Sorologia Hepatite A
Artigo: Sorologia Hepatite A. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Karlagine • 1/5/2014 • 2.008 Palavras (9 Páginas) • 484 Visualizações
Introdução
Até o presente momento, são descritos cinco vírus hepatotrópicos (que lesam primariamente o fígado), listados na tabela 1. Por apresentarem prevalência e incidência expressivas e por se associarem a morbidade e mortalidade significativas, as hepatites virais constituem problema grave de saúde pública.
Tabela 1 – Características dos vírus hepatotrópicos
Hepatite A B C D E
Vírus HAV HBV HCV HDV HEV
Família Picornaviridae Hepadnaviridae Flaviridae Indefinida Caliciviridae
Tamanho 27 nm 42 nm 30 a 60 nm 40 nm 32 nm
Genoma RNA DNA RNA RNA RNA
Transmissão Fecal-oral Parenteral
Sexual
Perinatal Parenteral
Perinatal
Sexual (rara) Parenteral
Sexual (?) Fecal-oral
Evolução para hepatite crônica Não <10% 50% a 85% 2 a 70% Não
Diagnóstico das hepatites virais
Considerando-se o fato de que resultados falso-positivos e falso-negativos dos testes sorológicos não são raros, o diagnóstico das hepatites virais não deve ser baseado exclusivamente na interpretação dos marcadores sorológicos, mas deve ser feito pela avaliação conjunta de eventuais antecedentes epidemiológicos (exposições de risco) e de achados clínicos e bioquímicos. Os marcadores sorológicos das hepatites A, B e C consistem de antígenos e anticorpos específicos para cada vírus e que são pesquisados por ensaios imunoenzimáticos. Estes marcadores serão descritos a seguir.
Sorologia para a hepatite A?
Embora o antígeno do HAV (HAVAg) possa ser detectado nas fezes dos indivíduos infectados desde o período de incubação até 10 dias após o início dos sintomas, sua pesquisa não é disponível na prática clínica. Desta forma, o diagnóstico da hepatite A é feito pela identificação dos seguintes anticorpos:
Anti-HAV IgM
Indica infecção aguda pelo HAV. Está positivo desde o início do quadro clínico e persiste detectável até 4 a 6 meses após o mesmo. Nas formas recorrentes e prolongadas, mais comuns em indivíduos infectados na vida adulta, pode permanecer positivo por até 12 meses.
Anti-HAV total (ou IgG)
O anticorpo anti-HAV IgG surge logo após o aparecimento do anti-HAV IgM, torna-se o anticorpo predominante na fase de convalescença e persiste detectável por toda a vida. O teste habitualmente disponível detecta não apenas os anticorpos da classe IgG, mas também os das classes IgM e IgA. Assim, é usado como um marcador de contato prévio com o HAV, indicando também a presença de imunidade contra o vírus (natural ou vacina-induzida). Indivíduos com anti-HAV total negativo são susceptíveis à infecção pelo HAV e, assim, são candidatos à vacinação.
Sorologia para a hepatite B
São três os sistemas de antígenos (Ag) e de anticorpos associados à infecção pelo HBV
Sistema S – HBsAg e anti-HBs
A presença do HBsAg indica infecção pelo HBV, aguda ou crônica. Nas infecções agudas, é o primeiro marcador a se positivar, 2 a 6 semanas antes dos sintomas e da elevação das aminotransferases. Nas infecções agudas que evoluem para cura, a negativação do HBsAg ocorre entre 4 e 6 meses após o início do quadro, seguida pela positivação do anti-HBs (a chamada soroconversão do sistema S). A presença de HBsAg detectável por período superior a 6 meses define a infecção crônica pelo HBV. Já a presença de anti-HBs habitualmente significa imunidade à infecção pelo HBV, obtida por resolução espontânea da doença ou induzida por vacina. Indivíduos com imunidade induzida por vacina possuem o anti-HBs como único marcador positivo.
Sistema E – HBeAg e anti-HBe
Nas infecções agudas, o HBeAg surge logo após o HBsAg, entre o fim do período de incubação e os primeiros dias da fase clínica. Quando há resolução espontânea de uma infecção aguda, ocorre negativação do HBeAg e positivação do anti-HBe (soroconversão do sistema E), a qual é seguida pela soroconversão do sistema S. A ausência de soroconversão do sistema E até 12 semanas de uma infecção aguda sugere evolução para a forma crônica da doença. Nas infecções crônicas, a presença de HBeAg indica alta atividade replicativa (cargas virais elevadas). Portadores crônicos do HBV com HBeAg negativo geralmente apresentam anti-HBe positivo, replicação viral inexpressiva e atividade necroinflamatória à histologia, sendo chamados de portadores inativos do HBV. Entretanto, uma parcela considerável dos indivíduos com este perfil sorológico exibe cargas virais elevadas e doença hepática em atividade. Estes pacientes apresentam mutações do genoma do HBV que não permitem a expressão do HBeAg, embora mantenham capacidade replicativa. Este padrão de comportamento sorológico caracteriza a hepatite B crônica HBeAg-negativa, a qual vem mostrando prevalência crescente em todo o mundo, sendo a forma predominante de hepatite B crônica em alguns países como Itália, França e Grécia.
Sistema C – HBcAg e anti-HBc
O HBcAg é denominado antígeno central ou antígeno do core. Ele não é habitualmente detectável no soro, mas apenas no tecido hepático, por técnicas de imuno-histoquímica. Por outro lado, seu anticorpo, o anti-HBc, é facilmente detectável no soro, indicando contato com o HBV. Se o anti-HBc da classe IgM for positivo, o contato é considerado recente, já que surge nas infecções agudas cerca de 1 a 2 semanas após o HBsAg e aproximadamente 1 a 2 semanas antes da elevação das aminotransferases. Se o anti-HBc IgM for negativo mas o anti-HBc IgG (ou total) for positivo, sugere-se contato remoto com o HBV. Nas infecções agudas pelo HBV, no intervalo entre a negativação do HBsAg e a positivação do anti-HBs (conhecido como janela imunológica), o anti-HBc IgM pode ser o único marcador sorológico indicativo de infecção pelo vírus B.
A tabela 2 mostra o comportamento destes marcadores sorológicos nos principais contextos.
Tabela 2 – Perfis sorológicos na infecção pelo HBV
Marcador HBsAg anti-HBc anti-HBs HBeAg anti-HBe
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