O Desperdicio alimentar
Por: Mariana Viotto • 25/3/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 6.683 Palavras (27 Páginas) • 356 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do homem na face da Terra caminha paralelamente á história da alimentação e nutrição. A incorporação dos alimentos foi elemento fundamental na integração e formação das sociedades (BRADACZ, 2003).
A comida está associada ao estado físico e psicológico do ser humano e sobre ela se refletem suas emoções e expectativas (BRADACZ, 2003).
O homem se alimenta com a finalidade de nutrir o corpo para que as funções básicas possam ser administradas corretamente. Uma alimentação balanceada durante toda a vida garante bem estar físico e mental além de longevidade (GONÇALVES, 2009).
As frutas e hortaliças são essenciais para o organismo humano devido aos teores de micronutrientes (vitaminas e minerais) que auxiliam na manutenção das funções do corpo e previnem doenças degenerativas, câncer e doenças cardiovasculares (RORIZ, 2012).
O consumo de hortaliças e frutas no Brasil, segundo o estudo “Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por Inquérito Telefônico” – o (Vigitel, 2013) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) é muito baixo, perfazendo somente entre 3 a 4 % do valor energético total, ou seja, menos da metade considerada protetora para a população.
O aumento das doenças crônicas não transmissíveis é fato no Brasil e no mundo e segundo o relatório de 2002 do World Health Organization (WHO), o baixo consumo de verduras e frutas foi responsável pela morte de 2,7 milhões pessoas (WHO, 2002). Em 2014, a Food and Agriculture Organization of The United Nations (FAO) reitera o baixo consumo, citando o trabalho realizado pelo IBGE conhecido como Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) que revelou que o consumo de hortaliças e frutas é ainda menor nas classes de renda menos favorecidas. Desta forma, constatou-se que quanto mais pobre a população menor o consumo de alimentos saudáveis (FAO, 2014).
Sabe-se que 1,3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas ao ano no mundo, a cada ano os alimentos produzidos mas não consumidos utilizam um volume de água equivalente ao fluxo anual do rio Volga na Rússia que é considerado o rio mais longo da Europa e são responsáveis pela emissão de 3,3 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera do planeta (FAO, 2013), e que muitos destes alimentos constituem-se de hortaliças e frutas.
No Brasil são desperdiçados aproximadamente 70 mil toneladas de alimentos diariamente, são perdidos 12 bilhões de reais por ano com o desperdício o que o torna segundo SILVA et al (2009) um dos lixos mais ricos do mundo sendo considerado o país do desperdício.
Diante do baixo consumo de verduras e frutas e do desperdício observado em muitos domicílios, este trabalho teve por finalidade observar em uma parcela da população do bairro Rosa Cruz de Mogi Guaçu - SP, o desperdício de alimentos e a sua potencial utilização na alimentação humana no intuito de melhorar o aporte nutricional dos indivíduos moradores destes domicílios.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Desperdícios de alimentos
Todos os anos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) são perdidos 1,3 bilhão de toneladas de alimentos. Assim, não se desperdiça apenas alimentos, mas também a mão de obra de trabalhadores rurais, a água, o adubo para recuperar e conservar a fertilidade do solo e o combustível (BRASIL, 2013).
Os desperdícios de alimentos veem desde a produção, seguido do meio de transporte, comercialização, sistema de embalagem, armazenamento e consumo (RICARTE, et al 2008).
O caminho do desperdício começa na produção agrícola que podem ser de natureza do solo, problemas meteorológicos como a chuva, o sol e o vento e problemas biológicos. No manuseio, armazenamento, transporte e processamento as perdas de alimentos são comuns porque parte da matéria-prima chega danificada. Os alimentos que passam intactos pelos processos anteriores tem que chegar com aparência atrativa para o consumidor aos supermercados, feiras livres e outros pontos de vendas. No entanto, não é isso que ocorre na maioria das vezes, pois muitos desses alimentos chegam amassados, machucados e murchos e o destino deles é o descarte pelo comercio. Antes de chegar ao consumidor final são desperdiçados em média 50% desses alimentos (BRASIL, 2013).
O Brasil está classificado entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo. O desperdício no país é resultado de falhas nos processos de produção. Atualmente no Brasil toneladas de alimentos vão para o lixo diariamente, desperdício gerado por mercados, restaurantes, feiras livres, fabricas e residências. O consumidor final é quem paga pelo desperdício, os preços aumentam de acordo com o que se é perdido no processo de fabricação e colheita, quanto maior o consumo maior o desperdício (GOULART, 2008).
Muitas vezes a falta de informação sobre o aproveitamento dos alimentos e seus princípios nutritivos ocasiona o desperdício de toneladas de recursos alimentares. Atualmente no mundo, segundo a FAO, são desperdiçados cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano, porém 300 milhões de toneladas poderiam alimentar 870 milhões de pessoas segundo o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva (PNUMA, 2013).
A Secretaria da Agricultura realizou uma pesquisa analisando o consumo de comida comprada por uma dona de casa e concluiu que 30% se destinam ao lixo. Dados de especialistas em coleta urbana estimam que cada morador de cidades produza um quilo de lixo por dia. Desse total, 50% a 70% seriam de alimentos (BRADACZ, 2003). Cerca de 60% dos alimentos adquiridos pelos consumidores para sua residência vão para o lixo (ROCHA, et al 2009).
2.2 Reaproveitamento de alimentos
Através do aproveitamento integral dos alimentos é possível reduzir o desperdício, diminuir os gastos com a alimentação e melhorar a qualidade nutricional das preparações com alimentos que não são de habitual consumo das pessoas como casca, folhas, talos e sementes (LELIS, 2013).
Mudar a realidade do desperdício de alimentos é mudar valores sociais, adicionando à prática da culinária, economia com sabor e qualidade (VILHENA et al., 2007).
O nutricionista tem o dever de conscientizar a população sobre o uso correto dos alimentos. O aproveitamento integral dos alimentos tem como foco principal complementar as refeições e reduzir os custos (GONÇALVES, 2009).
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