Trabalho de práticas obstétricas: Infecção urinária e gravidez
Por: Cristiane Becker de Carvalho • 17/1/2017 • Trabalho acadêmico • 3.375 Palavras (14 Páginas) • 407 Visualizações
Nome: Cristiane becher de Carvalho DRE: 112207910
Trabalho de práticas obstétricas:
Infecção urinária e gravidez
Infecção do trato urinário (ITU) é definida por qualquer presença e replicação bacteriana no trato urinário provocando dano aos tecidos correlacionados .Ela recebe uma atenção maior na gravidez, pois nesse período há maior probabilidade de complicações , agravando tanto o prognóstico materno quanto o perinatal. Além de a incidência de quadros sintomáticos entre grávidas ser maior e as possibilidades terapêuticas com agentes antimicrobianos e os esquemas profiláticos serem mais restritos, devido os riscos de toxicidade de alguns fármacos para o embrião/feto e para a placenta.
A incidência de ITU na gestação é de 20 casos para cada grupo de 100 gestantes no Brasil, sendo considerado a intercorrência mais comum desse período. Normalmente ela é dividida em Bacteriúria Assintomática (2-10% dos casos), ou Quadro Sintomático como cistite, uretrite e pielonefrite (superiores a 90% dos casos).
É imprescindível diagnosticar a ITU na gestação precocemente, bem como usar uma abordagem terapêutica imediata, adequada e com alta eficácia, durante a assistência pré-natal, visando redução dos riscos potenciais, permitindo um melhor prognóstico gestacional e materno.
As mudanças anatômicas e fisiológicas que ocorrem no trato urinário durante a gestação predispõem a transformação de mulheres bacteriúricas assintomáticas em gestantes com ITU sintomáticas, nesse período também ocorre uma busca mais ativa de patógenos o que deixa a impressão de que o número de infecções urinárias é maior neste período da vida.
Fatores como atividade sexual, paridade, suscetibilidade individual, baixo nível socioeconômico e idade podem aumentar a frequência de acometimento pela BA. Além disso, algumas morbidades contribuem para o aumento de casos entre gestantes; são elas: hemoglobinopatias, anemias, hipertensão arterial, diabetes mellitus, anormalidades do trato urinário e tabagismo.
É muito importante ter em mente que a grande maioria das gestantes bacteriúricas já possuía essa infecção no momento da concepção. E que é observado que até 30% dessas mulheres desenvolvem infecção urinária sintomática durante a gestação. Dessa maneira, Kass, em 1962, trouxe para a assistência pré-natal a preocupação com a BA, sendo que essa infecção é um dos mais importantes fatores predisponentes de pielonefrite gestacional.
Assim sendo, deu-se início à preocupação de diagnosticar precocemente esta forma de infecção já no primeiro trimestre da gravidez, na tentativa de evitar as complicações, dentre elas, a pielonefrite e as próprias complicações perinatais. O diagnóstico e o tratamento da Bacteriúria no início da gravidez poderiam prevenir cerca de 10-20% dos partos pré-termo e reduzir o número de nascidos vivos com baixo peso.
Etiologia: A Escherichia coli é o patógeno mais comumente encontrado nos casos de ITU na gestação, sendo responsável por aproximadamente 80% dos casos. Outras bactérias aeróbias Gram-negativas são responsáveis pela maioria dos casos restantes, destacando-se: Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e bactérias do gênero Enterobacter. Embora menos frequentes, algumas bactérias Gram-positivas também podem causar ITU, como Staphylococcus saprophyticus e Streptococcus agalactiae.É importante destacar que mais de uma espécie bacteriana pode crescer na urocultura, entretanto isso deve servir de alerta para a possibilidade de contaminação da amostra durante a coleta da urina.
Formas clínicas
Bacteriúria assintomática(BA):É caracterizada pela colonização bacteriana do trato urinário sem a presença de nenhuma manifestação clínica, necessitando de exame laboratorial microbiológico para sua caracterização . Se define por duas uroculturas consecutivas com mais de 105 colônias/mL de urina de jato médio, com um único tipo de bactéria. As bactérias associadas à BA são aquelas provenientes da flora normal do sistema gastrointestinal, vagina e área periuretral.
Para realização do diagnóstico de BA a anamnese pode ser um fator auxiliar, uma vez que permite identificar fatores de risco par ITU em gestantes. Contudo, uma vez que há ausência de sinais e sintomas, o diagnóstico de BA só é fechado quando a urocultura de duas amostras urinárias, com técnica asséptica, obtidas em tempos distintos for positiva. Já é nosso domínio que o cultivo de amostra única pode fornecer resultado falso-positivo em até 40%.
O tratamento pode ser feito por via oral e pode se estender por 7 dias, visto que a paciente é uma gestante. No entanto, existem controvérsias sobre duração do tratamento entre os especialistas, alguns recomendam o curso de apenas 3 dias.
Os antimicrobianos mais utilizados são:
* Cefuroxima 250 mg a cada oito horas;
*Norfloxin 400 mg a cada doze horas;
*Nitrofurantoína 100 mg a cada seis horas;
*Sulfametoxazol/Trimetoprim 320/1600 mg uma vez ao dia.
A Ampicilina e a Cefalexina vêm caindo em desuso devido às altas taxas de resistência bacteriana.
Em razão de seu efeito teratogênico, o uso de quinolonas em gestantes não é recomendado, a menos que a infecção ocorra por microrganismos resistentes. Nesses casos, podem ser utilizadas ciprofloxacina 250 mg duas vezes ao dia ou levofloxacina 250 mg duas vezes ao dia.
É obrigatório o acompanhamento contínuo após a terapia antibiótica para detectar a bacteriúria recorrente, através da realização de urinocultura a cada 4-6 semanas. É comprovado que cerca de 30% das pacientes diagnosticadas com BA apresentam recorrência, sendo tratadas de acordo com o antibiograma. Caso a paciente apresente Bacteriúria assintomática persistente, há necessidade de tratamento supressivo contínuo durante toda a gravidez, com nitrofurantoína, 100 mg em dose única após o jantar.
Bacteriúria sintomática:
URETRITE: A Uretrite pode ser definida como acometimento uretral por infecções bacterianas, virais, outros germes patogênicos e por ação traumática (corpos estranhos, sondas, dentre outros). Sendo os sintomas mais frequentes disúria e polaciúria,em alguns casos podem surgir urgência para urinar, corrimentos e até mesmo febre (sinal de gravidade), porém sendo esses menos frequentes. Na gravidez destacam-se casos de uretrite bacteriana, sendo que em muitos casos elas podem apresentar bacteiriúria não significativa. Por isso torna-se necessária uma correta e precisa análise correlacionando os achados clínicos e laboratoriais
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