de uma equi- pe multiprofissional experiente com competências específicas1. O profis- sional fisioterapeuta, como integran- te desta equipe, necessita cada vez mais de aprimoramento e educação especializada para fazer frente ao avanço dos cuidados intensivos. Em países desenvolvidos, a função do fi- sioterapeuta depende de muitos fato- res, como a própria característica da inserção da Fisioterapia em cada país, a tradição, o nível do curso de gradu- ação, treinamento e competência2. Embora existam poucos relatos na li- teratura sobre o perfil e a atuação pro- fissional fisioterapêutica em UTIs, Norremberg et al.1 estudaram esse as- sunto em 17 países da Europa Ociden- tal e, apesar do número pequeno de respostas, constataram que havia di- versidade quanto à função do fisiote- rapeuta e às técnicas empregadas. Outros estudos demonstraram que es- sas diferenças dependem também do número de profissionais fisioterapeu- tas exercendo funções2-4. No Brasil, embora os fisioterapeutas estejam cada vez mais presentes nas UTIs, sua atuação difere em cada instituição, não estando suas competências bem definidas. Diferentemente de outros profissionais, como médicos e enfer- meiros que, tradicionalmente têm suas funções já consagradas devido à his- tórica existência5,6, a fisioterapia é uma profissão que só recentemente foi reconhecida no Brasil. Em nosso meio, a inserção do fisioterapeuta em UTI começou no final da década de 1970 e sua afirmação como integrante da equipe de assistência intensiva tem sido progressiva. Embora a aplicação das técnicas fisioterapêuticas se faça por profissionais da área e o processo educacional e de treinamento em te- rapia intensiva seja divulgado em todo o país, não se conhece a real inser- ção do fisioterapeuta nessa área de especialidade. Existem no Brasil mais de 1.500 unidades de terapia intensi- va cadastradas na Associação de Me-

dicina Intensiva Brasileira (Amib), com diferentes características e, pos- sivelmente, com fisioterapeutas aí tra- balhando. Porém, é difícil analisar as práticas assistenciais fisioterapêuticas e as responsabilidades assumidas por esse profissional sem dimensionar e caracterizar as condições da fisiote- rapia nas várias UTIs brasileiras.

Assim, justifica-se a realização des- te estudo sobre o perfil do fisiotera- peuta que atua nesse ambiente hospi- talar para que, com base na realidade constatada, possam ser postas em práti- ca perspectivas quanto à profissiona- lização e à educação na área da Fisiote- rapia em Terapia Intensiva. O objeti- vo deste estudo foi delinear o perfil dos fisioterapeutas que atuam nas uni- dades de terapia intensiva, focalizan- do aspectos administrativos, as técni- cas fisioterapêuticas empregadas e o nível de autonomia em relação à ven- tilação mecânica invasiva e não- invasiva, bem como características das UTIs.

METODOLOGIA

Este estudo foi aprovado pelo Co- mitê de Ética em Pesquisa da Divisão Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universi- dade de São Paulo. Caracteriza-se como uma pesquisa de campo, pros- pectiva, transversal, com abordagem predominantemente quantitativa.

O instrumento utilizado

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